17 🦇 12 🦇 1950
Maldito Diário,
Você provavelmente conhece aquela expressão que diz "o mundo dá voltas"...
E, em todos esses anos, ela tem sempre se provado verdadeira para mim, mas, ainda assim, sempre que algo ruim me acontece eu sigo melodramaticamente acreditando que isso será o meu fim...
Da última vez, como poderá observar em meu relato a seguir, mais uma vez essa frase veio a provar-se verdadeira, e mais rápido do que eu jamais poderia sonhar. O que aconteceu foi que, após algumas investigações, a polícia logo descobriu alguns "podres" a respeito de Andrea que foram o bastante para provar que ela não era uma pessoa nada humana afinal de contas (seus primos gêmeos, um menino e uma menina de quem ela "cuidava" nos finais de semana que o digam)... Não que isso justifique meus atos, mas, afinal não fiz nada além do que tenho feito nos últimos séculos; porém com homens maus.
Por alguma razão, nunca fui muito boa em sentir o mal em seres com o mesmo gênero que o meu, e, por causa disso, não estava tão certa quanto ao meu mau pressentimento contra Andrea...
De qualquer forma, aprendi uma importante lição: preciso buscar um meio diferente de sobrevivência! Ainda sou parcialmente humana apesar de tudo, e se quero ter qualquer tipo de relacionamento com os humanos, ou um em especial, eu realmente preciso virar... Bem, vamos chamar isso de "vegetariana"!... Já conheci outros monstros como eu que optaram por tal estilo de "vida" e sei como encontrá-los para que me ensinem a mudar minha dieta.
Eu já havia considerado tal mudança muitas e muitas vezes, mas precisei passar por esse grande trauma para aprender tal lição... Deve ser assim que os viciados em cigarro se sentem quando finalmente decidem parar de fumar e de fato o fazem...
Falando em cigarros, foi justamente a tragar um "Lucky Strike" que encontrei Alfredo no dia seguinte após as terríveis notícias sobre o sombrio passado de Andrea.
— Não pensei que fosse fumante... — Eu disse, surpreendendo-o ao chegar pelas suas costas no parque do centro da cidade.
Alfredo encontrava-se sentado numa elevação do solo gramado a encarar o vazio para além das flores pessoas e tudo mais que havia em sua frente.
— Não sou... Nunca fui... Mas talvez deva ser. Bem como meu pai costumava ser...
— Eu... — comecei sentindo-me tonta pela minha parte de responsabilidade por sua dor. — ... eu sinto muito... Alfredo.
Ele se limitou a dar de ombros. Seus olhos fundos, fundos, quase tão sombrios quanto um poço...
— Por favor!... Pare com isso! — eu clamei, jogando o cigarro que havia em sua boca no chão. — Não é como seu pai... Eu digo, se ele foi tão ruim quanto você deu a entender!...
Alfredo suspirou com o peito estremecendo como acontece depois que choramos muito. Ele virou a cabeça encarando-me; primeiro com um ar de indiferença que logo se converteu num de tristeza leve e enfim de dor profunda com ele curvando a cabeça a chorar de modo que não pude evitar abraçá-lo. Com seu tronco curvado e cabeça apoiada no meu ombro esquerdo ele seguiu a chorar enquanto eu sentia meu coração pesar ao longo do infinito minuto que se seguiu... 🦇
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O Diário da Vampira
Fanfiction🦇 Quem não gostaria de dar uma espiada no diário da icônica Vampira?... 🦇 História totalmente inspirada na inesquecível personagem criada por Maila Nurmi que causou sensação nos anos 50, enfim imortalizando-se nas memórias dos presentes e futuros...