O monstro em mim

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05 🦇 12 🦇 1950

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05 🦇 12 🦇 1950


Maldito Diário,


Em poucos momentos de minha longa jornada neste amargo e cruel mundo, experimentei a escuridão como venho fazendo desde a última semana.

Foi quando cometi uma atrocidade que já não me permitia fazer há quase dois séculos... E já cansada de esconder o meu verdadeiro eu de você, diário, enfim revelarei exatamente tudo o que se passou naquela terrível sexta-feira.

Não pude escrever antes, apesar de ter tentado algumas vezes. Tudo tinha acabado de acontecer de modo que precisei interromper minha escrita na última data que usei minha pena em suas páginas.

Toda luz já havia cedido lugar para as trevas quando a encontrei solitária já a caminho de casa.

Eu sabia, por meus instintos que nunca falham, que estávamos a sós. E numa área sombria, longe dos poucos postes que iluminam a estreita estrada, materializei-me bem na frente da bela moça que sob as sombras já não parecia mais tão cor-de-rosa e loira...

Gostaria de não lembrar... Que esses momentos fossem deletados de minha memória logo após uma longa tarde de sono... Mas, inexplicávelmente, ainda mais do que qualquer outra lembrança de minhas experiências em meu "modo assassina", as visões de meu último ataque permaneceram tão claras quanto a luz do dia! Seus olhos... tão arregalados que quase saltaram para fora de seu crânio... E, mesmo sob toda aquela escuridão, tão, tão azuis!... Foi quase como encarar a mim mesma três séculos atrás; quando, com o mesmo pavor, deparei-me com um morcego transformando-se num humano... Ou, mais precisamente, algo que já havia sido um...

 Ou, mais precisamente, algo que já havia sido um

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Meu ataque não durou muito. E se minha memória não foi distorcida pela demoníaca adrenalina que experimentei naquele momento, ele não durou muito mais do que três minutos.

Em três minutos uma vida cheia de esperança foi interrompida.

Você devia ver os jornais nos dias seguintes... Na primeira página de todos eles a misteriosa morte de Andrea era anunciada para o terror de todos os cidadãos e para minha eterna culpa.

Ainda não está muito claro para mim a razão para eu ter me portado daquela maneira; após tanto tempo dedicando-me com tanto afinco para controlar meus mais perversos instintos...

Por que estava tão certa de que fosse a coisa certa a fazer?

E se Andrea mudasse com o tempo? E se aprendesse a amar Alfredo verdadeiramente?...

E Alfredo! Que perdeu a primeira esposa de um modo tão traumático, tendo que voltar a lidar com uma perda ainda mais sombria!... Como alguém pode superar uma coisa dessas?!

Como posso ter ignorado tal realização até agir de tão brutal maneira?!...

Mas, de fato, isso já não importa mais. O que está feito, está feito. E eu preciso me entregar. Não importando as consequências... As mereço sejam elas quais forem. Posso encará-las... Posso encarar tudo e a todos...

Exceto a vergonha em Alfredo descobrindo o quão terrível eu fui. Ser o alvo de seu total desprezo e rancor...

É a única coisa que ainda me mantém aqui, presa e isolada neste agora tão dolorosamente silencioso lar... 🦇

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