Consulta fajuta

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12 🦇 09 🦇 1950

Maldito Diário,

Acho que não contei antes que, na bela tarde em que me ajudou com as minhas sacolas de compras, Alfredo me entregara, antes de partir, um pequeno cartão branco:

Dr. Alfredo Smith

Orthodontist

Phone: 102-13

Desde então, eu o havia esquecido sobre a mesa da cozinha , só voltando a encontrá-lo esta manhã ao retornar de mais uma noite de... um muito elegante jantar, como pode imaginar...
Eu sei, eu sei... Eu venho ocultando todo um lado da minha vida de você, diário, mas, até que eu descubra uma tinta de caneta mágica que permita que somente eu leia os meus relatos sobre as minhas aventuras noturnas, é melhor eu me referir a elas aqui da forma mais discreta possível.
Tudo o que posso dizer sobre aquela manhã é que eu estava "morta"!
Sim, claro, tecnicamente, isso é o que eu sou, mas o que eu quero dizer é que estava particularmente "morta" naquele início de dia e foi com as minhas mãos ainda vermelhas de hmm... batom, é claro, já caída em uma das minhas cadeiras provençais, que eu alcancei o cartão no centro da mesa de madeira escura não sem manchá-lo parcialmente com minhas digitais púrpuras, a mirar as poucas palavras e números impressos nele por uma máquina de escrever.
E foi nesse deplorável estado de torpor elétrico (você precisa ser como eu para saber como é...) que agarrei o telefone sobre a mesinha na sala de estar e telefonei para o número do cartão.
Uma doce voz feminina me atendeu e antes que você possa dizer "vampiros me mordam", eu havia marcado uma consulta já na tarde do dia seguinte.
Sim, eu, em minhas condições, marquei uma consulta com um DENTISTA!
Anda não muito certa de como ou por que fui fazer isso, foi como cheguei na consulta nada menos do que meia hora adiantada.
A recepcionista era muito jovem, devia ter uns vinte anos, no máximo, e bebia chá de uma minúscula xícara cor-de-rosa engasgando-se imediatamente ao me ver chegar. Não porque não me conhecia, mas justamente por já me conhecer a distância.
Isso acontece muito. As pessoas desta cidade vivem a me evitar e nunca esperam me encontrar. Quão pretensioso da parte delas é acharem que eu, como qualquer outra moradora, não preciso socializar de vez em quando, não é mesmo?...
Agora você deve estar se perguntando: "mas como ela se surpreendeu com a sua chegada se a consulta fora marcada com o meu peculiar e super conhecido nome?"
Acontece que, no estado de perturbação em que eu me encontrava quando fiz tal ligação, acabei dizendo o meu antigo nome (um nome muito sem graça que prefiro nem citar aqui), mas nada que um minuto de hipnose não pudesse consertar... de modo que eu esperei naquela claustrofóbica salinha de espera durante exatos 13 minutos (incrível como esse número parece me perseguir...), os quais contei ao encarar o grande relógio de madeira preso a parede em minha frente, até que Dr. Smith enfim deixasse a sua sala, mais uma vez, tendo uma espécie de espasmo involuntário por todo o seu corpo ao me encontrar já erguendo-me do meu assento, como sempre, deslumbrante num longo vestido preto, o qual, pateticamente, tentou disfarçar com um forçado sorriso a estender sua trêmula mão na minha direção...
Já na sala de atendimento do Dr. Alfredo, com minha boca aberta enquanto ele a examinava, eu me perguntava o que levaria alguém a escolher tal profissão.
Eu sei o que você deve estar pensando: "como você pode deixar alguém examinar os seus dentes, Vampira?!". E, bem... tudo o que eu posso dizer é que as minhas presas só aparecem quando são necessárias!...
Ele falava e falava e eu ouvia sua doce voz elogiar os meus dentes perfeitamente saudáveis... Uma pena eu não poder respondê-lo.
Mas, de qualquer forma, a consulta não foi uma total perda de tempo. Ela enfim serviu para confirmar o que eu mais temia: Dr. Alfredo é alguém que eu gostaria de conhecer melhor...
Apenas ainda não sei como farei isso...

Apenas ainda não sei como farei isso

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