Different

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- Oi, Liv - Fecho o livro que estava lendo e levo meu olhar para frente, vendo Harry se sentando em minha frente.

- Oi, Larry - Ele rola os olhos.

Eu havia dado esse nome pra Harry desde que ele assumiu que estava apaixonado pelo Louis. Certo que eles se conhecem há um mês, no mínimo, mas não há tempo para o amor, certo?

- Cadê o resto?

- Sun faltou, tá doente. Lauren tá na aula de biologia, eu acho.

- E você?

- O professor dos próximos dois horários faltou, aí vim pra biblioteca - Dei de ombros.

Harry dá de ombros e pega em seu celular, começando a mexer nele.

Sem que eu perceba, meu olhar é levado para a janela da biblioteca, que fica ao lado do assento em que eu estava.

Vi a azulada na escola pela primeira vez depois de uns cinco dias com ela em ausência, lá estava ela com o seu namorado. Brandon parecia estar bravo, já ela estava com uma expressão cansada, com olheiras fundas. Devia estar exausta. O roxo que estava perto de seu olho ontem, agora, estava coberto por maquiagem. Não estava escondendo muito bem, mas passava despercebido.

- Aconteceu algo estranho ontem - Saio do transe.

- O quê? - Perguntei.

- Minha mãe me encurralou, disse a ela que sou gay - Arregalo os olhos - É, foi bem assustador na hora.

- E depois? O que aconteceu?

- Ela ficou estranha, não no sentido ruim. Não sei, ela estava muito pensativa. Me senti um pouco culpado pra falar a verdade - Disse.

- Harry - Pego em sua - Você não tem culpa de ser quem você é.

- Eu sei, eu sei - Diz ele meio tristonho - Mas mesmo assim, sabe? Foi bem estranho. Fiquei pensando muito nisso.

- Hoje ela falou com você normal? - Ele assente - Então, não precisa se preocupar.

Ele deu de ombros e voltou a mexer no seu celular, e eu comecei a fazer o mesmo depois de guardar o livro dentro da mochila.

Quando o sinal tocou, Harry foi pra sala a qual ele teria aula agora. Eu me encaminhei até o banheiro pouco frequentado pelos alunos, no último andar.

Quando vi que estava sozinha, tirei a a caixinha de pílulas de dentro da mochila, e enchi um copo com a água da pia mesmo.

Tomei um susto ao ver uma das cabines se abrindo e Eilish saindo de lá. A mesma me olhou por um tempo e depois baixou o olhar para a caixinha de remédios que estava comigo.

Ela caminhou devagar até perto de mim, e lavou as mãos na pia ao lado da que eu estava.

- Obrigada por ontem - Ela diz baixo - De verdade.

- Eu li sua carta, obrigada pela devolução da caneta - Digo e ela quase abre um sorriso.

- Pra que são esses remédios? - Engulo em seco.

- Estou com mal estar, vou tomar pra ver se alivia alguma coisa - Digo baixo.

- Não acha melhor ir na enfermaria? - Nego.

- Não precisa, daqui a pouco passa.

- Tá bom... Eu tô indo pra um lugar calmo, quer ir? - Franzo o cenho.

Billie estava me chamando pra eu acompanhá-la a um lugar, isso é estranho. Eu deveria ter medo agora provavelmente, mas por incrível que pareça eu estou tranquila. Um pouco confusa, mas tranquila.

Levando em conta que teríamos as mesmas aulas agora e o professor não veio, eu resolvi aceitar sua proposta. Tomei o remédio rápido e bebi o copo inteiro de água, guardando ele de volta na minha mochila. Tudo isso enquanto eu era observada por Billie.

- É melhor não nos verem juntas, vai até a quadra antiga e me espera lá.

- Onde é isso? - Pergunto.

Billie me explica onde fica a suposta quadra de educação física que não é mais usada, e como ela orientou, eu segui até lá.

Me escorei na arquibancada velha e esperei pela azulada, ela demorou certa de 10 minutos para aparecer, o que fez com que eu quase desistisse de lhe esperar.

Ela pega em minha mão e me leva até o fundo das arquibancadas, se sentando na grama e me olhando. Fiz o mesmo que ela e me sentei ali.

- Por que não usam mais essa quadra?

- Quando chovia molhava tudo e não tinha como ter aula prática, aí por isso agora a quadra fica no último andar com uma cobertura.

- Legal - Murmuro - E por que você vem aqui?

- É o único lugar que eu tenho paz - Ela dá de ombros.

- Vai me contar o que aconteceu ontem? - Perguntei.

- Me envolvi numa briga de rua - Responde - Mas já estou acostumada.

- Você não tem medo? Poderia ter sido grave - Digo.

Billie dá de ombros e puxa seu celular de dentro da mochila, carregando junto um fone de ouvido.

Observo ela desbloquear o celular e abrir o aplicativo de música, colocando em uma playlist chamada "im lost".

Ela me ofereceu um dos lados do fone e eu prontamente aceitei, o colocando no meu ouvido.

Quando começou a tocar Different da Maggie Lindemann, me perguntei se aquela playlist teria sido feita por Billie ou se ela só achou e acabou gostando.

Ela sussurrava a letra da música enquanto olhava um canto específico, parecendo estar com os pensamentos longe.

Me peguei observando ela mais do que eu deveria, e eu sei o quanto isso é esquisito, mas eu não consegui me conter. Quando ela virou seu olhar pra mim, desviei meus olhos e encarei meus pés. Ao olhar novamente pra ela, percebi que ela olhava os detalhes do meu rosto, fazendo eu ficar no mínimo envergonhada.

Seus olhos encontraram os meus e eu juro que fiz de tudo para desviar, mas foi uma tentativa falha. Seu olhar era penetrante e profundo, eu poderia olhar pra eles para sempre.

- Alguém já disse que seus olhos são lindos? - Não, eu não pensei antes de dizer.

- Não...

- Eles são lindos - Digo.

Vi o momento exato em que as bochechas da azulada tomaram uma coloração avermelhada, denunciando que ela havia ficado com vergonha.

Voltei meu olhar para frente novamente e encarei meus dedos, tentando evitar meu olhar para ela novamente.

Os minutos se passaram rápido o suficiente para que eu me quase me rejeitasse a deixar sua companhia. Haviamos passado todo esse tempo escutando músicas, caladas, apenas aproveitando.

- Tenho que ir, aula de matemática agora e eu tô com dificuldade na matéria - Digo me levantando - Valeu pela música.

- Quando quiser - Ela dá de ombros.

oii, como estão??

Cinnamon - Billie EilishOnde histórias criam vida. Descubra agora