3 ANOS ATRÁS
Hades GunnarEsse lugar é definitivamente para os loucos. Os gritos do quarto do lado estão me perturbando.
Estou aqui cinco minutos plantado em pé olhando a janela com grades. Lá fora o sol está ardendo.
É um quarto minúsculo. Duas camas de ferro que quando se senta faz uma barulheira. Reparei que não tem banheiro e sim um penico no canto do quarto, o que é extremamente desconfortável.
Quando cheguei, me jogaram aqui dentro e falaram que vai ter o banho mais tarde. Eles me revistaram e tiraram tudo o que eu tinha de armamento branco.
As paredes estão descascadas do papel de parede branco que foi aplicado por cima de uma tinta azul bebê. Que quarto péssimo.
Os pássaros parecem tão felizes lá fora. Tomara que um gato os pegue e eles morram. Felicidade dura pouco.
Escuto um barulho da porta de ferro abrir. Me viro para trás e encontro um dos enfermeiros empurrar uma garota loira no chão. Ela rapidamente se levanta dizendo não várias vezes, mas o enfermeiro fecha a porta na cara dela.
Fico encarando os seus próximos movimentos. Parece que ela não notou minha presença, pois, começa a chorar.
Ela vai se abaixando até o chão. Seu choro foi tomado por soluços. Quase tenho pena dela. Reviro os olhos e ando até ela.
Pensei em "você está bem?", mas essa é uma pergunta idiota, claramente ela não está bem. Pensa caralho.
— Qual é a sua cor favorita?
A garota se vira rapidamente e se encosta na porta de ferro. Seus olhos castanhos encontram com os meus.
Linda.
Ela é linda.Seus olhos estão vermelhos e suas bochechas rosadas. Passa a mão no rosto, enxugando as lágrimas.
— Eu não tinha te visto. — diz, com uma voz chorosa. — Por que estava em silêncio?
— Prefiro ouvir choro do que ouvir gritos. Posso dizer que seu choro deu paz.
— Eu chorando deu paz...?
— Por que não daria?
— É um choro com lágrimas tristes, não pode dar paz em alguém... É estranho.
— Então sou um estranho.
— É, você é.
Me afasto da garota e me volto para a janela. Posso imaginar uma pintura, em como as tintas se misturam e formam o pôr do sol.
Escuto a cama de ferro gemer. Olho para o lado e observo a garota sentada na cama e olhando para os lados.
— Qual é o seu nome? — pergunto, me virando.
— Faith. — reponde. — Qual é o seu?
— Acho melhor você não saber. — falo, e vejo ela franzir o cenho. — Sou do lado ruim.
Posso dizer que é a primeira pessoa a não ficar com medo ou se espantar sobre de que lado eu sou.
— Isso é jogo sujo e muito injusto, eu falei meu nome e agora tem que falar o seu. — começa. — Eu não ligo para lados, só quero que fale seu nome.
— Eu jogo sujo e posso dizer que injustiça é praticamente o meu segundo nome, Faith. — falo, me sentando na cama, ficando de frente pra ela. — Não está com medo?
— O que você fez? — pergunta ela, não respondendo a minha pergunta. — Matou alguém?
Minhas mãos ainda estão com o sangue seco. Minha camiseta está toda suja de sangue.
— Tipo isso.
Faith para de fazer perguntas e eu também. Posso dizer que ela está tranquila, parece que já conviveu com pessoas do meu lado da cidade mais vezes.
Se passaram uns dez minutos e o sol já desceu e a lua subiu. Faith deve ser apaixonada pela lua, não saiu de frente da janela por nada quando ficou de noite.
Estou deitado na minha cama observando ela.Seus cabelos loiros são longos até o quadril. Apesar de não estar maquiada sua beleza é surreal. A primeira coisa que notei nela foi seus olhos castanhos. E a segunda foi seus lábios carnudos.
A porta fez barulho, rapidamente Faith se virou e andou até a porta. Olhei para a mesma e ela apontou para a porta totalmente aberta.
Me levanto da cama e ando até a porta, passando por Faith e praticamente ficando colado a ela, pelo pouco espaço. Uma enfermeira passa falando repetida vezes.
— Hora do banho, hora do banho, hora do banho...
Observo que os loucos começam e sair de seus quartos e seguir a enfermeira. Olho para trás e vejo que ela está afastada da porta. De mim.
— Por que está aqui? — pergunto.
Faith solta um suspiro e começa a enrolar o dedo na ponta do cabelo. Percebi que essa é uma mania dela.
— Eu... Eu tive a minha punição.
Seu olhar desceu para os próprios pés. A punição para as garotas é que o chefe da casa pode tocá-las sem que elas querem, isso é horrível. Para os garotos, nós recebemos um ano no internato recebendo socos, chutes e choque para fortalecer na força mental e física.
— Qual a sua cor favorita?
— Ainda vai insistir em cor favorita?
— Vai ver que estou com uma psicopata louca...
Faith revira os olhos e caminha até mim. Seus olhos se fixam nos meus. Tento não olhar seus lábios, mas meus olhos traidores decidem descer o olhar.
— Só se você me disser seu nome. — diz e dá de ombros.
— Concerteza você já vai saber, o povo é muito fofoqueiro.
— Adoro uma fofoca.
Faith passa por mim sem me tocar. Percebi que ela não quer o toque de ninguém. Sua punição deve ter sido bem recente. Isso deve ter mexido com ela, para a mesma estar aqui.
Observo como ela segue os outros, caminhando tranquilamente enquanto a mente está uma bagunça.
Comentem e votem, me ajuda a saber se estão gostando da história e se devo continua-lá."Não faça algo estúpido que trará consequências permanentes só porque você está chateado."
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HEARTLESS
Teen Fiction+18| Sem Coração Na cidade de StaryVille é dividida em dois lados: o lado certo e o lado errado. Nela, existe uma regra importante que proíbe qualquer relação entre moradores de lados distintos, sob pena de severas punições. Faith sempre foi uma gar...