Destino: O herdeiro Alfa (Em Revisão)

Capítulo 78

As semanas foram se passando muito rápido desde que me tornei uma instrutora. As coisas mudaram demais em pouco tempo. Na escola, acabei me tornando a garota mais popular. Todos sorriam e me cumprimentavam quando eu passava e encontrar bilhetes secretos no meu armário se tornou algo comum. Eu geralmente os jogava fora sem os ler.

Annie e eu conversávamos como sempre, entre nós parecia que nada tinha mudado. Soube por ela que o avô de Lorraine tinha sido afastado após o episódio do exame e outro professor mais jovem o substituiu. Por mais ódio que Lorraine pudesse estar sentindo, ela não ousou mais me perturbar dada a minha posição atual.

As aulas de Caroline seguiam como de costume bem como minhas idas até a cachoeira. Quanto a ter que ir para a zona de treinamento, não precisei ficar gastando com táxi. Liam sempre dava carona para mim e Jonathan na ida e na volta. Rapidamente ganhei o respeito e confiança de todos os aprendizes.

No início, a maioria parecia procurar a mim para receber as instruções, mas quando viram como eu pegava pesado, muitos começaram a me evitar. Apesar disso, uma parcela considerável permaneceu pegando instruções comigo, acredito que são os que, de fato, queriam ficar fortes independentemente do custo disso. Lisa sempre se divertia quando os ouvia me chamarem de professora.

O que me tirou da minha rotina, foi uma ligação inesperada em uma sexta à noite, cerca de um mês depois, em um dia de feriado. Atendi o telefone, e fiquei surpresa quando ouvi a voz do outro lado.

— Lisa, sinto muito! — A voz soou um pouco rouca, mas não havia dúvidas de que era o meu irmão.

— Nicolas, você consegue falar comigo? Isso não te dói, certo?

— Não mais! Seu vídeo de hoje me deu forças para quebrar a ordem. — Disse ele.

— Espere um minuto. — Pedi a ele. Entrei rapidamente no meu perfil para ver qual o vídeo que Liliane postara. Não precisei abri-lo para saber do que se tratava. A única pergunta que usei o tablet para ler, a única pergunta que não quis decorar. — Sobre essa gravação, não dê tanta importância. É passado!

— Foi no dia do baile, não foi? — Perguntou-me ele. Era tão bom ouvir a voz dele de novo, só que não esperava que fosse nessas circunstâncias. — Eu também senti vontade de morrer naquele dia, uma dor tão forte que me levou ao desespero. Eu ao menos pude me libertar, rejeitando a pessoa que me fez sofrer, mas você não teve a mesma opção. Também tive meus amigos e minha família que vieram atrás de mim para me confortar e me apoiar, mas você teve que sofrer calada e sozinha.

— Nicolas... — Eu não tinha palavras para descrever o que eu sentira naquele dia. Foi realmente desesperador, mas também foi naquele dia que encontrei a chave para suportar tudo até agora. — Eu não fiquei sozinha.

— Você disse que um homem desconhecido te estendeu a mão. Seja quem for, sou grato a ele por ter feito o que não pude fazer.

— Você tinha a sua própria dor para lidar. Eu te entendo! Sobre esse homem desconhecido, eu sempre conversava com ele. Você é o único a quem contei de sua existência.

— Não me diga que é... — Ele ficou mudo por um instante. Talvez tenha pensado que enlouqueci. — Você foi desabafar com o senhor fantasma?

— Eu realmente fui até ele, mas só consegui desabafar quando ele veio pessoalmente me encontrar para saber o porquê eu chorava. Nicolas, ele é real! Ele esteve comigo de verdade!

— Eliza, tem certeza que não foi uma ilusão? — Perguntou-me preocupado.

— Absoluta! Lembro de estar tremendo de frio, quando ele me envolveu com uma manta branca e me puxou nos braços dele. Lembro da voz dele me perguntando preocupado sobre o que estava me fazendo sofrer. Lembro perfeitamente também do cheiro dele. Ele me disse que é de outro mundo, que fica além das fronteiras sombrias. Ele deixou o seu manto comigo. Foi real!