Parte 2

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🔺⚠️ Possível gatilho: menção não explícita a abuso sexual.⚠️🔺

   

         — Cara, você está quase dormindo sentado. O que houve? 

Com o livro de geografia aberto no sumário, Ravi pergunta. Os dois estão sentados no chão do pátio, perto da escada. Local onde sempre esperavam Maria Luísa. Ou o contrário.

— Minha mãe me acordou uma hora antes da hora de acordar. Ela estava gritando e batendo a vassoura em todo canto por causa de uma barata.

Michel responde, com os olhos fechados e a cabeça encostada na parede. Ele até pensa em encostar em Ravi, mas depois da cena na casa do amigo, preferia evitar.

Seu flerte não foi notado

— Ela está certa, odeio baratas. Não sei como deixaram aquilo entrar na arca.

Michel abre os olhos, o olhando de lado, sem se mover muito.

— Que arca, mané?

— De Noé. — Ravi fala e da de ombros, sem parar sua análise aos conteúdos que teriam em geografia.

— Oh ... Não sabia que acreditava nessas coisas.

Assim que fala, ele fecha os olhos novamente, poderia cochilar ali com facilidade.

— Minha família toda é protestante. — Diz, fechando o livro e olhando para a entrada do colégio.

Maria Luísa não aparecia há dois dias, não respondia mensagem ou ligações, eles estavam preocupados.
Seria tão bom se existisse um meio de comunicação mais rápido ...

— E você?

— Eu também sou, embora não tenha cargos como eles. Meu pai é diácono.

Uma puta hipocrisia Hikon estar em um cargo desse dentro da igreja.

— Um diácono que apoia o filho sair pra beijar garotas por aí antes do casamento? Até o padre da igreja onde vou é mais cuidadoso con quem tem responsabilidade na igreja.

O tom de Michel é de pura ironia e humor. O que ele sabia sobre os protestantes era pouco, mas o lance de "Esperar o casamento" era relacionado até mesmo aos beijos. Na maioria das vezes. O motivo de Michel querer esperar o casamento para perder a virgindade, não era religioso, somente uma escolha dele. 

— Meu pai tem medo de um dos filhos se perder, sabe? — Mesmo sem citar  o que seria "se perder", o amigo entende. — E ele quer a todo custo que ... — Ele se perde quando não sabe qual palavra deve usar, o conhecimento mediano falhando. —  Nós ... Tenha alguém. 

— A palavra é: tenhamos. — Michel o ajuda.

— É feia, não sabia se estava certo.

— Certa, quando é uma palavra "feminina". — Fazendo aspas com os dedos, ainda sem abrir os olhos, Michel o ajuda. Era em momentos assim que Ravi aprendia mais. — Usamos o feminino também, igual com pessoas. 

— Entendi. Faz todo sentido. —  Ele guarda o livro na bolsa e observa como Michel parecia realmente cansado. — Vamos sentar no fundo hoje, aí você consegue cochilar e descansar. 

Por ter conhecimento de que o amigo estava trabalhando até tarde na noite anterior, ele sugere isso. Havia ligado para Michel antes de dormir e o outro lhe informou que estava trabalhando, junto com o fato de ter acordado cedo ... Ele está esgotado.

— Tem duas aulas de química, não posso dormir.

— Te acordo antes de começar, prometo. — De forma automática, uma das mãos de Ravi toca a de Michel que está sobre a perna. — Ou te ensino o conteúdo, é eletroquímica, eu já sei isso.

A Tudo Que Somos | Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora