✩‧₊ seis.

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Estela

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Estela.

— Eu espero que você não tenha esquecido do nosso encontro. — Henrique me diz. — Eu cheguei um pouco cedo demais, mas eu não sabia que horas você sairia e-

Eu quero rir devido a surpresa, mas há algo no olhar de Henrique que soa como súplica. Ele precisa de ajuda. E, por algum motivo, eu deduzo que isso inclua uma tentativa de sustentar essa situação, quando ele interrompe a frase pela metade.

— É, desculpa, amor, passou batido. Eu fiquei sobrecarregada com tanto trabalho hoje, peguei um trânsito do caralho agora na saída, nem tive tempo de olhar o celular. — Me justifico. O sorriso de Henrique, que beira o alívio, é um indício concreto de que eu soube conduzir a situação.

— Tudo bem. Eu espero você se trocar. — Dirijo a ele um olhar de curiosidade latente. — Fiz reserva naquele restaurante que você disse que queria conhecer.

— Me dê dez minutos. — Peço, pouco antes de me desvencilhar do seu toque e dar as costas a ele.

Eu não sei o que pretende, e isso me apavora mais do que me conforta, mas, a menos que se isso tudo se trate de uma piada de extremo mal gostoso, eu não pretendo deixar Henrique sozinho.

Algo — talvez minha intuição — me diz que Henrique não me procuraria dessa forma para agir como se tudo fosse apenas uma piada. Há algo acontecendo, algo que faz com que ele precise sustentar essa mentira — e até eu descobrir o que, eu vou continuar o acobertando.

Subo a escada com pressa, pulando os degraus, e saco o celular da minha bolsa no meio do caminho. Meus olhos imediatamente correm a tela, desesperadamente à procura do contato de Marcela. Ela é a primeira e, certamente a única pessoa a quem eu gostaria de confessar o que está acontecendo.

"Por que você não está aqui quando alguma coisa REALMENTE interesse acontece????"

"Mas vou te dar uma pequena prévia"

"O Henrique está parado na sala da minha casa agora, agindo na frente dos meus pais e do Matheus como se eu fosse a namorada dele"

"E EU NÃO SEI O QUE FAZER"

"SOCORRO MARCELA".

Eu não imagino que Marcela vá ver essas mensagens a tempo, mas, no mínimo eu serei o entretenimento da minha cunhada por uma noite. Se eu for ser motivo de piada para uma pessoa, que seja para ela.

Ao adentrar meu quarto, jogo o celular na cama e corro para abrir as portas do guarda-roupa. Imediatamente me sinto nervosa com a ideia de não saber o que vestir. Henrique foi extremamente vago na sua menção — e eu deduzo que, ainda que ele fosse mais claro, eu continuaria perdida. Eu não sei onde ele pretende me levar, nem sequer se ele, de fato, tem a intenção de me levar a um encontro — ou seja lá o que isso for.

Passo alguns instantes encarando as peças até me convencer a usar um vestido — o que, para mim, minimiza minhas chances de erro. Então eu substituo a camisa social e a saia de linho por um vestido preto largo, que não marca nada na minha silhueta, mas que soa como uma peça perfeita para qualquer ocasião.

Imprevisivelmente, seu | Ricelly HenriqueOnde histórias criam vida. Descubra agora