Minha cura - Joaquín Piquerez

04.

Isabelly Cavalcante

Hoje era aniversário de Piquerez, e pra comemorar, seria um churrasco com a família e amigos. Ou seja, tive que ir no shopping comprar presente de última hora! Já que minha querida amiga, fez questão de me dizer isso, um dia antes! Conclusão, foi uma correria.

Após uma manhã caótica, finalmente consigo me organizar. E como estava muito calor, coloco um short jeans e um cropped preto. Penteio meu cabelo e coloco alguns acessórios. Alguns minutos depois, eu estava pronta!

Caminho em direção à porta e pego a chave do meu carro. Entro no mesmo e dirijo até a casa da minha amiga. Uns 30 minutos se passaram e já tinha chegado lá.

Bato na porta e espero alguém vir abrir. Só não esperava, que esse alguém fosse Joaquín Piquerez...

— Ah.. Oi... – Sorrio tímida. – Feliz aniversário! – Entrego presente a ele.

— Obrigada, mas não precisava! – Ele soa simpático. – Mas de qualquer forma, obrigado por vir.. – O mesmo sorri e nós entramos na casa.

— Oi Isa! – Cami fala indo em minha direção sorrindo.

— Oi linda! Como vai? – Sorrio.

— Eu tô bem! E você? – Ela pergunta e eu respondo com um aceno. – Vamos lá fora, o pessoal está chegando...

Até o momento, Alice dormia serenamente no colo do pai, parecia não se importar com a conversa e a música alta.. Distraída, sinto alguém me cutucar.

— Amiga?

— Hum? – Me viro para Cami.

— Você pode ir lá em cima pegar a mantinha da Alice pra mim? Se eu sair daqui, esses jogadores vão destruir minha casa! – Ela brinca e eu concordo, indo em direção ao lado de dentro da casa.

Assim que eu entro no quarto, vou em direção ao berço e pego a mantinha da bebê. Mas, antes de sair, noto que o quadro, ao lado do berço, não estava mais lá...

Fico um tempo observando o quartinho... Sinto um aperto no peito, lembro exatamente do dia em que eu descobri que estava grávida... Ficava todos os dias planejando o quartinho, o enxoval, as roupinhas, cada mínimo detalhe...

Perdida em meus pensamentos, não notei que havia mais alguém entrando no quarto.

— Isabelly? Você estava demorando, então resolvi... – Interrompo sua fala.

— Está tudo bem.. Podemos descer! – Tento limpar meu rosto e disfarçar a cara de choro.

— Desculpa, mas... – Ele se aproxima de mim. – Porque você estava chorando?

— Eu.. – Respiro fundo. – Eu me lembrei de quando estava... – Fico quieta na hora que percebo o que eu iria contá-lo. – Licença, vou levar a mantinha que Cami me pediu... – Viro as costas saindo do quarto, deixando um homem confuso para trás.

- Uma hora depois:

Quando voltei do quarto, Cami conversou comigo e conseguiu me tranquilizar. Joaquín chegou alguns minutos depois de mim, e por incrível que pareça, ao invés de se sentar ao lado da irmã, que estava com a filha dele, o mesmo se sentou ao meu lado.

Este que, puxou assunto comigo, e nós ficamos conversando sobre várias e várias coisas que costumávamos fazer. Até que, o mesmo começa a falar sobre Alice.

No meu caso, não queria falar nada, nem perguntar sobre, vai que eu falo algo que não devo! Afinal, ele teve uma perda recente, não sabia como reagir nessa situação.

— Ela se parece muito com a mãe dela.. – Ele fala sorrindo.

— Tenho certeza o quanto ela era linda, já que Alice puxou a beleza para os dois lados.. – Engasgo com o suco e percebo Cami me olhando preocupada.

— Isabelly! Você tá bem? Pelo amor de deus, respira mulher! – Ela fala tudo embolado.

— Eu estou bem! Desculpa! – Falo e nós duas começamos a rir.

No meio desse caos, Alice acordou e parecia inquieta no colo da tia. Essa que logo a entrega para o pai. E como ele estava do meu lado, fico brincando com ela.

— Que sorriso mais lindo! – Converso com ela, que mantém seus olhinhos atentos em mim. – O que foi? Hum? – Ela enche os olhinhos de lágrimas e Joaco se desespera, pois estava tudo bem, não tinha motivos para a filha chorar.

Alice começa a chorar desesperadamente, seu rostinho começava a ficar vermelho, por conta das lágrimas. Joaquín não sabia o que fazer, parecia perdido e desesperado.

— Joaco, entre.. Vá acalmar ela em um ambiente mais tranquilo... – Cami sugere ao irmão, que apenas concorda e segue para dentro de casa.

— Já volto, amiga. – Me levanto e vou atrás dele.

Subo as escadas e o choro parece vir de um quarto ao fim do corredor. Chegando lá, era o quarto de Piquerez. Bato na porta e o mesmo dá permissão para mim entrar.

Ele estava em pé, balançando a filha, tentando acalmá-la. O que não deu certo, já que seu choro parecia piorar cada vez mais.

— Joaquín, me deixe segurá-la.. – Falo e o mesmo me olha confuso. – É... Sempre que Alice chora, e eu estou aqui, consigo acalmar ela.. Espero que não se importe...

— Tudo bem..Tudo bem... – Ele me entrega a filha.

Sento em uma poltrona e fico conversando baixinho com ela.. Coloco a chupeta em sua boca e a naninha perto de seu rostinho, o que pareceu tranquilizar ela. Piquerez observa cada movimento meu, sem acreditar que aquilo era possível.

— Eu imagino o quanto ela sinta falta de uma figura materna... – Ele fala quase em um sussurro, mas consigo escutar perfeitamente.

Meu coração parece ter sido dilacerado com suas palavras... Minha única reação, foi abaixar a cabeça, segurando as lágrimas.

— Vou colocar ela no berço.. – Falo com a voz embargada.

E assim, nós dois seguimos em direção ao berço que ficava no quarto de Piquerez. Cuidadosamente, coloco a bebê no berço e cubro suas perninhas com a coberta de ursinhos.

— Durma bem princesa.. – Sussuro colocando a naninha que dei a ela, ao seu lado.

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