16) Pequena Presa

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3 ANOS ATRÁS
Faith Ryen

Neste majestoso arranha-céu que perfura os céus, a beleza é avassaladora, uma testemunha silenciosa da opulência que reina. O ar é puro, intocado pela sombra da decadência. Neste camarote exclusivo, poucos têm o privilégio de testemunhar o espetáculo.

A única barreira entre nós e a vertigem do abismo é uma frágil grade de vidro, uma tênue linha entre a vida e o vazio. Apoiada nela, meu coração acelera enquanto os carros abaixo rugem em uma corrida eletrizante. Meus olhos dançam de um veículo para outro, seguindo a coreografia luminosa da noite.

Numa cena digna de filme, uma taça de álcool aparece diante de mim, segurada por mãos que conheço bem, adornadas com unhas vermelhas impecáveis, pertencentes a Amália. Agarro a taça, observando seu rosto iluminado por um sorriso que se estende de orelha a orelha, um reflexo da magnificência do céu noturno.

— Eu nem acredito que estamos aqui...

Com as palavras emocionadas de Amália ecoando, a realidade se dissolve. Aqui, nas alturas, o álcool queima minha garganta, uma mistura de euforia e ansiedade. Encaro-a com olhos cheios de emoção, compartilhando o sentimento de incredulidade por estarmos juntas, testemunhando esta noite inesquecível.

— Não vai me falar o que rolou no carro, vai? — Amália pergunta com um olhar curioso, trazendo à tona um evento que eu preferiria esquecer.

Meus olhos se arregalam enquanto tento ignorar o acontecimento que tentei apagar da minha mente.

— Ahm? — finjo desentendimento, buscando evitar o confronto.

Amália não se deixa enganar e me replica de forma debochada, imitando meu "ahm".

— Você sabe o que eu estou falando, não se finja de desentendida.

— Eu realmente não sei do que você está falando... — eu insisto, tentando manter um ar de inocência.

Ela não desiste e aponta com precisão para o constrangedor momento.

— Você praticamente soltou um gemido no colo de nada mais e nada menos que do Hades Gunnar.

Nossos olhares se encontram, e a vergonha toma conta de mim. Naquele momento, é impossível esconder a realidade, pois praticamente todos que estavam naquele carro testemunharam essa situação embaraçosa. Sinto minhas bochechas ferverem, revelando a verdade que preferiria esquecer.

Abro os lábios, pronta para revelar a verdade a ela, mas o chamado urgente de Feer me impede.

— Ei, Amália! — grita Feer. — Vem dançar comigo.

HEARTLESSOnde histórias criam vida. Descubra agora