Calmaria

263 25 2
                                    

Newt...

Dormir era algo que eu havia deixado de fazer nas últimas semanas. Os sonhos recorrentes daquela maldita queda, no labirinto, me assombram. Faz um tempo desde que parei de ver essas memórias enquanto dormia, havia me auto perdoado por ter simplesmente desistido, mas elas voltaram com tudo a me atormentar.

Elas não são diferentes, sempre idênticas ao que aconteceu aquele dia, a sensação, a altura, os pensamentos de desistência, a queda...

Eu sabia que um dia eles voltariam para me lembrar que sou fraco mesmo quando todos nessa clareira acham que sou forte.

Saio em silêncio do meu saco de dormir, tendo cuidado para não acordar nenhum dos garotos. Sento-me em uma árvore e observo a leve escuridão ainda existente, o relógio em meu pulso marca quatro e meia da manhã. Em poucas horas terei que levar Thomas até o amansadouro, mesmo que eu ache que não deveria fazer sei que tenho, visto que Thomas quebrou a regra mais importante da nossa sociedade.

Saio dos meus pensamentos ao ver um movimento à direita, saindo da floresta.

Ainda é muito cedo para qualquer clareano estar acordado, levanto-me ficando escondido atrás da árvore e a espreita tentando indentificar quem é.

A primeira coisa que vejo são os cabelos longos esvoaçantes, em seguida vejo seu rosto, Olivia está ali com os cabelos bagunçados como se tivesse acabado de acordar e seu semblante parece preocupado e desconfiado.

Ela olha ao redor e quando se dá por satisfeita que não há ninguém, ela caminha até os muros que nos separa do labirinto. A observo caminhar devagar enquanto sua mão direita perpassa pelo muro. Em certo momento vejo ela parar encarando a Hera no ponto exato onde sei que há algo que ela não sabe que existe.

Aproximo-me devagar, vendo-a empurrar a Hera para o lado, me aproximo o bastante para ver sua mão livre encostar no vidro que existe naquela parede. Como se fosse uma resposta, um barulho de metal se chocando chega aos meus ouvidos fortes e metódico assim como sei que chegam para ela, o barulho se intensifica e vejo o momento em que um verdugo aparece em frente ao espelho.

Verdugos não tem olhos, mas se tivessem eles estariam encarando Olivia neste exato momento. A respiração de Olivia é superficial,assustada, como se segurasse uma parte do ar absorvido.

- O que são vocês? - ela questiona baixinho

- Eles são monstros Olivia - digo atraindo seu olhar surpreso - as malditas pessoas que nos colocaram aqui criaram eles

Olivia vira por completo para minha direção, soltando a Hera deixando-a cobrir novamente o vidro.

- Mas porque? O que nós fizemos para merecer?

- Eu queria ter resposta para essas perguntas, Olivia, mas não tenho.

Ela me encara por alguns minutos antes de desviar os olhares para os seus pés. O silêncio se torna incômodo após alguns segundos.

- Como sabia que havia algo debaixo da Hera? - questiono

Ela me encara.

- Chuck me disse.

Mentira - uma vozinha sussurrou em minha mente.

A ignorei.

- Tá afim de comer?

- Caçarola ainda não deve ter se quer feito algo.

Inclino um pouco o rosto antes de dizer:

- E quem disse que é ele que vai fazer?

Mazer Runner - See you againOnde histórias criam vida. Descubra agora