NICHOLAS DONOVAN
Caralho, Abigail!
Três dias sem atender a qualquer um de meus telefonemas não era o que eu chamava de um comportamento adulto. Desaparecer do hospital, como se não estivesse perto de concluir sua residência, muito menos.
Dei a minha garota tempo para se acalmar, ainda que o beijo que presenciou não tenha significado nada. Porra, ele sequer deveria ter acontecido. E era o que eu precisava fazer com que Abigail compreendesse.
Antes, porém, tinha que descobrir onde a garota havia se metido. Já que, na manhã seguinte ao ocorrido, ela não apareceu no hospital, e, quando a procurei em seu apartamento no final do dia, fui informado de que não estava.
Voltei na outra manhã e na mesma noite. Continuei a telefonar e a bater em sua porta. E no segundo plantão em que Abigail não compareceu, vi-me obrigado a ir atrás de respostas.
— Onde ela está? — exigi saber, ao entrar abruptamente no consultório de Alicia, que estava, naquele mesmo momento, encerrando a consulta com um de seus pacientes.
— Qual é o seu problema, Nicholas? O que falei sobre entrar enquanto estou em atendimento? — soou desesperada. — Você não pode continuar agindo dessa forma, gritando pelos corredores desse hospital quando bem entende. Ontem foi com o anestesista, hoje é comigo...
— Eu te fiz uma pergunta, Alicia. Onde. Está. Abigail?
— Eu não sei — admitiu ao se sentar, frustrada até o último fio de seu cabelo preto. — A Dra. Torres falou diretamente com o Tom, Nicholas. E tudo o que meu marido me disse foi que deu a ela alguns dias — explicou, com cautela. Como se temesse despertar uma fera. — O que está acontecendo? Desde a festa, você tem estado péssimo...
— Ela nos viu. — Essa era a porra do problema. Abigail me viu beijando outra mulher, e em seu lugar eu sabia exatamente o que estaria pensando. — Ou acha que viu, porra! Abbie não tem ideia do que aconteceu e achou prudente desaparecer antes que eu pudesse explicar.
— Abbie? — mostrou-se chocada ao me ver falar a respeito da minha residente com tanta intimidade. — O que está acontecendo, Nicholas? Abigail ter se apaixonado, eu entendo... estive no lugar dela e...
— Não é a mesma coisa.
— De onde eu estou, me parece igual.
Neguei, irritado. E cheguei perto a ponto de apoiar as minhas mãos em sua mesa. Eu queria machucá-la por ter fodido comigo tantos anos atrás, mas queria ainda mais por achar que tinha a porra do direito de me exigir respostas e interferir na minha vida!
— É diferente, Alicia. Sabe por quê? — falei baixo, sabendo que a atingiria com a minha verdade. — Eu me importo com aquela garota. Me importo tanto, que tem três malditos dias que não sei o que é ter paz.
Alicia se mostrou chocada.
— Você e ela estão... eu achei que... não imaginei que você teria coragem. — Mostrou-se transtornada ao ter uma melhor percepção do que acontecia. — Ou que sentiria algo pela garota.
— Por que não? — indaguei. — O que me impede de estar com outra mulher, Alicia? Nada! E é isso que preciso que você entenda.
— Que você é livre? — questionou baixo, mas neguei. Porque ia além de estar ou não emocionalmente disponível.
Tinha a ver com sentimentos.
— Não — deixei claro. — O que quero e preciso que você entenda é que... eu nunca senti por outra mulher o que sinto por Abigail.
E isso mudava tudo.
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O Doutor (Homens no Poder)
RomanceInício das postagens em janeiro/2023 Temido por todos à sua volta, Nicholas Donovan é incapaz de compreender a atração sem lógica que sente pela sua jovem e tagarela residente. Como principal sócio do W. West Hospital, o cirurgião de 43 anos é o te...