CAPÍTULO 15 - PERMITINDO SENTIR

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No dia seguinte, numa manhã de domingo, iluminada pelo sol reluzente batendo em meu rosto... Mentira, estava nublado, frio e úmido. Acordei com aquela preguiça e com vontade de fazer vários nadas. Depois de uma hora inteira no celular, deitada na cama, decido levantar.

Coloco um conjunto de moletom branco com detalhes em azul. Amarro o meu cabelo em um rabo de cavalo mal feito e fico de pantufas. Não tomo um café da manhã muito reforçado. Apenas uma maçã e suco de laranja. Meu pai está na cozinha conversando com a minha mãe, e eu sentada à mesa com um livro na mão. De repente, minha mãe vem em minha direção, com um presente.

- Filha, alguém deixou este presente para você na porta de casa ontem à noite. - ela diz, me entregando o mesmo.

Não tinha nome, nem bilhete. Quando abro, me deparo com um lindo vestido lilás. Ele era rodado e cheio de borboletas ao redor. Estava de olho neste vestido há um tempo. Mas quem será que me deu? Eu nunca contei à ninguém sobre ele.

- Que vestido lindo! - disse a minha mãe - Foi alguém de muito bom gosto que lhe presenteou com ele. Tem alguma ideia de quem foi?

- Não...

- Bom, de qualquer forma, ele é lindo. Talvez a pessoa tenha esquecido de colocar o bilhete.

Depois do café, fui até o meu quarto e liguei a TV. Eu estava muito entediada, sem vontade de ver ninguém. O meu dia estava sendo um lixo. Acho que fiquei tão acostumada com as loucuras que andam acontecendo no meu dia a dia que eu comecei a achar estranho um dia normal. Não vou invadir a casa de ninguém, fazer tortura psicológica, ninguém foi assaltado, não fui acusada de nada e não tenho ninguém para brigar. Até do Jason eu sinto falta. É normal eu me sentir assim?

Muitas e muitas horas se passaram. Meus pais não saíram de casa, a Raquel não veio e ninguém me enviou mensagem. Até que finalmente, às 18:00, recebo uma mensagem do Jason.

"Saia de casa".

"Sair de casa? Pra quê?"

"Vou te levar para um passeio".

Coloquei os meus tênis e desci as escadas correndo. Eu disse que não queria ver ninguém mas por algum motivo, a mensagem do Jason fez com que eu ficasse mais motivada. Abri a porta e vi sua cara séria, o que fez com que o meu sorriso se desfizesse.

- Oi. - eu disse séria, como ele.

- Oi. - ele disse.

- Está de mau humor? - eu pergunto, erguendo uma das sobrancelhas.

- Vamos - ele ignora a minha pergunta.

Eu não sabia para onde ele estava me levando. Ele estava sério, com o maxilar contraído. Ele olhava para frente, esfregando os dedos das mãos um nos outros. Decidi puxar assunto para quebrar este clima deprê.

- Então... como andam as coisas? - disse do jeitinho mais amigável possível.

- Tudo no seu tempo.

- Interessante... - ele nem olha na minha cara. - O que houve com você?

Antes que ele pudesse responder, notei que chegamos em nosso destino. Ele me trouxe até uma cafeteria. Mas não uma cafeteria qualquer. Era uma cafeteria francesa, inaugurada no ano passado, pelo Paul Denyon.

Nós entramos. Eu nunca tinha vindo nesta cafeteria. Ela era linda, tanto por dentro quanto por fora. Ela era rústica mas de um jeito chique e confortável. Havia candelabros e estantes de livros para os clientes lerem enquanto tomam café. O Jason me leva até uma mesa no lado de fora, puxa a cadeira para mim sentar e pergunta:

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