+18| Sem Coração
Na cidade de StaryVille é dividida em dois lados: o lado certo e o lado errado. Nela, existe uma regra importante que proíbe qualquer relação entre moradores de lados distintos, sob pena de severas punições.
Faith sempre foi uma gar...
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3 ANOS ATRÁS Faith Ryen
O cheiro do chá verde me sustenta para ficar acordada a essa hora da noite. Observo o relógio do computador. 12:38. Vou madrugar.
Mesmo estando enrolada em um cobertor, usando calças e blusa de moletom e meias, ainda estou com um frio desgraçado.
Deixo escapar um bocejo longo. Meus olhos ardem, sendo umedecidos por lágrimas. Meu corpo está dando sinais para descansar, mas não vou seguir as instruções. Me sento na cadeira mais ereta e observo a tela do computador.
Depois que eu e meu pai chegamos em casa. Tomei um banho e passamos a tarde inteirinha juntos assistindo todos os filmes de Harry Potter e comendo besteiras.
Teve poucas palavras no meio dos filmes. Jurei horrores que quando meu pai voltasse finalmente para casa, eu teria tanta coisa para falar, mas eu não tenho nada.
- Kent Webber, governador; - Larissa Dantas, jornalista; - Camille Fox, médica; - Trevor Scoss, dono de um bar; - Higor Bely.
Ótimo, parei no tal de Higor. Pesquiso seu nome na Internet e já acho sua biografia. Higor não tem filhos, mas tem uma esposa chamada Ana Kim.
Data de nascimento desconhecida. Morreu dia 14 de janeiro.
O assassino de Higor o matou no dia do aniversário de sua esposa, Ana. Quem poderia fazer tal crueldade? No dia em que Higor saiu para comprar um presente para presentear sua esposa foi assassinado no caminho. Seu corpo foi encontrado totalmente desmembrado, na entrada do Inferno. Pessoas dizem que escutaram seus gritos buscando por ajuda, mas ninguém o ajudou. O assassino tem uma experiência, já que não encontram nada que possa o incriminá-lo.
Que horror.
Higor está na lista de uma das mortes mais estranhas cometidas por assassinos de StaryVille.
A minha lista de assassinos não está muito extensa, está curta com apenas cinco nomes.
5 - Henry Zaion 4 - Kaio Dajuta 3 - Lucca Monterro 2 - Millany Douglas
E claro, o mais perigoso e mais provável de cometer todas as atrocidades da cidade.
1 - Irmão de Tye Gunnar.
Agora que descobri seu nome, risco e coloco Hades Gunnar. Percebo em que todos os assassinatos têm um padrão. Partes dos corpos das vítimas foram arrancadas e alguma parte do corpo, o sangue foi totalmente drenado, como um vampiro insaciável por sangue.
Tye não está nessa lista por não me interessar. Ele já fez sim atrocidades, mas não foram tão chocantes quanto os cinco da lista.
Agora que sei quem é o verdadeiro Hades, posso descansar e parar de ficar a madrugada acordada. Hades é um babaca, não sei porque cogitei dele ser diferente.
Eu te odeio. Eu nasci para te odiar.
Bocejo mais uma vez e abraço meus joelhos. Meus olhos se fecham contra a minha vontade, mas logo se abrem sendo obrigados por mim.
Escuto a porta do meu quarto se abrir. Penso que é meu pai, mas quando me virei e olhei era Amália.
Ela está com as bochechas rosadas. Passa a mão no rosto quando uma lágrima solitária desceu por sua bochecha.
— Eu sinto muito, Faith... Foi minha culpa. — diz com a voz chorosa.
Mantenho meu olhar no seu. Me levanto e ando até ela, dando um abraço aconchegante. Amália de inicio ficou paralisada, mas logo me enrolou com seus braços.
Estou cansada de chorar por aquilo. Decidi que agora sou uma garota completamente de aço e quem nem mesmo o maior tsunami pode me derrubar.
Pode vir mundo, eu sou feita de aço e não posso ser quebrada. Não novamente.
As pernas de Amália ficam sem força e caímos no chão. Ela chora no meu ombro pedindo milhões de desculpas e dizendo que foi sua culpa.
Pego seu rosto e forço ela a olhar nos meus olhos.
— Você está vendo eu chorar? — pergunto, séria. Amália faz um sinal negativo com a cabeça. — Então seque a porra dessas lágrimas.
Amália faz o que eu mando, passando a manga da sua blusa no rosto. Uma lágrima insiste em descer, apenas uso meu dedo polegar para limpá-la.
— Agora repete: eu sou feita de aço, não posso mais ser ferida.
— Eu sou feita de aço, não posso ser mais ferida...
Sorrio para ela e beijo sua testa, dando mais um abraço aconchegante. Me levanto e forço Amália se levantar também. Dou mais um sorriso para ela.
— Me desculpa... Eu toquei em você, e... eu não podia...
— Cala a boca, Amália. — falo. — Isso já passou, eu não tenho mais esse gatilho. Nós duas já passamos por isso e sabemos como é difícil falar sobre o assunto.
Amália apenas concorda com tudo o que eu falei. Ela não pode se culpar, não foi culpa dela. A culpa foi totalmente minha, eu fui por que eu quis, e não fui obrigada.
— A gente precisa de divertir.
— Só agora entendeu a minha língua? — falo rindo e Amália ri também.
— Você sabe que eu te odeio. — fala, dando risinhos. — O quanto você me odeia, Faith?
— Pode apostar que é o tanto quanto você me odeia...
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