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NICHOLAS DONOVAN



Minnesota.

Ao telefone, observei Abigail arrastar a enorme mala à minha frente. A bicuda esteve terrivelmente calada desde que a peguei em seu apartamento, horas atrás. Sem me preocupar que, entre todos a virem comigo nessa viagem, ela fosse a única a receber o tratamento especial. Até porque, correndo o risco de ser brutalmente honesto, homens como eu tinham muito pouco a perder. A fortuna que vinha junto com meu sobrenome e o hospital que herdei de meu pai trouxe-me respeito e autoridade suficiente para que a minha palavra se tornasse lei dentro e fora do W. West.

No meu mundo, a minha decisão de perseguir e trazer Abigail de volta para a minha vida seria rápida e facilmente perdoada. Porque, no fim das contas, dinheiro era poder. E o poder tornava até o pior dos erros perdoáveis.

— Sinto muito, Alicia, mas realmente preciso desligar. — Desde o embate que tivemos após a festa, a esposa de Tom havia recuado.

O fato de ela ter passado os últimos cinco minutos gritando no outro lado da linha, sobre o porquê de eu ter alterado o meu voo e o de Abigail, era uma irritação para a qual eu não estava com a menor paciência.

— Tenho certeza de que pode entender os meus motivos. E mais ainda o fato de que não pretendo recuar.

— Você a quer?

— Não que eu tenha que te dar explicações, mas sim. Abigail é tudo o que eu quero. — E essa era a verdade.

O silêncio no outro lado da linha foi notável e incômodo. Até que ela respirou fundo e continuou:

— Juro que se você a magoar...

— Adeus, Alicia. — Encerrei a chamada e me aproximei de Abigail, parada em frente à recepção como se fosse uma garotinha perdida.

Sua camisa tinha outra daquelas frases motivacionais. Mas, dessa vez, ela dizia: não se aproxime. Eu mordo.

Não tinha dúvidas de que realmente mordia, mas ter seus dentes sobre a minha pele me daria mais prazer do que dor.

Enquanto ela se mostrava deslumbrada com a grandiosidade do hotel, que nos próximos dias estaria lotado por médicos e especialistas da área, dirigi-me à recepção. A cada ano, a conferência era realizada em um estado diferente, e como um dos principais palestrantes, era de minha responsabilidade estar presente no evento de abertura que aconteceria esta noite. A mudança no voo deu-se justamente porque eu desejava ter Abigail ao meu lado.

E começaria mostrando à garota qual era o seu lugar na minha vida.

— Bom dia, Dr. Donovan. As suítes estão preparadas, espero que tenham uma boa estadia.

Agradeci e me dirigi ao elevador, com Abigail ao meu lado.

— Em que andar está o meu quarto? — perguntou assim que entramos e o botão do último andar foi acionado.

— Nós estamos no mesmo andar, Abbie. — Olhei para baixo, vendo-a pálida.

— Todos do W. West também estarão ou... serei a única?

— Você sabe a resposta. — A garota prendeu a respiração e olhou para a frente, perdida em pensamentos. — Pare de queimar os seus neurônios, Abigail. Você estará melhor hospedada aqui.

— Perto de você, é o que está tentando dizer, certo? — perguntou, indignada.

— Acredite, em breve este lugar estará lotado de residentes, médicos e fanfarrões com complexo de Deus. Aqui você estará segura.

— Acha mesmo que me colocar no quarto ao lado do seu me impedirá de beijar outro homem?

Beijos eram infinitamente mais inocentes do que todas as outras coisas que imaginei Abigail fazendo para algum filho da puta qualquer, ainda assim, o pensamento da sua boca em outra que não a minha deixou-me furioso. Apenas pela milésima vez, desde que a possibilidade criou raiz dentro da minha cabeça.

O Doutor (Homens no Poder) Onde histórias criam vida. Descubra agora