...começarmos uma revolução?

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_ Pra onde você pensa que vai? – minha avó perguntou olhando por cima dos óculos quando me viu arrumado.

_ Almoçar na casa do meu namorado – informei deixando o mais natural possível.

_ Está repreendido em nome de Jesus essa palavra em sua vida – ela falou pulando do sofá.

_ Qual a dificuldade em aceitar que a gente está apaixonado? – perguntei indignado.

_ Está amarrado em nome do cordeiro – ela levantou as mãos e depois apontou em direção a porta – você está proibido de passar por essa porta.

_ Ou a senhora vai fazer o que? – perguntei me impondo – me deixar sem comer por uma semana? Trancado por duas?

Desci as escadas ouvindo as ameaças dela, a principal era me enviar para a fazenda do meu tio, mas resolvi me preocupar com aquilo depois, um problema por vez.

Me arrependi de ter aceitado o convite assim que passei pelo portão.

_ Eu não quero esse atribulado na minha casa – a mãe do Eloy falou assim que me viu.

_ Renata a gente já conversou...

_ Eu não quero – a mulher gritou surtada, tentando puxar o filho que estava me abraçando.

_ Eu posso ir... – comecei falando.

_ Não Rafael, por favor – o pai do Eloy entrou na frente da mulher para me recepcionar – você é sempre bem-vindo aqui.

_ Era só o que faltava, dar as boas-vindas para um enviado de Satanás, usado pelo capeta, um imundo...

_ Renata – o homem gritou fazendo a esposa se calar – respeite o rapaz que ele é namorado do nosso filho.

A mulher saiu resmungando e bateu a porta do quarto quando entrou, colocou um louvor com som alto.

_ Desculpe – o Eloy falou sem graça.

_ Tudo bem.

Fomos para a cozinha de mãos dadas, o pai dele não parecia se importava com o filho muito próximo a mim.

_ E então Rafael, quais são seus pronomes? – o homem perguntou quando nos sentamos.

A mesa estava posta com apenas três pratos, com certeza a mãe do Eloy já tinha falado que não se sentaria à mesa comigo, ele destampou as panelas e desembrulhou uma embalagem de papel com a carne assada comprada.

_ Hã, ele/dele – respondi me servindo.

_ E você é ativo ou passivo? – ele perguntou fazendo eu me engasgar com a própria saliva.

_ Papai! – o Eloy exclamou.

_ Estou brincando, calma – o homem sorriu – mas vai com calma com o El viu.

Quase cuspi o arroz que estava na minha boca e comecei a tossir.

_ Papai! – mais uma vez o Eloy repreendeu o pai.

_ Tá bom, tá bom – ele falou sorrindo e levantando as mãos em sinal de rendição – hum, o El estava falando que vocês receberam apoio na célula.

_ Sim – respondi feliz por termos mudado o foco da conversa – os líderes...

Contamos animados tudo o que estava acontecendo, desde a conversa que tive com a Rute sentados na calçada, que o Eloy ficou surpreso porque ele não sabia, e aproveitou para contar as próprias conversas particulares que teve com o Adriano durante todo esse processo de aceitação.

_ Senhor purifica essa casa – a mãe do Eloy saiu do quarto e começou a andar pela casa com as mãos levantadas – expurga em nome de Jesus todo mal, todo espírito que queira se alojar...

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