Capitulo 02

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Era interessante o fato de que vampiros odiavam o sol

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Era interessante o fato de que vampiros odiavam o sol. Não que a claridade lhes fosse uma arma, mas diziam os boatos que seus olhos se incomodavam com o excesso de luz. Particularmente, não acreditava que fosse apenas por aquele motivo. A única vez que agradeci por morar em uma cidade tão quente quanto o inferno, foi descobrir e perceber com o tempo, que quase não se viam vampiros vagando por lá. Vez ou outra, de meses em meses, surgia notícias na TV de algum ataque ou alerta. Outro fato importante, era o de que os sangue sugas, como alguns apelidaram, não podiam deixar a "Cidade Matagal", ou "Cidade Vigiada". O local era um território não muito grande, localizado após um enorme buraco preenchido por plantas tão altas quanto os pinheiros. Constantemente supervisionado por policiais e agentes aéreos.

Saber que uma escola tinha permitido a entrada e o aprendizado daquelas criaturas, chocou o mundo inteiro. Ainda me lembrava do burburinho que a informação causou, até mesmo em uma cidade pequena, distante e quente como a minha. Minha mãe sempre dizia: "Coisa ruim se espalha rápido". E era a mais pura verdade. Mas depois de alguns meses, todos já haviam se adequado. O governo também prometera que a segurança seria máxima, dentro e fora da escola.

Enquanto andava, com a mão agarrada nas alças da mochila, me deparei relembrando o olhar que recebera minutos antes, do prisioneiro vampiro. Suas iris eram de um alaranjado muito forte, difícil de passar despercebido. Mas também muito diferente de alguns quadrinhos e revistas que comprara para ler em meu quarto, nos tempos vagos.

— Purpurinha? — Minha prima chamou, andando na frente. Sua expressão alegre tinha retornado e nem parecia que havia mudado de personalidade drasticamente alguns minutos atrás.

— Me desculpe. Pode falar. — Afastei meus pensamentos, sorrindo de uma maneira um pouco nervosa. A ansiedade começava a tomar conta de mim, sem saber o que esperar da nova escola e seus alunos tão...exóticos.

— Parecia perdidinha no mundo da lua. Que sorte a sua que já me acostumei. — Virando para mim e andando de costas, suas mãos se juntaram ao peito, formando um coração sobre o uniforme.

— Engraçadinha você, né?

— Ta bom, ta bom. Foi mal. — Ela riu da minha frase, voltando a prestar atenção no caminho. — Enfim, devo te dar breves avisos.

— Agora? Já estamos chegando na escola.

— Eu sei, é que mamãe mandou mensagem agora, não tinha visto antes. E se não fosse ela, nem saberia onde coloquei a cabeça.

— Ai Gabriela...conta rápido!

— Tá, tá. Primeiro, não se enturme com os filhinhos de papai e mamãe. Deve saber que é a melhor escola do continente e por isso existem alunos ali herdeiros de milhões. Essas pessoas normalmente são bem exibidas e gostam de puxar o saco dos menos privilegiados.

— Ótimo, evitar os valentões.

— Isso mesmo. Em segundo, nada de se meter em discussões ou brigas alheias. Você é bem tímida para fazer amizade, mas vive querendo defender os outros. Não faça isso! Mesmo que alguém pareça inocente. Nessa escola, duas repreensões do diretor e uma advertência são o bastante para a expulsão. Entendeu?

Unida Com Os VampirosOnde histórias criam vida. Descubra agora