Naquele mesmo dia...
10:00hApós Marcus sair, fui até a cozinha, arrumando toda a bagunça que ele tinha feito, era uma tortura estar nesse estado e ainda sustentar uma relação tão complicada, juntei os cacos de vidro, organizei a cozinha ainda chorando por toda a situação.
No quarto tinham manchas de sangue no chão, na colcha e o guarda roupas estava um caos, respirei fundo, limpo o quarto e após arrumar tudo percebi que mesmo com essa tempestade ainda tinha forças para poder equilibrar tudo à minha volta.
Tive a ideia de mudar o meu dia a partir daquele momento, liguei o som, arrumava a casa, cantando, até começar a preparar meu almoço, fazendo tudo para me sentir bem, mas agora eu tinha um peso maior em meus ombros, eu estava literalmente sozinha aqui, eu tô me sentindo perdida...
Meu celular tocou, não tinha identificação, atendi.
— Alô...
— Seja forte, você está lento ainda...
(estava distante a voz).
Era um som de ginásio ou campo de treino, eram vários homens falando, até que a voz ficou mais alta dizendo:
— Aí... Quem é essa que eu liguei?
— Com quem está falando?
— Ela tá na linha...(risadas)
— Quem é você?-questionei.
— Tá salvo o contato, Gatinha Se...
Desligou, fiquei sem entender, pensei que poderia ser Marcus, mas eu acabei ignorando, fui ao quarto na mesa de estudos liguei meu notebook e peguei meu bloco de anotações, decidi digitalizar alguns textos que eu tinha escrito.
Haviam uns bem interessantes outros nem tanto, a sensação de que ainda faltava algo para o meu dia era cada vez maior, hoje literalmente está sendo um dia difícil, estar emotiva demais reforça o tédio que tenta me derrubar, vou procurar agora um jeito de aproveitar, uma programação, preciso viver, me distrair.
Na lista de contatos do whatsapp encontro Vi, minha amiga, decido ligar para ela.
— Amore como você está?
— Vi eu tô bem... E você?
— Olha não me convenceu... Eu tô ótima mas digamos que estou cruzando a barreira do tédio.
— Seria incômodo pedir para vir aqui em casa?
— Nossaaa tudo que eu precisava... Tô indo no mercado do centro e chego em instantes.
— Ótimo, vou te aguardar.
— Tá bom, beijo amore.
— Beijo.
Vivian é uma amiga da época da escola, inclusive trabalha atualmente na livraria que eu frequento, fisicamente ela é bem parecida comigo, brincamos que somos irmãs biológicas de gestação separada, a única diferença é que ela tem seus cabelos cacheados.11:15h
Arrumei a mesa e ouvi o carro de Vi buzinar em frente de casa, abri a porta vejo ela levantar umas sacolas fazendo uma dancinha.
Abri o portão, ela sorri e me abraça, no mesmo instante ela parou falando:
— Espera... Cadê a coisa?
— Como assim?
— Seu castigo que chama de namorado.
— Ai Vi entra.
— É sério garota cadê ele?
— Ele não está, então por favor entra.
Ela me encarando sorriu e entrou procurando por todos os cantos da casa e parou colocando as sacolas na mesa da sala, o olhar já me intimava uma explicação. Olhei para ela e Vi suspirou dizendo:
— Pode contar comigo, estou aqui.
— Obrigada de verdade...
— Bem, quebrando esse clima, trouxe um vinho rosé e uns doces, vamos fazer unhas, a cara e tudo que duas gostosas precisam, em torno do tema...
— Mulheres em apuros sentimentais.
Demos risada, peguei as taças, ela abriu o vinho e enquanto servia disse:
— Pode começar a falar honey.
— Eu dei um tempo com Marcus.
— Tempo...
— É um tempo.Ela me entregou a taça, brindamos e ela deu um gole seco e sentou ao meu lado.
— Serena vamos falar a verdade, aquele embuste é um nojo de pessoa e precisa aceitar isso, honey acorde, olha as diferenças da sua vida...
— Mas...
— Você se isolou, se afastou de todos, você ao menos pensa em como o Dante ficou com tudo isso?
— Vi... Eu sei disso, tá tudo tão complicado, foi pensando no Dante que resolvi pedir o tempo...
— Tá, mas o que adianta isso agora, vai fazer o que?
— Eu tô perdida Vi...11:30h
Comecei a chorar e ela viu como isso me maltrata, me abraçou forte e percebi que ela se emocionou, respirou fundo e finalizou sua taça de vinho falando:
— Serena sua felicidade depende de suas decisões agora, lembro ainda da última vez que vi o Dante, você estava viajando com o coisa lá, ele parecia perdido, tinha revolta em seu olhar, coisa que jamais vi naquele garoto.
— Eu imagino... Ygor me disse algo assim, eu só queria saber se ele está bem.
— Então, além de fazer por você, faça para superar as dores que causou nele e que sentiu até aqui ao lado do Marcus.
— Mas sem notícias do Dante é complicado.
— Ninguém teve notícias dele, lembro que depois surgiu o boato que ele viajou na madrugada sem falar a ninguém. Depois teve aquela maldita história dele estar morto e ainda bem que isso foi negado.
— Eu não sabia disso...
— Vamos mudar de assunto e focar, temos uma festa para curtir.
Limpei o rosto e perguntei:
— Festa, mas aonde, não vi anúncio...
— Tenho meus contatos, semana passada um coroa charmoso entrou na livraria com uns caras de capuz tipo ninja e...
— Vi...
— Não me interrompa, ele deixou uns livros para catalogar e vender, só que eu esqueci o nome dele, é um nome chique...
— Sim e o que mais...?
Ela me viu sorrindo e disse:
— É sério, juro por essas unhas de cristal que estão nas minhas mãos.
— Tá bom e onde entra a festa nisso?
— Então, um dos boys misteriosos disse que na data de hoje tem a despedida dos recrutas da cidade é uma festa secreta, tenho os ingressos aqui, vai ser as sete em ponto a recepção.
— E se não for seguro?
— Relaxa perguntei ao chefe quem era o coroa e ele disse que são de grande importância da segurança da cidade desde a fundação.
— Mas e se for perigoso...
— Serena precisamos de adrenalina, aventura, se liberta.
— Tá bom, aonde vai ser isso?
— Parque dos militares, ah tem uma exigência, temos que ir de preto.
— Nossa... Eu tô sem novidades no momento.
— Só ir às compras.
Aos poucos tudo ficou descontraído, almoçamos, vi ajeitou meu cabelo, fomos em uma loja do centro atrás das vestes pretas. Entre tantas opções escolhemos umas botas de cano baixo e ficamos na dúvida dos vestidos.
Ela me olhou e disse por fim:
— Garota pega o preto de renda que é mais solto em baixo e eu pego o de paetê pode ser?
— Mas Vi eu tô parecendo uma...
— Shh... Nem pense em completar essa frase, você está perfeita, vamos.
Fizemos as compras, saindo da loja demos de cara com Marcus e o amigo dele, aparentemente bêbado se aproxima e Vi toma a frente, ele fala:
— Já está aproveitando o tempo com essa daí?
— Dá licença Marcus.
Vi abriu a mala do carro e fecha dizendo:
— É dá o fora daqui seu lixo ambulante!
Marcus para e da meia volta.
— Como é que é sua puta?
— Escutou bem, vai fazer o que?
— Vi por favor!-falei.
— Qual foi sua vadia acha que tenho medo de você?
— Marcus!
— Cala a boca você também!-disse ele.
— Gente por favor!
— Olha ali amiga um policial, vou chamar ele.
— Vai se fuder vadia, você vai ver Serena!
Ele saiu apressado, eu por fim me tranquilizei e falei com Vi.
— Amiga vamos, liga o carro.
— Você tem noção que aquele filho de uma puta!!! Senhor me dá paciência.
— Vi!
— Oi honey.
— Temos uma festa para ir, foco!
— É isso mesmo, vamos que o dia só começou.
Em casa finalmente podemos ficar tranquilas, e Marcus ficou ligando o tempo todo e eu recusei e desliguei o celular, porque hoje eu iria fazer de tudo para mudar minha trajetória.
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1- Sua Marca
Teen FictionEm 2018 na cidade de Arcádia... SERENA tomou a decisão de romper seu namoro com Dante e com isso virão as consequências... Uma aventura surge na vida de Serena, aonde ela narra sua trajetória após sua tentativa de suicídio, essa experiência vai traz...