Cinnamon - Billie Eilish

Painkillers

Era quarta-feira. Billie havia faltado na segunda e na terça. E no momento, Olivia estava atenta, para ver se a via em algum lugar. No domingo, ela acordou sem Billie ao seu lado, ela ficou ansiosa pela segunda. Mas infelizmente, Billie se ausentou.

Olivia se sentia preocupada, triste e ansiosa. Ela não sabia exatamente se aquela ansiedade toda para ver Billie era só uma preocupação de uma amiga. Deve ser, pensou ela.

Quando acordou, mandou uma mensagem pra Billie. Perguntou o porquê dela ter faltado nos dois dias e se ela estava bem. A mensagem foi visualizada rapidamente, mas não foi respondida.

Aquilo irritava Olivia, o fato de Billie ver as mensagens e não responder. Isso só aumentava sua preocupação.

Olivia havia mandado mensagem para Maya também, estava com saudades dela. Ela não respondeu, não visualizou. Na verdade, Olivia nem conseguia ver sua foto de perfil.

Ela não queria pensar que Maya tinha a bloqueado, por mais que aquela fosse a opção mais óbvia. Olivia, novamente, se sentia sozinha. Ela não sabia exatamente se aquela sauadade toda era de Maya ou de Billie, porque ela sentia esse sentimento pelas duas.

Só que... Bom, pela Billie era diferente. Era como se Billie tivesse que estar ao lado dela a todo momento, era como se o sorriso dela, os olhos, a face, tudo eram remédios de extrema urgência para serem tomados.

Ela nunca havia sentido aquilo antes, ela não sabia o que era. Ela não sabia se Billie também se sentia assim, queria saber, mas não tinha coragem de perguntar.

A noite, adormeceu rápido, estava com sono. Tivera um sonho bom, sonhou com a azulada. Sonhou com o seu sorriso, com o seus olhos. No sonho, elas estavam felizes. Billie estava feliz, dava pra em seus olhos.

Olivia acordou, de madrugada, pelo susto. Olhou para trás, direção da janela, e viu Billie entrando em seu quarto. A morena se levantou rápido. Billie estava machucada, de novo. Olivia foi até ela, a abraçou. Só isso.

Billie a apertou forte contra si. Olivia não sabia o que tinha acontecido, mas sentiu essa necessidade imensa de abraçar ela, e Billie prontamente concedeu. Era o que ela realmente precisava.

Suas fungadas baixas começaram a serem ouvidas, depois foi aumentando um pouco. Olivia continuou ali, a abraçando forte. Billie demorou para se acalmar, mas Olivia não ligou. Ela estaria ali com ela. Ela estaria ali pra ela.

Quando Billie se afastou um pouco, Olivia sentiu um cheiro estranho vindo de sua boca.  Acabou se endurecendo. Era álcool.

- Você bebeu? - Billie não lhe respondeu. Ela ao menos estava sóbria, era perceptível - Billie, eu não acredito que você subiu até aqui mesmo depois de ter bebido - Reclamou baixo - Você poderia ter caído.

- Liv, me abraça - Disse com a voz embargada - Não sai do meu lado, por favor.

- Eu não vou sair do seu lado, nunca. Vem cá, vem tomar um banho frio.

- Não, eu não quero. Eu só quero deitar com você - Fungou.

- A gente vai deitar, mas você tem que tomar um banho antes.

- Você promete?

- Eu prometo - Tocou em suas bochechas. Olivia a guiou até o closet, pegou algumas peças de roupas e a levou até o banheiro - Você consegue tomar banho sozinha? - Billie assente - Certeza? - Murmurou em concordância - Tá, eu tô aqui fora te esperando, tá bom? - Billie entrou no banheiro e fechou a porta - Não tranca - Olivia disse.

Olivia esperou até que Billie saísse do banheiro, o que demorou um pouco. Billie estava abatida, ainda estava sobre feito alcoólico.

- Escova os dentes, Bil.

Billie fez o que ela disse e escovou seus dentes. Olivia pegou em sua mão e a levou até a cama, a sentando lá.

- Já volto - Disse.

- Não... - Segurou firme em sua mão.

- Eu já volto, só vou pegar a pomada.

Olivia foi até a gaveta e pegou a pomada, foi novamente em direção a Billie e abriu a tampa da pomada. Ela começou a passar o produto sobre alguns machucados em seu rosto, enquanto Billie se encontrava aérea.

Olivia queria saber quem tinha feito aquilo com ela. Ela se sentia angustiada por ver Billie daquele jeito e não saber o que tinha acontecido.

- Aqui também? - Tocou em sua costela ainda por cima da blusa, Billie gemeu de dor - Billie, quer ir ao médico?

- Não - Disse baixo.

- Tem certeza? Você está sentindo dor, não sei posso cuidar de você aqui no quarto sozinha.

- Olivia, apenas termine logo isso pra eu te abraçar.

Olivia suspirou e subiu sua blusa, vendo o quão roxo estava aquela região. Ela pegou a pomada e passou por ali, ouvindo Billie grunhir.

- Vou pegar um analgésico pra você tomar, ok? - Billie negou - Mas você não está com dor?

- Sim, mas eu não quero. Só deita comigo e me abraça, já vai ser meu analgésico - Disse baixo, quase inaudítivel.

Olivia sentiu seu coração apertar, mas fez o que Billie disse. Ela guardou a pomada e se deitou junto com ela.

- Quer me contar o que aconteceu? - Billie negou.

Seria sempre aquilo. Olivia nunca descobriria o que estava acontecendo por trás daquela carinha triste.

Elas ficaram um tempo calada. Os pensamentos de Billie estavam longe, Olivia sentia vontade de invadir sua cabeça e descobrir o que se passava por sua mente.

- Amanhã é aniversário do dia que meu pai morreu - Começou baixo - Vou a um lugar que ele me levava quando eu era criança... quer ir comigo?

- Não sei se vou poder faltar amanhã, mas vou fazer o possível pra te acompanhar.

- Eu vou a tarde.

- Então eu vou com você - Fez carinho em seu cabelo - Quantos anos você tinha quando ele faleceu?

- Eu tinha dez, mas eu lembro de todos os nossos momentos perfeitamente. Ele era o meu melhor amigo, o melhor pai do mundo - Disse.

Olivia sabia que aquele era um assunto sensível pra Billie, mas ela estava falando dele. Era uma oportunidade dela tentar ajudar mais.

- Eu sinto tanta falta dele - Sua voz se tornou mais abatida que antes - Não tem um dia que eu não lembre dele, Liv.

- Eu sinto muito, Bil. Eu tenho certeza que ele tem muito orgulho de você. Você é incrível.

- Orgulho? - Riu sem humor, limpando a lágrima que havia escorrido de seu olho - Eu só faço merda, Olivia.

- Para com isso. Você é a pessoa mais perfeita que eu já conheci na minha vida, sabia? Imagina como ele deve ficar sabendo que tem uma filha maravilhosa?

- Você acha? - Sua voz saiu em um fio de tão trêmula.

Olivia desejou morrer assim que viu seu rosto em uma tonalidade vermelha e seus olhos inundados.

- Eu tenho certeza.

- Ele iria gostar de você - Disse.

- Eu acho que iria gostar dele também - Sorriu.

Billie deitou em seu peito e fechou os olhos, apertando Olivia contra ela, como quem não quisesse soltar ela nunca mais.

Talvez Billie também estivesse apegada a Olivia em um nível estranho. Elas estavam apegadas uma a outra, uma desajava estar ao lado da outra a todo momento.

Enquanto Billie dormia em seu peito, Olivia pensou se algum dia iria descobrir seus mistérios. Ela se perguntou se algum dia poderia ser amiga de Billie livremente, sem ser em seu quarto.

Mas ela também se perguntava se o quarto dela seria o único ponto de encontro das duas.

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boa noitee 🌷