1

221 23 7
                                    

— Se ficar tempo demais na janela, seu nariz pode congelar — O garoto loiro revirou os olhos, arrancando risos altos da mulher ruiva, que entregou em suas mãos um chocolate quente — Não deveria estar na cama?

— Não consigo dormir, minha cabeça não para, sinto saudades dos meus pais — Fechou a janela, sentando próximo a lareira e finalmente percebendo como seu corpo estava frio.

— Eles virão em breve, é difícil para todos nós, mas faz tantos anos que já nos acostumamos, certo? — Ele concordou, conformado com a situação, afinal, não havia outra maneira — Amanhã, podemos treinar seu Doton novamente, o que acha?

— Acho que fizemos isso durante 10 anos, e eu definitivamente não consigo ter mais afinidade do que isso com o elemento da nossa família, tia Karin, sinto muito — Suspirou, observando a fumaça sair devagar do líquido quente — Meu pai tentou me ensinar Katon algumas vezes, e eu também não consegui, devo mesmo ser um fracasso.

Sua tia se ajoelhou ao seu lado, segurando seu rosto com as duas mãos de forma carinhosa, como sempre fazia quando o garoto se sentia triste.

— Não é um fracasso, você é talentoso demais, sabe dois tipos de elemento e nem mesmo tem afinidade com eles, isso é algo para poucos, e talentosos — Karin acariciou sua bochecha e beijou sua testa — Então amanhã, iremos até a biblioteca da vila escolher o melhor dos livros, sei que gosta de ler para as crianças do orfanato.

— Se pudesse, leria para elas todas as noites, as crianças de Uzushio precisam de esperança, ela são nosso futuro — Abriu um pequeno sorriso, mas que já confortou o coração da ruiva — Vou tentar dormir um pouco.

— É jovem, as vezes ficar acordado até tarde faz bem, se divirta sendo um adolescente — Sua tia Karin bagunçou seus cabelos enquanto se despedia dele, e Boruto seguiu para seu quarto, sozinho.

De novo.

Nem sempre fora sozinho, lembrava de ter irmãos, quatro deles para ser mais exato. Kawaki, que brincava com ele sempre que tinha tempo entre as obrigações de herdeiro; Menma, cuja única obrigação era fazer pegadinhas com os irmãos; Sarada, a garota que não tirava a cara dos livros, e Himawari, que bem... Chorava, mas era uma lembrança boa suficiente, não se pode exigir muito das memórias de uma criança que foi separada da família aos sete anos de idade.

Dez anos longe de seus irmãos, com a sensação de solidão quase frequentemente presente. Exceto, é claro, nos momentos em que seus pais vinham visitá-lo, evento este que aconteceria uma vez a cada três meses, onde costumavam ficar uma semana inteira junto a ele antes de serem obrigados a voltarem para suas obrigações, que faziam completamente contragosto.

A maior parte do tempo que não se sentia sozinho era quando estava com sua tia Karin, a mulher que vinha o criando desde os seus sete anos de idade, quem ocupava seus dias e lhe ensinava a ser um shinobi. Era a ela que devia tudo que sabia, a mulher que dedicou sua vida a ele enquanto reconstruía um Clã inteiro.

O formidável Clã Uzumaki de Uzushiogakure, o lugar onde morava agora.

Conhecia a todos em seu Clã, e embora morasse em um palácio a alguns quilômetros da vila, fazia questão de descer a vila quase todos os dias para ficar com aquelas pessoas, fazia questão de cada uma delas, pois elas eram importantes para a reconstrução de seu Clã, e em breve, e teria que cuidar de cada uma delas, assim como sua tia fazia agora.

A história do Clã Uzumaki era encharcada de guerras e desgraças, mas Karin havia dado um outro sentido a isso, ela estava realmente reescrevendo tudo que podia na história, Boruto aprendeu as partes boas e ruins, aprendeu exatamente o que levou o Clã Uzumaki a ruína e o que poderia ser a solução daquela desgraça, tudo. Não havia uma parte daquele Clã, um segredo sequer, que Boruto não estivesse envolvido, afinal, ele havia sido o motivo pelo qual a mulher foi incentivada a reconstruir um Clã inteiro.

All For LOVE: Next GenerationOnde histórias criam vida. Descubra agora