Um Café Real

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A lâmpada do quarto acendeu, iluminando agradavelmente o espaço. O zumbido suave dos sistemas de ventilação e o eco ocasional de passos distantes fizeram Kara acordar.

Abrindo seus olhos, um sentimento de conforto a envolveu. Pela primeira vez em sua vida, havia dormido em uma cama.

Sentiu o colchão macio afundar sob seu corpo e os lençóis lisos acariciarem sua pele.

Ela se aconchegou no cobertor, experimentando a sensação de calor e segurança que nunca antes conheceu, deixando para trás as noites mal dormidas.

Com um pulo animado, dirigiu-se ao banheiro realizando suas higienes matinais que agora fazia com grande entusiasmo.

Seguidamente, cambaleou até a cozinha em busca de Alura.

A anciã sorriu para ela e a chamou para saborear um bom café da manhã.

Animada, Kara então se juntou às outras mulheres na mesa.

Mas ao se dar conta, percebeu semblantes desdenhosos sobre si.

Tentou não ligar e aproveitar o momento enquanto provava sabores que até então nunca teve a oportunidade de experimentar.

Porém, a arrogância à sua volta não lhe permitiu comer decentemente.

Então mesmo sem terminar a refeição, se afastou.

— Ei! minha jovem, espere. — Alura a seguiu.

Ela veio lhe mostrar um dispositivo, uma espécie de rádio walkie-talkie.

— Quando a Monarca quiser te chamar, ela ligará por aqui. É uma forma de comunicação direta, entendeu?

Enquanto Kara tentava entender a explicação, o dispositivo começou a tocar, fazendo-a dar um pequeno sobressalto.

Segurando um pouco sem jeito, atendeu ansiosa, ouvindo uma voz sonolenta do outro lado.

Era Lena informando que gostaria de tomar o café da manhã em seus aposentos.

Kara apenas assentiu, desligando o dispositivo e se dirigindo à tarefa.

A chefe de cozinha, com presteza, entregou-lhe a refeição, e ela rapidamente colocou em um carrinho de rodinhas e se dirigiu apressadamente ao quarto.

Com um leve nervosismo, enrijeceu o corpo e bateu à porta.

Adentrou o espaço amplo, decorado com cores rústicas e detalhes dourados que chamaram sua atenção.

Lena estava sentada na cama, de camisola e cabelos soltos.

Ao olhá-la, Kara se pegou admirando sua beleza natural, mas logo desviou o olhar, constrangida com seu próprio deslize.

Se mantendo em uma postura respeitosa, respirou fundo, voltando ao seu papel de serva.

Lena, em um bocejo, observou a forma como ela se encolhia de vergonha.

— Por que você nunca olha para mim? — Proferiu, se espreguiçando. — Eu não vou te morder.

Kara ficando ainda mais envergonhada, brincou com os dedos e encontrou coragem para encarar seus olhos.

— Me desculpe!

Lena riu suavemente arqueando suas sobrancelhas.

— Já disse para não se desculpar tanto. — Levantou, fazendo um coque desarrumado no cabelo. — Apesar de ter títulos, sou apenas uma pessoa, assim como você.

Kara murmurou um agradecimento, mas também apontou para a diferença entre elas.

— Somos muito diferentes, madame.

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