Observação: Todos os fatos desse capítulo ocorrem um ano e meio após o final de O Que Restou De Nós.
1200 palavras.~°~
15 anos depois
Ansiedade.
Preocupação intensa, excessiva e persistente e medo de situações cotidianas.
Michel precisava acordar às 04:30h da manhã, mas acordou antes. Mal dormiu a noite.
Estava rolando na cama de um lado para o outro, até que o coração acelerou, sentiu como se estivessem apertando seu estômago. É a ansiedade, ele sabe.Se colocando de pé rapidamente -Caindo logo em seguida, pois a pressão foi ao chão-, ele segue para o banheiro.
Isso era mesmo uma boa ideia?
Ele realmente precisava ir pra São Paulo?O rosto é molhado, dentes escovados e ele cogita tomar um banho, mas não podia. Seu vôo sairia às 05:30h, o aeroporto não era tão próximo e, bem, ele ainda precisa avisar seu filho sobre isso.
Assim que está pronto, ele vai até o quarto de Maxuel, o acorda e avisa que está saindo. O garoto escuta tudo, concorda e acaba dormindo novamente.
Como era rotineiro, Michel lhe dá um beijo na testa, uma despedida que faz com ambos os filhos. - Ele sentia falta de Alice em casa.O vento frio da madrugada bate em seu rosto e ele sabe que a partir daquele momento, precisa ser forte. Ser o homem forte que Lúcia criou sozinha.
~°~
08:00h da manhã.
As mãos para trás - Não estava algemado, mas já tinha costume.-, rosto ao Sol, roupas brancas e limpas, é assim que Felipe anda até o último portão da penitenciária.
- Até mais ver, Felipe. - Um dos guardas que já conhecia o Boyer, comenta. Isso faz Felipe sorrir.
- Aqui, nunca mais. Na rua, talvez, Souza.
Pegando seus documentos, ele se prepara para sair. Os olhos estão presos no portão alto e cinza.
"Ninguém está me esperando." É o que ele pensa, aliás não tem família. Lúcia não o responde ou atende há anos, o filho não sabe nada sobre ele.
Felipe sabe que teria que começar do zero, sem nada e ninguém. Não sabia onde iria dormir ou como iria comer nos próximos dias, mas daria um jeito. Ele está livre e é isso que importa.
A meta era: conseguir se estabilizar e procurar Lúcia, seu filho e contar a verdade.
O que mantinha sua esperança viva era poder encontrar Michel.Somente isso.
Quando o portão abriu, ele viu somente um vão enorme, não sabia como era nada na frente do presídio - Ao menos tinha passagem gratuita.-, ruas, nada, pois não se lembra de como era quando chegou ali há trinta anos.
Dando alguns passos para fora, ele deixa as lágrimas de felicidade escorrerem. Um sorriso de alívio enfeita seu rosto e ele une as mãos em uma prece. Agradecendo aos céus por estar do lado de fora.
Estava livre, finalmente.
Ao seguir o caminho indicado por um dos policiais que guardavam o portão, ele avista um homem.
Pele morena, olhos verdes, cabelo castanho, cacheado e longo, bem vestido. Ao seu lado há um homem asiático, cabelos até o ombro e bem arrumado quanto o moreno.
Os dois estão encostados em um HB20 preto. -Felipe não reconhece o carro, mas acha bonito.-, braços cruzados e os olhares curiosos em sua direção.Felipe para por um tempo, olhando bem para o rosto de um deles.
O reconheceria em meio a uma multidão, mesmo tendo o visto somente por fotos.Quando o filho anda até ele, Felipe sente uma vontade de desmoronar, abraçar Michel e dizer que o ama, mas se segura.
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A Tudo Que Somos | Livro 2
RomanceMichel Darwin é um garoto de dezenove anos, assumido e muito bem resolvido consigo mesmo. Quando volta para o colégio depois de dois anos longe, fica encarregado de ajudar um garoto que vem de outro país com algumas matérias. Ravi Snodiny é filho de...