Robin

‹⟨ Episódio 8: Como se estivesse deitado em uma nuvem ⟩›

Com cuidado, o garoto empurra sua janela para cima. Reza para a madeira não fazer grande barulho e alertar seus responsáveis. Pula para dentro do quarto totalmente escuro, difícil de se ver o que há dentro. Fecha a janela, somente as luzes de fora, através do vidro, se tornam o único ponto de luz. Respira aliviado e cansado. Estala seu pescoço pesado e retira sua máscara. Arremessa seu novo bastão para a cama, se livrando dele.

Imediatamente se atira no colchão, mergulhando em sua maciez que aquece suas costas. Suspira totalmente realizado com o conforto.

—ahhh meu deus...

Fecha os olhos, coloca dois dedos entre os olhos, coçando a região, que parece ser mais a consequência do cansaço. Mesmo querendo ficar mais tempo deitado e não levantar, luta para se por de pé e retirar todo seu traja. Puxa a trava de sua capa e ela desgruda. Faz isso tudo calmante e sem pressa, em sua plena privacidade e momento. Mas três toques na porta o alertam.

—quem é?—para seus movimentos onde estava.

—Tim, sou eu, Bernard. Podemos conversar?

É um estalo na mente de Tim que de repente fica eufórico e nervoso, confuso pelo quarto.

—aahhh... Bernard, só, só um minuto!—pula num pé só tentando tirar sua bota—esperAH!—cai de peito no chão.

—tudo bem?—Tim imediatamente se levanta, todo descabelado.

—ah, sim! Claro! Só estou me trocando! Um minuto!

—ah tranquilo.

Tim corre jogando e arremessando suas peças de roupas, se livrando de cada parte de seu traje, totalmente desajeitado. Luvas, cintos, botas, todas peças voam e, sem tempo para guardar apropriadamente, Tim resolve socar tudo de uma vez em uma porta do seu armário. Usa seu peso pra tentar fechar. O estrondo do choque de seu corpo com a madeira assusta Bernard fora do quarto.

—Tim...? Tudo bem?

—ah!

Tudo que o garoto loiro escuta são estrondos e pés ligeiros no piso dentro do quarto, portas batendo e objetos voando. Na cabeça dele, o que acontece lá, dentro é um furacão. Quando ele se aproxima para escutar melhor, a tranca gira e as engrenagens estalam, ele se afasta. Tim abre a porta de madeira branca, com um sorriso disfarçado e o suor em sua testa. Bernard nota o esforço mascado pela água natural de seu corpo e, se surpreende ainda mais por notar que o outro está somente de cueca, uma cueca preta listrada e alguns desnehos de corações no elástico. Um corpo magro, porém bem desenhado e bonito.

Rapidamente vira o rosto, e suas bochechas já começam ficar vermelhas, onde as sardas em seu rosto parecem se misturar. Fica sem jeito, mas Tim parece não perceber a situação, tanto que não se cobre ou esconde qualquer coisa, muito pelo contrário, deixa tudo exposto e visível.

—a-ah, T-Tim... V-você sabe que tá só de cueca, né?—levanta o dedo frouxo, apontando para baixo sem coragem de olhar.

—o quê?—Tim olha—AH MEU DEUS!!—põe a mão na frente e corre para dentro do quarto—me desculpa! Eu não vi! Tirei tudo tão depressa que.... Meu deus! Que vergonha!—mais barulhos de estrondos dentro do quarto.

O garoto reaparece na porta com um sorriso envergonhado e bochechas rubras. Veste uma camisa do Superman e um short preto. Não verificou se estão limpas. Bernard entra timidamente no quarto do seu amigo. Tim fecha a porta assim que ele passa. O dono do quarto é rápido em puxar as roupas atiradas em cima da sua cama, dando um acesso livre para o loiro se sentar. Ele agradece a gentileza. Parece estar mais à vontade, os dois parecem na verdade. Tim se senta ao lado dele.