Um surpreendente reencontro

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02 🦇 08 🦇 1950

Maldito Diário,

Como uma vampira, você pode pensar que eu não posso sair sob a luz do sol... E, de fato, a lenda sobre vampiros serem mortos sob a luz solar é real, no entanto, isso só acontece com vampiros mais velhos, aqueles com mais de mil anos de idade.

Eu, em meus jovens trezentos anos de idade, ainda sou capaz de passear pela cidade para eventuais comprinhas, contanto que traga a minha sombrinha preta comigo.

É sempre divertido notar as reações dos cidadãos humanos, sempre a virar suas cabeças ao me verem passar...

Sabe, quando eu me mudei para esta cidade, temi que fossem me expulsar ou quem sabe algo ainda pior... Mas, com o tempo, percebi que apesar de serem muito conservadores, eles também são muito dóceis. E podem até não gostar de mim, mas, enquanto eu não lhes causar nenhum problema e... bem, seguir sendo rica, acredito que não se atreverão a me importunar.

Hoje eu fiz o sacrifício de deixar minha casa apenas para comprar uma nova taça para repor a última que quebrei ao me assustar com a comercial de margarina... eu digo, aquela família parecia tão feliz, o que poderia ser mais perturbador do que isso?!...

Mas, é claro, eu não resisti, e acabei comprando algumas coisas a mais:

🦇Caneca preta

🦇Delineador

🦇Shampoo com cheiro de hortelã

🦇Velas pretas

🦇Esmalte escarlate

🦇Vaso de cristal verde

🦇Revista (Uma das frases da capa dizia: 13 formas de arranjar seu homem, e foi uma decepção descobrir que a matéria era sobre casamento, nada relacionada a dieta restrita de vampiras como eu...)

🦇Margarina (Sim! A mesma da propaganda! E logo depois a joguei no lixo... Pelo menos livrei uma família de toda aquela felicidade!...)

Eu caminhava para além da lixeira, onde havia jogado a margarina, quando uma voz familiar chamou a minha atenção. Olhei para a calçada do outro lado da rua e, poucos metros mais adiante de onde eu estava, encontrei aquele estranho homem que havia esmurrado a minha porta na semana passada. Quase instantaneamente ele também me notou, tornando-se pálido como leite estragado.

— P-pode ver aquela mulher?!... — ele gaguejou para s mulher em sua frente.

— Oh, mas é claro! Essa é a Srta. Vampira!

— Vampira?! — ele vociferou desafinado.

— Um nome peculiar, de fato... Então, nos vemos amanhã, Alfredo!

A mulher o deixou e eu já seguia também o meu caminho quando, mais uma vez, ouvi o familiar gaguejar...

— Srta. Vampira?

Eu interrompi a minha caminhada e dei a mais graciosa meia volta que nenhum humano poderia recriar, e disse:

— Boa tarde! Como posso ajudá-lo?

— Sou... Alfredo Smith... Muito pr... — Ele freou o ato de estender-me a mão. — Oh, isso é estranho visto que já nos conhecemos antes sem nos apresentarmos formalmente... — Alfredo proceguiu a massagear as próprias mãos obsessivamente. — E-eu realmente acredito que começamos com o pé esquerdo...

— Não, não... Eu diria que começamos com o direito — respondi.

Alfredo franziu o cenho por um momento.

— Oh, certo... M-mas ainda acredito que eu deva me explicar: eu... eu perdi o meu emprego, vim pra esta cidade para fazer uma entrevista de emprego, e, quando estou quase chegando, meu carro para de funcionar, me forçando a caminhar e quando finalmente chego a cidade começo a ter uma crise de asma, foi quando bati a sua porta... Então... Eu só q-queria dar as minhas mais sinceras desculpas pelo modo como eu me comportei na sua casa... E-e também agradecer por ter me acolhido quando eu mais precisava...

— Sem necessidade de desculpas! E não fiz mais do que a minha obrigação de cidadã! — Oprimi uma risada gritada que foi o bastante para alarmar Alfredo de modo que o imaginei a se despedir e atravessar a rua quase a correr e sem olhar para os lados... Mas ele não fez isso.

Ao invés disso, ele se ofereceu para me ajudar com as sacolas...

Eu recusei, educadamente, ele insistiu, ainda mais educadamente, e, assim, retornamos juntos a minha casa conversando sobre temas fúteis a respeito desta pequena cidade

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Eu recusei, educadamente, ele insistiu, ainda mais educadamente, e, assim, retornamos juntos a minha casa conversando sobre temas fúteis a respeito desta pequena cidade.

Ao chegar a porta de minha casa, enfim nos despedimos e ele enfim partiu...

Eu ainda não consigo entender... Apesar de parecer completamente aterrorizado, Alfredo parecia fazer um esforço Hercúleo em parecer calmo e portar-se com simpatia...

Bem, de qualquer forma, como pode ver, foi uma dia perfeitamente detestável. Mas esta noite, será ainda melhor...🦇

O Diário da VampiraOnde histórias criam vida. Descubra agora