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ABIGAIL TORRES



Debaixo de Nicholas, pude sentir cada grama do peso do seu corpo sobre o meu. A camisa, desabotoada de forma brusca e agarrada ao suor de sua pele, era a prova de que não paramos sequer para nos despir. Não da forma adequada. Minha camisola, embolada acima dos seios, era outro dos entraves. Só que agora, já não impedia Nicholas de ver o estrago delicioso que sua boca e dentes me fizeram na pele.

Sufocada, entre respirações curtas e ofegantes, encarei o homem que havia acabado de pedir para que morássemos juntos. Uma única frase e, de repente, eu estava uma bagunça que ia além da sexual.

— Morar com você? — perguntei, hesitante. As palavras me escaparam com dificuldade. — Não acha que...

— Estou indo rápido demais? — inquiriu, ao afastar o corpo e sair de dentro de mim. O membro ainda ereto, mesmo após o gozo, era um prelúdio da noite que teríamos. Claro, se eu não o expulsasse da suíte antes. — Há coisas que homens da minha idade simplesmente sabem, Abbie, e perder tempo já não é algo que estou disposto a fazer. Se quero você, então que seja por completo. Na minha vida, compartilhando do meu dia a dia. Dormindo e acordando na minha cama.

Meus lábios estremeceram, enquanto eu me sentava confusa sobre a cama, com as pernas, grudentas do seu e do meu gozo, e os lençóis com nosso cheiro, suor.

— Você parece assustada.

— E estou. — A verdade é que este homem sempre me deixaria nervosa. De uma forma ou de outra.

Por esse motivo, pelas emoções que Nicholas me causava sem qualquer esforço, além da bagunça em que me deixava, precisei me levantar e colocar alguma distância entre nós dois. Antes que acabasse por concordar com cada um de seus pedidos, sem ao menos pensar nas consequências.

Ao me trancar no banheiro, e deixar um homenzarrão à espera de uma resposta sobre a cama, fui até a pia e joguei água gelada no meu rosto. O gesto fez-me deter a atenção no elástico preto em meu pulso.

O primeiro impulso foi o de arrancá-lo, mas então me lembrei do estado em que fiquei após presenciar aquele beijo. Eu percebia agora que o beijo talvez não fosse todo o problema. Ele me magoou? Com certeza. Mas o que me impediu de voltar àquele quarto e dizer sim para o pedido de Nicholas foi a forma como eu sucumbi longe dele.

Nunca me senti tão vazia.

E tinha medo de que, se nos déssemos outra chance, a próxima vez em que Nicholas pisasse na bola ou decidisse, simplesmente, me arrancar da sua vida, eu não fosse suportar.

— Esse é o tanto que eu te amo — sussurrei ao encarar o meu reflexo.

O som da batida à porta, no lado de fora, fez-me encolher.

— O que está acontecendo aí dentro, Abigail? — Seu tom de voz soou grave, preocupado. Para não dizer impaciente. — Está tudo bem?

Não, eu não acho que estava.

— Eu... eu estou. Mas quero ficar sozinha, preciso pensar. — Longe de você, pensei, mas não disse.

Por longos segundos, tudo o que escutei foi a respiração pesada de Nicholas. Assim como os seus passos o levando de um lado a outro.

— Eu estarei na minha suíte. Me telefone quando quiser conversar. — Em vez de alívio, o que senti foi um nó na garganta. — E Abigail? Em algum momento, você terá que parar de correr.

***

Depois de uma manhã inteira dividindo-me entre seminários e pequenos intervalos, subi até o meu quarto, tomei um banho rápido e voltei a descer. A fim de ir até o auditório onde aconteceria a principal palestra do dia, que seria ministrada por ninguém menos do que o homem que me fez gozar e gritar na noite passada. A lembrança de suas mordidas e o fato de meus seios ainda se encontrarem sensíveis e doloridos foi o que me fez hesitar diante do corredor.

O Doutor (Homens no Poder) Onde histórias criam vida. Descubra agora