Acordada

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Olivia
...

Eu sentia vagamente pessoas ao meu redor indo e vindo, mais eu não conseguia falar, não conseguia abrir meus olhos, não tinha forças pra isso.

Só queria saber onde estava, mais não conseguia perguntar.

Eu me lembro de toques; de pessoas me tocando, as vezes perto demais de mim, as vezes longe; as vezes acariciando-me, as vezes apenas deslizando suas mãos entre testa e pescoço.

Mãos ásperas e fortes tocaram meus braços em um momento, num seguinte mãos pouco calidas tocam minhas mãos, sinto algo parecido como um reconhecimento pois imediatamente quero agarrar a mão daquela pessoa para que ela não me solte, não me deixe, mais ela se vai antes que eu consiga fazer algo para impedir.

As palavras se perdem em meus ouvidos e eu não conseguia distingir quem fala ou oque se fala, muito menos saber se são reais ou não.

- É muito satisfatório...

Mais oque seria satisfatório?

- Eu conheço...

Quem conhece?

- Olivia somos...

Oque somos? Oque eu sou? Quem eu sou?

-Prometo...

Promessas são fáceis de quebrar

- Família...

Oque é ter uma?

- Princesa...

De quem são essas vozes ora doces, ora rispidas? Quem são os fantasmas que as pronúncia? Por que sinto que os conheço? Porque a saudade e o recentimento lutam dentro de mim?

- Liv...

Chefe?

Eu quero falar, quero que ele me escute, quero abrir meus olhos e o ver. Mais o escuro me toma, um tormento e um consolo para uma alma perdida.

                                 ♦️♠️

- Oli... - a voz de uma garota me chama ao longe - Você precisa acordar, estão preocupados com você - Não consigo respondê-la - Cruel é bom Oli, você sabe, cruel é bom.

Mais no fundo algo me dizia que não, cruel não é bom. E eu queria gritar aquilo para a garota, mais eu não conseguia; não sabia nem ao menos aonde minha voz estava.

- Abra os olhos, você consegue.

Sua voz me dava certa coragem, e eu tentei, mais não consegui.

- Você consegue Oli, vamos precisam de você!

Mesmo sem saber de quem ela se referia tentei de novo, mais minha situação não mudava.

- Olivia você pode fazer isso, eu sei que pode, você veio pra cá com um propósito agora abra esses olhos e o cumpra!

Me agarrei aquela palavra, propósito, dessa vez eu tentei com mais afinco eu precisava sair dessa escuridão precisava encontrar a minha luz. Senti o leve remexer de minhas pálpebras, com um pouco mais de força eu sei que consigo abrir meus olhos.

- Não esqueça Oli, Cruel é bom.

- Não. - resmunguei de volta

- Cruel é bom, salvamos vidas e salvaremos ainda mais delas.

- Não.

- Cruel é bom.

A frase se repetia em minha cabeça, ficando cada vez mais alta como um barulho intenso e incômodo.

Cruel é bom.

Aquela frase me dava forças para lutar contra o mar de esquecimento, sentia o sangue esquentar não sei porque mais sentia algo como raiva ou até mesmo ódio, lá no fundo eu sabia a verdade; aquela verdade que desvanecia bem na minha frente.

Cruel é bom.

Eu senti meus dedos da mão eu pude mexe-los, agarrando o que estava esbaixo delas com força, não demorou até que eu conseguisse abri meus olhos.

Cruel é bom.

Eu sabia oque eu procurava, quem eu procurava, mas não sabia onde estava e isso me assustava. Havia uma luz solitária no teto de onde quer que eu esteja, e então num momento seguinte luzes diferentes começaram a perpassar em cima de mim.

A realidade em choque com as imagens, que podiam ser memórias ou não.

Cruel é bom. 

Eu sabia que era uma mentira, sabia que cruel não era bom, mais eu não conseguia lembrar o porquê e cada momento que passava eu esquecia o sentimento.

Eu parecia estar em movimento num momento, mais sabia que estava parada, minhas mãos ainda agarradas no que quer que esteja abaixo delas.

Relances de pessoas perpassavam por minha visão, mais no fundo eu sabia que não estavam de fato lá.

- Cruel... - murmurei sentindo incômodo por conta do não uso da voz

As imagens continuavam a repassar, e aos poucos me lembrava de labirintos, de pessoas, de ordens. Mais tudo se desvanecia no momento seguinte.

Cruel é bom.

Uma agulha com um líquido azul veio ao meu encontro, tentei me afastar mais não me mexi, então senti uma picada fantasma em meu pescoço e aquilo queimava como brasa.

- Não... - senti algo escorrer em meu rosto enquanto segurava um soluço

Tentei levar a mão de encontro ao local, mais eu não sentia mais minhas mãos como antes elas pareciam estar presas.

- Ela tem que esquecer de tudo, de certeza desta vez.

- Sim senhora.

- Socorro... - sussurrei assustada

Uma mulher loira surge em meu campo de visão, ela se inclina até esta bem perto de mim para que ninguém a ouça sussurrar:

- Polpe o fôlego querida, não existe ninguém que possa salvá-la. Não esqueça Olivia Cruel é bom.

- Não, não, não... - comecei a repetir como louca

Sentindo minha pele molhada com as lágrimas. Cruel não é bom, nunca foi, nunca será.

- Liv?... - um garoto me chamou roucamente praticamente pulando em cima de mim

Cruel...

A frase se perdeu em minha cabeça porque agora olhos verdes assustados e preocupados buscavam os meus, aquele rosto e aqueles olhos...

Imagens continuavam a aparecer e eu não consiguia distingir oque é real e oque não é, muito menos se esses olhos são reais, não deveriam olhos de um verde tão intenso não deveria existir não é mesmo?

- Liv...

As mãos do garoto tocam meu rosto com cuidado, a palma de sua mão é quente um pouco calida mais aconchegante.

Era real, não era?

Aos poucos as imagens começam a parar, no mesmo momento em que minha cabeça começa a lateja, o garoto começa a me fazer várias perguntas mais eu não consigo destingui-las muito menos respondê-las.

- Minha cabeça - sussurro

- Tudo vai ficar bem, fique aqui não feche os olhos - disse se afastando devagar

- CLINT ELA ACORDOU! - o garoto grita de algum lugar do quarto

Rapidamente ele está ao meu lado de novo, seus olhos são extremamente verdes, lindos olhos verdes e o dono deles só podia ser

- Newt - sussurrei

- Você vai ficar bem. - ele disse

E eu acreditei.

Continua...

Mazer Runner - See you againOnde histórias criam vida. Descubra agora