✩‧₊ prólogo.

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Estela

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Estela.

Cinco meses atrás.

Quando alisei o vestido em frente ao espelho e ouvi pequenos murmúrios contagiosos de Carolina, cuja imagem se refletia imediatamente atrás de mim, eu soube que estava tudo certo — ao menos, em teoria.

Aquela noite tinha tudo para ser perfeita. E quando eu me refiro a tudo, não eram apenas pensamentos positivos e contagiosos, consideravelmente frutos de ideias fantasiosas sobre relacionamento — coisas que em teoria, não passavam de meras suposições. Se, em algum momento, aquilo fosse acontecer, seria naquela noite.

Apesar de novos, Gustavo e eu estávamos juntos desde os dezesseis anos — o que somava, naquela data em particular, exatos sete anos de relação. E apesar de todos os conflitos e pouca fé que as pessoas colocavam sobre nós no início do relacionamento, em parte por sermos jovens e imaturos, quando se chega a uma certa idade em uma relação tão estável, sem términos esporádicos ou discussões banais corriqueiras, as pessoas deixam de esperar o término eminente para questionar sobre casamento. Algumas pessoas diriam que nós éramos jovens demais, mas, se há tanta certeza sobre a relação, será que dois anos a mais ou menos fariam uma diferença significativa? Para as nossas famílias e amigos, certamente não.

As pessoas sempre me fizeram acreditar naquela baboseira de contos fadas. E, tendo começado a me relacionar tão cedo, eu me deixei levar por aqueles pensamentos infantis.

Influenciável pela pouca idade, e totalmente deslumbrada com meu próprio relacionamento, porque Gustavo era absolutamente diferente de qualquer outro cara como aqueles que minhas amigas habitualmente falavam (normalmente acompanhada de uma extensa lista de palavrões bem explícitos), eu acreditava veementemente que Gustavo escolheria a noite do nosso sétimo aniversário de namoro para fazer o pedido. Certamente não haveria ocasião melhor.

Talvez eu devesse me considerar jovem demais para uma nova etapa na relação. Se me questionassem aos quinze anos, pouco antes de conhecer Gustavo, se eu me veria casada em menos de dez anos, a resposta seria um simples e direto não. Eu gostava da ideia de romance, e embora uma leitora assídua de romances água com açúcar, nunca acreditei que homens como os interesses amorosos dos livros que eu habitualmente lia pudessem se reais. Mas então, fui apresentada a Gustavo e vi todas as minhas convicções se esvaírem — uma por uma.

Com isso, ali estava eu, naquela noite, acompanhada pela minha melhor amiga, experimentando o vestido que minha mãe tinha me feito comprar exclusivamente para a ocasião, porque, para ela, eu não poderia ser pedida em casamento com um vestido comum. Já eu genuinamente acreditava que estava a poucas horas de voltar para casa com um anel de noivado em mãos e a promessa de um casamento.

— Talvez a gente devesse sair para comemorar semana que vem. — As palavras de Carolina dispersaram meus pensamentos, embora eu ainda alisasse o tecido fino, que remetida a seda em um tom de amarelo pálido.

Imprevisivelmente, seu | Ricelly HenriqueOnde histórias criam vida. Descubra agora