19) Nuit Noire

241 20 97
                                    

3 ANOS ATRÁSFaith Ryen

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

3 ANOS ATRÁS
Faith Ryen

Não faço ideia de como acabei neste lugar. O sol acaricia suavemente meu rosto, despertando-me. Ergo o cobertor comigo enquanto me sento na cama confortável.

Olho ao redor, examinando as paredes brancas adornadas com desenhos de armas, carros e símbolos. Levei um tempo para perceber que era um quarto feminino; a penteadeira repleta de maquiagens entregou isso.

Meus olhos encontram a mesa de cabeceira, onde repousa uma cartela com uma pílula do dia seguinte, um copo d'água e um bilhete.

Estico-me e pego o bilhete, lendo-o imediatamente.

"Eu sei que as chances de você engravidar são nulas, mas é melhor se precaver. Toma a pílula. — Amália."

Pego a cartela, engulo o remédio e bebo a água, sem reclamação. Fui diagnosticada como infértil no ano passado, aos 16 anos de idade. Não me enxergo como mãe no futuro, não desejo que um filho meu venha ao mundo em meio a esse governo fútil e suas regras sem sentido. É errado agradecer por isso?

A dor latejante na minha cabeça é implacável, como se um tambor furioso estivesse batendo suas baquetas contra meu crânio. A lembrança da noite passada, uma névoa confusa de risos, músicas e desafios, agora parece um borrão distante, mas o eco das memórias traz uma mistura de excitação e arrependimento que me deixa sem palavras.

Estou arrependida.
̶N̶ã̶o̶ ̶e̶s̶t̶á̶ ̶n̶ã̶o̶.̶

A porta se abre abruptamente, arrancando-me dos meus pensamentos tranquilos. Meu coração dispara em uma batida frenética e meus seios sobem e descem pela respiração.

Observo uma mulher de pele negra, cabelos curtos adornados com tranças elegantes. Seus olhos não se prendem aos meus, mas encontram um ponto distante, perdidos em pensamentos próprios.

Em suas mãos, ela segura uma peça de roupa, e num gesto rápido, ela a lança sobre a cama com destreza.

— Vista-se. — ela ordena, sua voz firme e determinada.

— Quem é você? — pergunto, apanhando as roupas com mãos trêmulas.

— Eu que deveria estar fazendo essa pergunta, quem é você? — ela dá um passo em minha direção, seu olhar penetrante, mesmo distante. — Você que dormiu nua na minha cama... Eu só fiz isso por causa do Lucca.

—  Lucca...?

— Meu irmão. — ela declara com intensidade. — Vista-se logo, eu não posso te ver, mas posso te ouvir muito bem.

Com os olhos atentos à minha misteriosa companhia, desembrulho as roupas íntimas do plástico e as visto rapidamente. Primeiro, o conjunto de sutiã e calcinha, seguido por um top preto e uma calça de moletom. A sensação de cobertura me traz algum conforto naquele ambiente carregado de mistério.

HEARTLESSOnde histórias criam vida. Descubra agora