Capítulo 7

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Eu havia acabado de sair do banho quando recebi uma mensagem dele. O relógio marcava 18:12 e eu deveria me encontrar no endereço designado às 19:30. Vesti um jeans casual, uma camiseta branca e coloquei uma jaqueta preta por cima. Quando comecei a arrumar o coque, recebi uma nova mensagem dele:

"Não se disfarce de nerd esquisita. Não vai precisar!"

"Ok!", enviei minha primeira resposta.

Soltei o coque que estava fazendo, penteei meus longos cabelos pretos e fiz uma maquiagem bem básica. Ignorei os óculos que estavam sobre a mesa e desci para a cozinha, onde me deparei com minha avó e minha tia preparando o jantar.

— Estou de saída. — falei-lhes. Minha tia foi a primeira a se virar e fazer comentários.

— É você mesmo, Eliza? Roupas que se ajustam ao corpo, cabelos soltos e arrumados, e maquiagem? Vai sair com algum garoto?

— Vou encontrar um colega — admiti. — Mas não é nada do que está pensando.

— Coma algo antes de ir — disse minha avó.

— Obrigada, mas prefiro comer quando voltar. Não pretendo me demorar. Tia, me empresta o seu mapa?

Pois é... infelizmente Siram é tão atrasado que não há mapeamento online. Após constatar que o endereço em questão não ficava tão longe daqui, decidi que faria uma caminhada pela noite. Havia algum tempo sobrando. Coloquei um cachecol grande para tampar levemente a parte inferior do meu rosto, um par de luvas de lã preta que ganhara da minha avó no ano passado e saí. O vento estava gelado, mas a sensação do frio me ajudava a relaxar.

Algumas pessoas me cumprimentaram na rua enquanto eu passava. Era uma noite calma e agradável. Enquanto aguardava na faixa de pedestres um momento para atravessar, um carro preto modelo esportivo parou. Embora eu não conseguisse ver o motorista, assenti em agradecimento e atravessei. Tive a sensação de estar sendo seguida com o olhar, mas a impressão passou quando vi o carro acelerar com tudo após a minha passagem. Comecei a sentir que não seria reconhecida tão facilmente quanto imaginava.

Quando estava prestes a tirar o mapa do bolso para verificar novamente a localização, ouvi uma música conhecida ecoando suavemente não muito longe dali. Guardei o mapa e segui o som, que me conduziu até uma charmosa casa de dois andares. Tentei espiar pelas cortinas da janela de onde o som emanava mais alto. Parecia ser um estúdio, onde a banda inteira estava ensaiando.

Nicolas estava no centro, tocando violão e cantando. Liam estava ao lado dele tocando guitarra e cantando como segunda voz. Por trás, Jonathan na bateria e Maxsuel no baixo, enquanto Annie estava ao lado de Liam tocando teclado. E eu pensando que a banda era do Liam...

Fiquei em dúvida se deveria tocar a campainha da frente ou esperar o ensaio acabar. Em meio aos meus devaneios, a música parou e percebi Nicolas olhando na minha direção. Eu tinha sido flagrada!

Os colegas não entenderam quando ele deixou o violão no suporte e disparou dali. Pouco tempo depois, a porta da frente da casa se abriu e ele me chamou entusiasmado:

— Vem! Chegou cedo.

— Desculpe atrapalhar o ensaio. — disse enquanto passava por ele. O interior da casa era elegante, mas ao mesmo tempo aconchegante.

— Bem-vinda à minha casa! Sinta-se à vontade!

— Obrigada! — respondi, mas sem segui-lo. Estava relutante em aparecer com meu estilo normal na frente dos outros. Como se estivesse lendo meus pensamentos, ele tentou me acalmar.

— Não se preocupe, ninguém vai te reconhecer. Não precisa mais usar o disfarce de nerd esquisita.

— Você me reconheceu — rebati, olhando-o diretamente nos olhos. Ele respirou fundo ao se aproximar e tirou meu cachecol, colocando-o no cabide próximo à porta de entrada.

— Provavelmente fui o único no clã que já te viu pessoalmente, e o que finalmente me fez perceber não foi apenas seu perfil, mas também o seu cheiro. — explicou.

— Meu cheiro? — perguntei, confusa.

— Eu estava na segunda fileira do show naquele dia. Quando a multidão invadiu o palco, fui empurrado para frente e pude notar de perto seus traços faciais e sentir seu cheiro. Quando me sentei ao seu lado no seu primeiro dia de aula, notei o cheiro estranhamente familiar, — ele deu um riso fofo — o que, admito, me deixou irritado naquele momento, e eu não entendia o porquê. Todas as peças se encaixaram naquele incidente. Sem os óculos e com o cabelo solto, seus traços ficaram mais evidentes. Você estava tão perto de mim que não pude deixar de sentir seu cheiro com mais intensidade, e foi graças à soma dos dois que finalmente percebi quem você é. Mesmo agora, mesmo tendo visto a Lisa pessoalmente, eu não te reconheceria se não fosse pelo seu cheiro, então não precisa se disfarçar.

Ele se abriu completamente para mim, expondo tudo sem rodeios e com sinceridade. Ponderei por alguns segundos, ainda indecisa. De fato, criei um perfil completamente diferente para a Lisa. Eu usava uma peruca loira comprida com pontas cacheadas, em contraste com o meu cabelo natural longo, preto e liso. Também usava maquiagem pesada para alterar alguns traços faciais e parecer mais velha, além de lentes de contato castanhas para disfarçar meus olhos esverdeados.

— Ok. — Respondi sucintamente. Sempre adotava um tom sério e monótono como Eliza, enquanto deixava florescer na Lisa a personalidade alegre e espontânea da minha loba. Talvez ele tivesse razão.

— Eliza, eu... — Ele interrompeu o que estava dizendo ao ouvir passos se aproximando.

— Nicolas, onde você foi? O pessoal está esperando. O que... — Maxsuel parou o que estava dizendo e me encarou por completo, desnorteado. Meu coração saltou em meu peito enquanto eu acreditava ter sido reconhecida. 

Destino: O herdeiro Alfa (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora