Imersão

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Olá, tudo bem?
Desculpem a demora, esse capítulo ficou mais dramatico do que eu esperava e isso acabou atrasando, escrevê-lo foi um pouco complicado e eu fui fazendo aos poucos, não faço ideia se ficou bom e como estou na correria, ainda não corrigi a escrita, enquanto qualquer erro podem me sinalizar.

Boa leitura para todos.

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Estou longe de estar confortável, a superfície incomodando minhas costas é pontiaguda, pressionando minha espinha e costelas, cutucando a carne contra o osso, usando meu peso e a gravidade para tornar doloroso qualquer tentativa de mudar de posição. Também não posso me mover, cada centímetro de músculo pesando como chumbo, me prendendo insistentemente contra a dor, obrigando-me a sentir cada centímetro disso, como o destino esperando no final da vida, inevitável, pesado e doloroso.

Percorrendo os olhos nebulosos por toda extensão acima de mim, percebo que não há céu, nem nada que indica a existência de um, tanto no alto quanto ao meu redor há apenas vazio, uma extensão ininterrupta de puro nada.

A pressão em minhas costas aumenta, cutucando e cutucando até o ponto em que estou arfando, abrindo a boca para gritar, mas percebendo tarde demais que nenhum som pode sair.

Minha boca permanece aberta, nada saindo dos meus pulmões enquanto pontas afiadas atravessam a pele, carne, gordura e músculos, quebrando a barreira através do sangue, enviando choque ruidoso por todo meu corpo trêmulo.

Eu engasgo, cuspindo sangue enquanto sou eviscerado de baixo para cima, a dor não diminuindo, não se tornando entorpecente, nada perto da morte.

– Você está bem. – Alguém diz, é distante e abafado, soa irônico em meus ouvidos sangrentos. – Respire, Levi.

Eu pisco, percebendo meu próprio nome ao mesmo tempo que um par de olhos diferentes e gigantescos surgem do nada, um verde e outro dourado, me encarando de cima e ficando maiores a cada segundo.

– Levi. – Eu escuto, mas não consigo escutar, é demais, a dor torna qualquer outro sentido entorpecido. – Respire.

Eles não são como de lobos, reflito, engasgado preso na miragem desses grandes olhos redondos me observando, cílios longos contornando o desenho familiar deles, pupilas coloridas me sugando infinitamente.

– Respire. 

É como sair debaixo d'água, emergir de um longo mergulho suicida, o ar que não percebi segurar preenchendo meus pulmões enquanto uma crise de tosse me faz sentar repentinamente, percebendo então o rosto preocupado de Eren quase grudado no meu, cabelos castanhos bagunçados emoldurando sua beleza assustada.

– Levi? – Ele me chama, preocupado enquanto bate em minhas costas, tentando auxiliar meus pulmões na árdua tarefa de me fazer respirar depois de tanto tempo afogando no puro nada. – Tudo bem, respire.

– Eren… – Minha voz falha, sumindo entre os sons ocos de minha respiração, mas Eren entende, acenando e me puxando contra seu pescoço, levando meu nariz diretamente para sua glândula de cheiro. 

– Nós estamos bem, alfa, vamos todos ficar bem. – Ele sussurra, lentamente me convencendo enquanto acalma as batidas furiosas em meu peito. – Gabi está protegida, a alcateia vai se cuidar, eu vou te proteger e você o fará de volta, nós vamos enfrentar isso.

Eu não pergunto como ele sabe, apenas fecho os olhos e me deixo usufruir de sua essência, esfregando todo meu rosto nos óleos de sua glândula, relaxando contra o certo que é seu corpo contra o meu.

Eren suspira, me segurando contra ele antes de voltar a deitar, puxando nós dois para o quente e confortável novamente, envolvendo-nos juntos para aproveitar um pouco mais do sono necessário.

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