Fim

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Um mês depois...

NICHOLAS DONOVAN

Meus dedos tamborilaram sobre a mesa de carvalho maciça, em outra das reuniões mensais que Tom Bryant realizava a cada mês com parte da equipe médica. Chefes de setores, principalmente.

Sem paciência, encarei Jason Borelli do outro lado da mesa, questionando-me se ele sabia algo a respeito da decisão de Abigail, e se eu era o único nessa reunião a desconhecer seu futuro. Desde que voltamos de Minnesota, o combinado foi que não negaríamos estar juntos, mas também não iríamos nos expor além do necessário.

Principalmente porque, dependendo do que decidisse, Abigail poderia terminar na minha equipe. O que, na verdade, era o que eu desejava.

A garota era ótima no Trauma, mas em qualquer outra área seria excepcional. Desafiada a fazer e pensar diferente. Eu desejava vê-la atingir seu ápice, mas respeitaria a decisão que tomasse.

É o meu futuro, não o seu! Era o que me respondia sempre que indagava a respeito do programa que escolheria.

— Quanto a última residente, Abigail Torres — a voz de Tom ao citar o nome de Abbie foi o que me trouxe de volta à realidade e me fez prestar atenção ao que era dito —, ela se inscreveu essa manhã no programa de cirurgia oncológica.

O silêncio ao redor da sala de reuniões atingiu a todos. Nos surpreendeu por, no final, não ter optado por nenhuma das áreas em que atuou. Longe disso, Abigail escolhera oncologia. Uma das áreas mais complexas e desafiadoras da medicina.

Sorri orgulhoso pra caralho de sua coragem.

E, ao término da reunião, devo ter sido o primeiro a me levantar ansioso para vê-la e a parabenizar por ter conseguido a vaga no W. West. Antes que pudesse, Alicia me chamou, impedindo-me de continuar.

— Será que podemos conversar? Será rápido, eu prometo.

Merda.

Seguimos até a emergência e a cada passo senti Alicia mais calada do que o de costume. Só que já não cabia a mim salvá-la, fosse de seu casamento ou de seus problemas.

— Alicia? Você disse que... — comecei a indagar ao chegarmos em um dos principais corredores.

— Eu estou grávida — disse, de repente. — Tom e eu estamos tentando há anos e acho que isso, de alguma forma, nos afastou — explicou em um tom de voz ameno. — Todos os meses a pressão de ter que engravidar, fazer exames e saber que o tempo estava passando... Mas finalmente aconteceu. — Respirou fundo. — Não pense que eu não sei sobre o caso dele com a enfermeira, Nicholas, eu sei. Mas Tom não foi o único a errar nesse casamento. E agora, com o bebê... nós decidimos nos dar outra chance — soou feliz, diria até que emocionada. — Eu queria te contar pessoalmente, apenas isso.

Assim como ela fez questão de contar sobre o casamento deles.

Só que eu já não era aquele homem, porra. Anos-luz me distanciavam do Nicholas que Alicia traiu.

— Estou feliz por vocês — deixei claro, e era a verdade. — Mas não quero que continue a se preocupar se vai ou não ferir os meus sentimentos, porque você não vai, Alicia.

A médica assentiu, sem graça.

— O que me prendia a você era a raiva. E o que ainda te prende a mim é culpa. Mas chega. Eu soltei a sua mão, anos atrás. E quero, não, eu preciso que você solte a minha. Porque, em algum momento do futuro, Abigail se tornará a minha esposa e a mãe dos meus filhos.

Não me era um pensamento recorrente, bebês e crianças, mas com Abigail passou a ser, eu queria crianças igualmente inteligentes. Queria enxergar seu sorriso em nossos filhos. Sua doçura e teimosia. Acho que finalmente compreendi a diferença entre querer algo e amar com todas as forças.

O Doutor (Homens no Poder) Onde histórias criam vida. Descubra agora