De onde você vem e aonde você e o mundo que o rodeia?
Para que time torce? Qual celebridade você mais odeia?
Recorde de sua infância, em sua velha cidade, sítio ou aldeia
Seus velhos amigos, de nomes comuns e feições familiares
E das pessoas que em sua trajetória conheceu, centenas ou então milhares
Recorde de seus objetivos de vida, aspirações, suas favoritas canções
Vejo que agora não alcanções o que queria, mas está feliz por ter o que tem
Em um trabalho comum, ganhando o que pra tu é comum
ou estudando, na fila das carreiras é mais um
ou quem sabe, largou tudo pra ter aquilo que poucos almejam ter
E quando chegar lá, perceberá que já há outros agindo como você
Alguns até possuem o seu mesmo nome, ou possuíam quando em vida
Quantas pessoas usaram esse seu nome, quantos tinham a vida parecida?
Quem vive mais de cento e vinte anos, antes de chegar a saída tardia?
Quer ser um Leonardo da Vince? Um Alexandre o grande, que governou Alexandria?
Mas você sabe dizer quem eram eles? Seus sonhos, personalidades e alegrias?
Quantos Leonardos são necessários para mudar o mundo à nossa frente?
Apenas um, ou milhares, mas destes os sobrenomes não serão evidentes
Então sente em sua cadeira, viva e continue dando sentido a sua vida
Procure o afeto da familia, o amor ao dinheiro ou a sua paixão querida
Se tentar por em seu nome uma marca, os mestres não deixarão
E se por acaso deixarem, quem é que se lembrarão?
A sua família amada? Seus companheiros de vida? Logo estarão debaixo do chão
E quem ouvir o seu nome, lembrarão dos seus feitos, mas não de sua feição
Serão influenciados por suas ações passadas, enquanto seus ossos desintegrarão
E quem sabe, então, se não volta por reencarnação?
Não lembrará de si mesmo, mas poderá se admirar, mesmo não tendo a noção
de que aquele a quem inveja já foi você, com outra imaginação
Inveja o Leonardo da Vince, quer ser maior do que ele, não existe real admiração
E mesmo se não aspira tanto, vive sua repetição
Divide um nome com milhões ou milhares, não importa a numeração
Viverá até morrer, beberá até mijar, comerá até encher e esvaziar
Reproduzirá, ou talvez não. Terá uma casa, ou uma mansão
Ou não terá nada, viverá com seus pais ou de pensão
Armará estratégias de sobrevivência, assumirá o trono de si próprio
talvez terá alguma regência, até que se encontre bem sóbrio
E quando morrer, outro o seu nome vestirá
Viverá quase da mesma forma, e importa como ele viverá?
Importa apenas para ele mesmo, mas este mundo não o enxergará
De que importa os olhos de uma formiga, se ela não enxerga o pé que a esmaga?
Ou as suas seis patas, se não pode fugir daquele que pisa?
Ou o seu nariz, se não lhe ajuda a respirar dentro de uma nuvem de inseticida?
Ou a sua altura, se não podemos ver a sua beleza minúscula?
E a vida humana se repetirá, vivendo de conforto e lazer
de fome ou fartura, acidez ou doçura, de dor e prazer
Enquanto eles observam o gado, contentes com o paraíso que vieram a fazer
Em breve alcançarão a imortalidade, talvez, e então rirão de Deus e suas crias
Yaldabaoth e seus servos que governam a realidade, usando de todos como baterias
Não precisa fazer sentido, só o que precisa é ser sentido em poesias
Eles derrubarão o senhor do verdadeiro céu, e clamarão vitória em alegorias
E a ciência se multiplicará, assim na Terra como no Céu, até o fim dos dias
E provarão, no fim das contas, que não há mais provas a serem provadas
Que existir é uma redundância do universo, que Deus é apenas seu efeito
E a causa, quem se importa com a causa? Ninguém restará pra investigar o que é perfeito
Então viva e dê sentido a sua vida, eu repito, e deixe que o universo dê o seu jeito

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Absurdo!
Humor"Trago a solução para a fome: que sejam arrancados os vossos estômagos". Aqui se encontrará compilados de textos absurdos sobre a absurdez de tudo o que é absurdo. E ao mesmo tempo vai abrir com uma crítica a um certo site que censura narrativas cri...