Seus pelos se arrepiavam ao começar a sentir o sangue escorrer por toda a extensão de seu braço. Cortes e mais cortes eram feitos, uns mais fundos outros mais superficiais, de acordo com o choro que parecia insaciável.
Seu corpo escorregou na parede daquele banheiro gélido, se encolhendo no chão, recolhendo as pernas até ficar abraçada com elas. Sentia seu peito arder a cada pausa que dava para conseguir respirar, começando a soluçar. O som de seu choro se misturava com o som das gotas do chuveiro caindo ao chão.
Suas mãos correram até seu couro cabeludo enchendo-as com seus fios e os puxando com mais força que conseguia, queria retirar aquela angústia, aquele desespero a todo custo. Sua cabeça tombou para a parede, enquanto suas mãos corriam por seu rosto, forçando suas unhas até um grande rastro vermelho se formar em sua pele branca.
Ali a moça ficou, por longas e longas horas, até perceber que adormeceu. Sentia seu corpo doer pela posição mal ajustada. Com dificuldade se levanta, tentando caminhar até a porta do banheiro com as pernas trêmulas.
Seus olhos imediatamente foram até a sala de seu apartamento, vendo seus móveis fora do lugar, se sentindo cansada demais para conseguir sequer arruma-los. O corpo cansado foi até seu quarto, se surpreendendo ao ver um pequeno monte de roupas suas amontoadas no chão.
Mesmo que sua cama estivesse mal arrumada, estirou-se sobre ela, tentando procurar conforto naquela superfície macia. Abraçou sua própria pele ficando em posição fetal ao sentir um vento forte soprar pela janela aberta, sentindo seu corpo nu arrepiar.
Começava a sentir seus olhos pesados demais para se manterem abertos; cansados, se rendendo ao sono.
. . .
A moça despertou a algumas horas, mas se sentia indisposta para levantar, ficando apenas deitada observando o mundo a fora da janela, sem um pensamento permanente para se manter.
Decidiu levantar e sair um pouco. Procurou em meio ao monte de roupa algo para vestir, encontrando uma camiseta azul marinho, um casaco preto e uma calça moletom cinza.
Sem se preocupar em pentear o cabelo, saiu, sentindo seus fios emaranhados voarem ao vento.
Seus passos eram incertos, não sabia para onde ir, estava sem rumo algum. A noite caiu sobre a cidade e muitas coisas já estavam fechadas, tendo apenas a companhia das luzes dos postes.
A moça caminhou por um bom tempo, até chegar em uma ponte, vazia, por conta de uma reforma. Se sentou na beirada sentindo o vento refrescar sua face agora molhada pelas lágrimas.
Talitha sempre se perguntou "por que?".
Por que tudo isso acontece comigo?
Por que eu fui o alvo de tudo?
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Estrelas de Papel
Romantizm𝗦𝗜𝗡𝗢𝗣𝗦𝗘 | Ambos se cruzam na saída de um hospital. Ele por mais uma noite badalada e ela por mais uma tentativa de suicídio. Ambos levam vidas completamente diferentes, mas quem disse que estrelas possuem os mesmos tamanhos?!