Parte 8

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♦️ Gatilho: homofobia.
♦️ ATENÇÃO: Todas as informações citadas DURANTE o capítulo sobre alisamento são fictícias. 
Abaixo informações verdadeiras sobre alistamento militar.
1.  Na Tailândia você vai pro exército se alistando  aos 21 anos ou for se sorteado. Todo ano, em abril há um sorteio para isso. (O alistamento é obrigatório.)
2. Homens com cidadania brasileira ou naturalizados são OBRIGADOS a se alistar.

Curiosidade: Mulheres trans, embora seja óbvio, não precisam se alistar ja homens trans sim.
Pessoas não-binaries com sexo biológico referente  ao masculino, também.

Erros serão corrigidos, boa leitura!

6400 palavras.

~°~

        Possessividade.
Pode-se dizer que Michel é desses que sempre querem ter as pessoas  que ama próximo.
Não ha nada de errado nisso, certo? Bom, em seu caso, chegava a ser sufocante.

Fernanda foi namorada de sua mãe por dois anos, ele nunca aceitou.
As duas passavam muito tempo juntas, dormiam quase sempre na casa uma da outra e conversavam por ligação por horas.

Ele detestava chegar do trabalho e a mãe estar falando com ela no telefone.  Era assim quase todo dia. Até elas terminarem, a doença de Lúcia aparecer e suas vidas ficarem bagunçadas. 

No fundo, ele sabia porque era assim tão obcecado. Medo do abandono. Já tinha sido deixado uma vez — Pelo pai.—, não queria ser novamente. 

Isso refletia com sua mãe, suas amizades da escola e trabalho e, como esperado, podia refletir em seu relacionamento também.
O restante das férias foram tranquilos. Ravi e ele se viam há cada dois dias. 
As coisas ficaram estranhas quando o mais velho começou a assistir as aulas de dança do namorado.

Em uma tarde Ravi recebeu a proposta de participar de um grupo de dança, ele topou, claro. Os pais não viam problemas, então, não foi difícil conseguir a autorização — Hikon já tinha entrado com um processos de emancipação para que a vida dele fosse mais fácil. Uma coisa boa para "aliviar" o modo escroto que trata os filhos—, apoio e dinheiro para os sapatos e roupas necessárias.

Ok, tudo ia bem, certo?
Certo.

Como todos na aula, Ravi dançava com pares as vezes. Principalmente nas aulas de tango ou alguma outra dança de salão.

Tina, uma garota de cabelos curtos, loira e com um corpo e rosto bonito, estava com as duas mãos nos ombros de Ravi quando Michel entrou para assisti-lo.

As mãos de Ravi estavam na cintura dela, os corpos próximos e o olhar dele não saía de sua parceira.— Algo comum em algumas  danças de salão —.
A mente de Michel trabalhou muito rápido — para o mal — quando a viu "descer", deslizando as mãos por seu namorado.

Não havia maldade nenhuma aquilo. Era parte da dança e os outros casais ali presentes estavam fazendo o mesmo, mas, bom, nenhum deles é seu namorado.

Seu namorado confuso. Que não sabe se é gay ou bissexual.

Seu namorado que não é bem resolvido consigo mesmo.

Seu namorado que fingia namorar uma mulher. Maria Luísa.

Na cabeça dele, não era bom o suficiente para manter Ravi ao seu lado, para manter ninguém, na verdade.
Os rostos dos dançarinos estavam próximos e Michel quase teve uma síncope. Ele queria tirar aquela garota de perto de seu namorado, empurra-la para longe e até mesmo dançar no lugar dela.

Ele queria muitas coisas, mas no final, só se sentou e esperou Ravi ir até ele.

— Você veio novamente. — Com um sorriso estampado no rosto, ele se apaixona. Pegando uma garrafinha de água em sua mochila, que está ao lado do namorado, e abrindo-a para beber. — E aí? Como você está?

A Tudo Que Somos | Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora