Vampira Maravilha

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01 🦇 03 🦇 1951

Querido, maldito Diário,

Passei as últimas semanas trancada em meu caixão determinada a nunca deixá-lo e seguir a definhar pela eternidade que me resta... O que teria feito se não fosse pela chegada de um dos meus amigos morcegos. Ele insistiu por um minuto a bater com suas patas sobre a tampa de meu caixão até que eu enfim o abrisse. Foi quando ele revelou que Alfredo estava em apuros.

Não pensei duas vezes, transfigurei-me na mesma espécie de mamífero e juntos voamos até a área onde meu tão caro amigo se encontrava.

Só pela tonalidade do céu eu sabia ser por volta da meia noite.

Há poucas quadras da minha casa, estava ele, cercado por um grupo de "homens" a espancá-lo impiedosamente.

Foi quando retornei a minha forma original pousando há poucos metros do beco onde o grupo de baderneiros fazia sua festa.

Forcei um som de tosse chamando a atenção de todos e observei a meia dúzia de sorrisos sobressaindo-se florescentes na fosca escuridão que nos cercava.

"O que temos aqui?..."

"A sobremesa..."

Foi tudo o que dois deles puderam dizer antes que eu avançasse no pescoço do primeiro e maior de todos. Os outros coitados ainda tentaram me separar dele tendo suas peles imediatamente rasgadas pelas minhas garras. Um por um, foi caindo a vazar como patéticas garrafas de vinho abertas...

Alfredo ainda estava lá; de joelhos, boquiaberto, lívido, suado e com seus olhos avermelhados encarando incrédulos o rubro licor humano a escorrer por todo o meu corpo sob a luz do luar...

Lentamente caminhei até ele que se manteve totalmente imóvel até que eu estivesse perto o bastante para tocá-lo quando enfim se afastou num irrepreensível impulso instintivo, caindo para trás ao passo que estendia os braços numa vã tentativa de autoproteção.

O observei durante alguns instantes; seu frágil corpo trêmulo esforçando-se para manter a mesma posição enquanto ainda respirava muito aceleradamente...

Então o deixei; certa, ainda mais então do que já estava antes, de que jamais voltaria a vê-lo...

Quão grande não foi minha surpresa ao receber sua visita já na manhã seguinte!

Eu tinha praticamente acabado de pegar no sono quando ouvi o glorioso som da campainha (sim, meus sentidos aguçados me permitem ouvi-la mesmo de dentro de meu caixão).

Sem saber quem estaria me esperando do outro lado da porta, dirigi-me ainda sonolenta até ela vestindo apenas meu hobby de ceda tão brilhante e escura quanto o pelo de um gato negro e com minha máscara de renda ainda presa em minha cabeça.

– Quem se atreve a me visitar tão ced... — Eu comecei a dizer ao mesmo tempo que bocejava com os olhos cemicerrados sem focar no ser a minha frente quando enfim o vi. Alfredo em seu terno bege barato e sobre um adorável chapel marrom que lhe caia muito bem...

Carregava consigo um buque de rosas vermelhas que destoavam completamente de sua figura de modo que rapidamente o arranquei de suas trêmulas mãos. Com tal brusco movimento, um espinho esquecido num dos caules arranhou um de seus dedos, obviamente, fazendo-o sangrar.

Alfredo me encarou pálido enquanto sorri para ele com minha cabeça levemente inclinada para frente...

— Não se preocupe, querido... Sangue de inocentes não agrada o meu paladar... 🦇

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