Estela.
— Você está atrasada!
Na corrida para alcançar a mesa, lanço um olhar de pura insatisfação para Igor. Ele ri, encolhe os ombros e então degusta de um gole longo do que quer que esteja no seu copo. Eu, desprovida de fôlego, me sento na cadeira vaga, dispondo minha bolsa sobre o encosto.
Curvando as costas à frente, clamo por ar, enquanto a reação imediata do meu amigo é me medir. Minha vontade é mandá-lo a merda, mas, contrário a isso, eu visto um sorriso e digo a ele:
— Obrigada pelo aviso, Igor, eu realmente não tinha ideia.
— Como é você que se atrasa e a culpa sobra pra mim?
Não é preciso nada além de um olhar de insatisfação estendido para que Igor ceda e pare de falar. Ele ergue o braço, chamando o garçom, e apenas então me pergunta:
— O que você vai querer hoje?
— Um chopp. — Digo sem esforço. Recuperando parcialmente o fôlego, endireito a postura, jogando minhas pernas para dentro da mesa. Igor assente, demonstrando que entendeu. — E uma porção de tilápia.
— Beleza. — Quando o garçom chega à mesa, Igor se encarrega de mencionar: — Amigo, manda dois chopps pra mesa e uma porção de tilápia pra gente, por favor.
— É pra já. — Ele concorda, e então deixa a mesa carregando nossa comanda.
Igor me lança um olhar discreto, mas que é um indicativo da curiosidade latente. Eu retiro o celular da bolsa, ignorando os seus sinais, e deixo o aparelho sobre a mesa, conferindo as notificações. Há uma nova mensagem de Henrique, mas eu não pretendo respondê-lo no momento.
— Pra alguém que tava apenas encenando, parece que ele tá bem interessado, hein?
— Larga de ser curioso, cara. — Resmungo para que ele desvie a atenção. Igor, ignorando o que eu acabo de dizer, estica o olhar até que eu propositalmente desligue a tela. — Igor!
Ele volta a se sentar, mas não deixa de rir histericamente. Isso me deixa confusa sobre o que ele pretende. Se tudo isso foi apenas uma provocação, então eu não gostei do teor da brincadeira.
— Qual é, Estela, você me disse na terça que tinha uma coisa pra me contar e tá me enrolando desde então. Desembucha.
— Credo, você não era curioso assim.
Pela maneira como Igor revira os olhos, eu me excedo em uma risada. Ele então me encara beirando à expectativa, e eu desmancho a postura, descontente.
— Eu tava ocupada essa semana. — Me justifico. — Ainda tô trabalhando até mais tarde pra compensar a folga da semana passada.
— Estela...
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Imprevisivelmente, seu | Ricelly Henrique
RomanceTudo começa de maneira casual: uma brincadeira descontraída e despretensiosa para ambos. Estela não tem a intenção de levar a menção de Henrique a sério, apesar do nível de seriedade dele, mas quando a situação se torna mais complexa e dramática do...