14 - Ele deu em cima de você.

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🖇 | NOAH U.

Any Soares era inacreditável. Mesmo depois de uma noite de sexo como a que tivemos, ela ainda teve energias para me atacar na manhã seguinte como se nada tivesse acontecido. Aquilo me irritou e eu prometi a mim mesmo que não pensaria mais nela dessa forma, por mais quente que tivesse sido, por mais deliciosa que ela fosse. Acima de tudo, eu tinha que ter respeito pelo meu orgulho.

Não era a minha intenção achar alguém com quem criar atrito dentro da empresa, isso ia totalmente contrário à minha ideia inicial. Eu pretendia ser um chefe legal, pretendia fazer o ambiente ser mais amigável, um lugar para onde as pessoas gostassem de ir e fossem para fazer o que gostam sem ter que lidar com a dor de cabeça da competição. Sem querer, eu mesmo me vi competindo com uma funcionária e o pior era que eu nem precisava disso! Eu era o chefe, eu decidia as coisas, eu tinha controle sobre o meu trabalho e o trabalho de todos. Ainda assim, Any me tirava do sério.

Quando ela saiu da minha sala, soltei uma risada frustrada, tomado pela incredulidade da existência de uma mulher tão difícil e tão cabeça dura. Tudo tinha que ser do jeito dela e não importava o que eu dizia, para ela eu sempre estava errado. O pior era que teríamos um segundo round à tarde, mas pelo menos Joseph estaria lá também para intervir caso ela tentasse enfiar uma caneta na minha traqueia.

Resolvi ir até o refeitório buscar um café eu mesmo, tinha que caminhar um pouco para deixar a irritação de lado. Parei antes de chegar à entrada quando ouvi a voz dela dizendo o meu nome e fiquei irritado no mesmo instante. Ela tinha que falar mal de mim o dia todo como se sua vida dependesse disso?

— Simplesmente não dá pra trabalhar com o Urrea! — falou com tom de raiva. — Mais um mês disso e eu juro que vou ter um infarto de ódio.

— Amiga, eu acho que você precisa se acalmar e melhorar a sua rotina. — ouvi Sofya dizer. — Está pálida e eu até acho que você emagreceu. Tem dormido direito?

— Dormir direito é para os desocupados.

— Come essa barra de cereal antes que a Sofya a enfie na sua goela. — Lamar disse. — E eu estou quase fazendo isso para parar de ouvir sobre como você odeia o nosso chefe. — bufou. — A gente sabe, a gente ouve, a gente vê, a gente até sente o cheiro desse ódio.

— Há quanto tempo você vem se sentindo mal? — Sofya perguntou com a voz preocupada.

— Umas duas, três semanas? Não sei. — Any suspirou. — Cheguei até a vomitar na última semana. — depois que ela disse isso fez-se silêncio. — Não, não, não. — repetiu.

— Qual foi a última vez que você transou? — Lamar questionou.

Mais silêncio. Ela iria responder? Iria contar sobre nós?

— Eu não estou grávida! — ela afirmou, fugindo da questão sobre o sexo. — Eu uso DIU desde que comecei a namorar com o Michael.

— Nenhum método contraceptivo é cem por cento eficaz. — Sofya disse.

— Meu Deus! — Any bufou. — Me dá a droga dessa barrinha.

Parecia que ela ia sair do refeitório, então eu caminhei como se tivesse acabado de chegar ali. Esbarrei de frente com ela na porta e Any deu um passo para trás pelo impacto em meu peito, enquanto eu não me movi. Ela olhou para mim e franziu a testa, depois desviou o caminho e saiu resmungando coisas que eu não entendi.

— Bom dia. — cumprimentei Lamar e Sofya.

— Bom dia. — os dois disseram ao mesmo tempo.

Enquanto preparava um expresso, troquei algumas palavras com os dois sobre coisas banais. Era notável a diferença entre aquela interação e as interações que eu tinha com a Any. Me perguntei se todos os problemas seriam resolvidos se eu apenas a demitisse, mas eu não podia sonhar tão alto. Ela era boa, precisávamos dela e ela sabia disso, por isso não se importava de ser grossa demais comigo. E na verdade, mesmo com ela me fazendo ter vontade de arrancar os cabelos, eu não queria demiti-la.

Call Me When You Want ⁿᵒᵃⁿʸOnde histórias criam vida. Descubra agora