Os sinais existem. Tudo o que acontece no universo, antes que ocorra, dá sinais. Quando há eminencia de um terremoto, ele dá sinais. Quando de um tsunami, também dá sinais.
Quando vai chover, o céu avisa, do mesmo modo quando vai nevar. Enfim, todo acontecimento precede um sinal, um alerta. Bem como ocorre na vida, seja no trabalho, na profissão ou na vida pessoal.
As catástrofes nunca aparecem sem aviso prévio, principalmente na vida do ser humano. Acontece que, os seres humanos agem ou reagem de maneiras muito diferentes para cada sinal alertado. Existe uma gama de formas de interpretar uma possível catástrofe, mas as mais comuns são:
Pessoas que não percebem os sinais e não pressentem uma mudança climática. São totalmente desprovidas de intuição, resultando em um impacto profundo no curso de suas vidas.
Por outro lado, existe as pessoas que pressentem e respeitam os sinais, com isso premeditam suas defesas reduzindo o impacto e neutralizando o estrago.
Entretanto, há entre esses, os que sabem, veem e sentem. Porém, são tão incrédulos que optam por ignorar e seguir em frente acreditando que não passa de frutos da imaginação por não concordar com a possível verdade diante de seus olhos. Os famosos "só acredito vendo" e "vendo não acredito". Pois é! Essa opção sou eu.
Todo esse tempo a verdade fez campanha debaixo dos meus olhos e eu, cega, ignorei a chegada do apocalipse.
Eu me pergunto: "quando foi que tudo começou? Como pude não perceber?"
Depois de voltar a si e a pensar com a razão, comecei a desemaranhar essa cama de gato que se formou ao meu redor.
Vamos começar pelo começo. Então iniciei o processo de varredura na minha mente para montar o quebra-cabeça, mas por um milésimo de segundo parei e pensei: "eu preciso mesmo apurar todos os fatos e filosofar um motivo ou uma razão pra tudo isso?"
E logo meu próprio inconsciente me trouxe a resposta: "mas é claro Cecilia, para aprender e nunca mais errar de novo".
Passei horas mergulhada em um oceano de lembranças, flashes que vinham em minha mente dos melhores e piores momentos que passamos juntos, inclusive do nosso primeiro encontro.
Cheguei a me perguntar: "será que tudo não passou apenas de uma brincadeira?"
Perdida em meio aos meus devaneios, ao mesmo tempo que risos e sorrisos nasciam em meus lábios, lágrimas escorriam dos olhos, por vezes chegou a faltar o ar, como se eu estivesse sendo asfixiada pela terrível e esmagadora recordação de tudo que vivemos.
- Como pude ser tão estúpida? Resmunguei inconformada.
- Não, isso só pode ser um pesadelo, não é real. Acorda Cecilia!!! Gritei me chacoalhando numa tentativa desesperada em saber se era só um pesadelo.
- Será que só me resta engolir o choro? Mas antes quero refazer cada passo, reconhecer cada sinal que ignorei e ter certeza que nunca mais cairei novamente na mesma armadilha. Essa é uma lição que quero me tornar Phd.
Depois que passei pelo estágio da negação, em não acreditar que aquilo estava realmente acontecendo comigo, saltei para o estágio da raiva. Ah, a raiva é um animal selvagem e perigoso que dá lugar a pensamentos peçonhentos.
O fato é que muitas vezes por estar tão envolvida não percebia quando algo estava fora do normal, achava apenas que era um daqueles dias que acordamos com pé esquerdo. Foi quando comecei a lembrar de algumas situações e as coisas começaram a fazer sentido.
- Quero tomar esse chá de rancor de colherinha, quero lembrar de cada gota de suor de desespero que escorrer pelo meu corpo, quero que cada cicatriz no meu coração seja como tatuagem para eu me lembrar para sempre do quanto fui patética, quero que cada lágrima seja ácida e marque seu caminho em meu rosto para quando eu me olhar no espelho veja a marca da incredulidade e nunca mais esqueça de seguir os sinais. Posso não ser a mulher do tempo, mas quero saber quando vai chover.
- O que me conforta é que quando o sol se põe no oriente, nasce no ocidente e quando meu sol nascer quero sentar na primeira cadeira da plateia e assistir anoitecer na vida daquele lixo.
Depois de tanto chorar, lamuriar, me contorcer e socar almofadas deitei no sofá e fiquei olhando para o teto até pegar no sono. Exausta era a palavra que me definia. O sofrimento é um bom exercício para queimar calorias. Sem dúvida o desgaste emocional é muito mais cansativo que o físico. Se eu corresse em uma maratona não ficaria tão esgotada que um dia inteiro sofrendo.
No dia seguinte acordei com os olhos tão inchados, parecia que tinha participado do clube da luta. Então liguei para minha chefe e avisei que não estava me sentindo bem e não poderia ir trabalhar, aproveitei os olhos inchados e inventei uma leve conjuntivite.
- Não gosto de mentir, mas foi necessário. Imagina, uma publicitária aparecer desse jeito na frente dos clientes, seria o fim da carreira.
- Bom, vou aproveitar meu dia livre e lamber minhas feridas.
- Não acredito que o conto de fadas era só na minha cabeça? pode ser que eu tenha me perdido de mim no meio do caminho e esquecido de alimentar minha essência e isso fez com que as coisa mudasse dentro dele, mas como eu não percebi as mudanças? ele não é o tipo de pessoa que sabe disfarçar, como consegui me tornar tão cega ao ponto de ser tão distraída, deixei que os meus sentimentos me dominassem e me tirassem o limiar do racional.
- Sempre me orgulhei de ser uma mulher tão racional, tão acima da instabilidade das emoções, sempre fui muito segura de si e nunca deixei o coração gritar mais alto que a emoção. Quando foi que me tornei essa pessoa frágil e suscetível a uma catástrofe pega desprevenida desse jeito?
Minha mente não parava um só minuto, eram tantos pensamentos tentando descobrir onde estava o erro, com quem estava o erro, em que momento perdi o controle de tudo e baixei a guarda de maneira tão radical que fique completamente desprotegida assim. Eu não estava conseguindo aceitar que cometi algum erro, eu era tão calculista e tão alicerçada.
A verdade é que não existe ninguém quem um dia não cai do cavalo, esse dia chega pra todos e quando chega, os desavisados como eu só percebem quando já estão no chão e a dor toma conta do corpo inteiro, a dor vai subindo como se fosse agulhas sendo enfiadas pela pele atravessando cada camada, ultrapassado músculos, veias, artérias e até os ossos. Cada camada que atravessa vai envenenando e te paralisando, fazendo você perder a consciência e a respiração. A dor é tão profunda que seus sentidos param de funcionar e a única coisa que consegue sentir é o gosto salgado das lágrimas que escorrem pelo rosto até a boca.
As horas passam lentamente, os ponteiros do relógio se transformam em grandes lesmas giram em câmera lenta, o tic tac soa como a lentidão que seu coração começa a bater como se a qualquer momento fosse parar de vez e a ardência na alma não permite qualquer tentativa de reação.
Não posso me entregar dessa maneira, preciso encontrar a saída de tudo isso, começando pela pergunta que não quer calar: Quando foi que a maré começou a mudar?
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>> OI meus queridos leitores, se estiverem gostando da minha primeira história comentem bastante, vamos interagir, vou ficar feliz em ler cada comentário.
Bjs e até o próximo capítulo.
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ANTES DA CATASTROFE
RomantikEssa é a história de Cecilia, uma publicitária em ascensão com sonhos grandiosos, mas de gosto simples, extrovertida e cativante. Ela se viu em uma enorme oportunidade de mudar de vida e finalmente foi reconhecida pelos seus talentos, sem perder a...