8-Rosas e Sangue

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À tarde 14:00H
Após o almoço fomos de volta para a livraria, não sabia explicar como aconteceu mas o cheiro daquela rosa tomou conta da livraria.
Por um momento no meu intervalo a conta anônima comenta na postagem:
ANONIMUM000
Como está você e o vampiro?🦇

Resolvi ignorar e na mesma hora uma mensagem no chat:
Você está no meio da pior armadilha da sua vida, eu sei que está apreensiva, ele presenteou você...
Bloqueio o celular, eu sentia um incômodo terrível tomando meu corpo, Vi me olhou e disse:
— SERENA...seu pescoço!
— O que?
Passei a mão e vi que meu pescoço sangrava, me levanto rápido, minha mente então se apaga.
Acordando Vi me olha aliviada.
— Ai que bom, Ygor ela acordou.
— Vi...o que houve?
— Honey seu pescoço sangrou do nada e quando você desmaiou a marca no seu pescoço sumiu.
— De novo isso?
— Como assim Serena?-Ygor.
— Já é a segunda vez...
Ygor ficou intrigado, tentamos uma pesquisa mas nada foi encontrado, resolvi ligar para Andrew.
— Oi gata, e aí?
— Andrew como ocorre uma transformação?
— Por que tá perguntando isso?
— Só me fala...
— Tá, Você tem que se alimentar do meu sangue e precisa morrer.
— Tem certeza... Não tem outro jeito?
— Em cento e vinte anos não vi outro modo, mas por que essa persistência Serena?
— Só curiosidade...
— Tá bom gata, olha eu sou ruim de expressar sentimentos, mas eu tô sentindo sua falta.
— Eu também... queria te ver.
— Relaxa, eu vou me alimentar agora.
— Inclusive, obrigada pela rosa, eu adorei.
— Que bom que gostou preciso desligar gata.
— Tá bom.
Assim que desliguei, fui até Vi e terminamos o expediente, o dia passou de forma normal, eu só queria estar ao lado dele agora, me sinto dependente.
Às oito da noite em casa abri o portão e encontrei outra rosa de Andrew, junto a primeira rosa que ainda se manteve intacta, abri a porta e fui direto ao quarto e as coloquei no quarto. Tomei banho, o quarto estava tomado pelo perfume das rosas, eu vesti uma calça preta, uma blusa de gola alta e manga comprida, prendi o cabelo em um rabo de cavalo, passei uma maquiagem e um batom vinho, organizo minha bolsa e tranco a casa para sair um pouco, quando abri o portão Eliot estava prestes a tocar a campainha.
— Oi Serena.
— Eliot, o que faz aqui?
— Eu preciso conversar.
— Podemos ir para a boate.
— Hm...melhor não.
— Então nos vemos depois.
Ele passou a mão no cabelo e disse:
— Mas o Andrew...
— Eu vou, preciso falar com o Thomas.
— Serena acorda, a vida não é como os livros e filmes, tem caçadores aqui e o pior é ter um superior deles circulando pela cidade.
— Ai que saco! Fala de caçadores e não os vejo...
— Eu tô falando sério, eles chegaram hoje de manhã por volta das seis e meia da manhã.
— Estranho...
Enquanto conversamos, por um instante eu tive um pressentimento ruim, sentia uma presença estranha.
— Eliot é melhor você entrar.
— O que foi?
— Uma sensação ruim.
Terminei de falar, vimos duas motos em alta velocidade, Eliot correu e colocou a moto pra dentro do quintal, correu até o portão e quando estava fechando uma das motos passaram e atingem Eliot com algo, corri para ajudar ele apenas disse:
— Fecha o por...
— Pronto, calma!
— Caçadores Serena.
Levantei ele, fomos devagar até a porta, abri e sentei ele no sofá, virou seu rosto e vi um dardo preso ao pescoço, dentro vi um líquido verde, ele começa a ter febre, fez então uma ligação.
— Atende Thomas...
— Oi Eliot está atrasado, onde você está, temos a reunião e...
Eliot interrompe.
— Thomas escuta!
— O que houve, sua voz...
— Caçadores, fui atingido... estou na casa da Serena.
— Somos líderes, eles não tem esse direito, quebraram o acordo.
— Eu preciso de ajuda, acende os marcadores em vermelho anuncia a quebra do acordo.
— Estou indo aí.
— Não, pode ser que tenha mais deles.
— Vou no carro com os faróis vermelhos e vão perceber que fizeram besteira.
— Que seja, só vem!
— Tá bom.
Eliot segura o dardo e puxa, automaticamente o líquido passa direto para o corpo dele, mandou a localização, ele começou a adormecer, na cozinha peguei um pano úmido e coloco em sua testa, ele abre os olhos, estavam vermelhos, olha em minha direção e sorri dizendo:
— Se...Serena, agora entendi...
— O que?
— Porque ele gosta tanto de você.
— Quem?
— Andrew... Você é uma garota incrível e o seu cheiro...
Ele ajeita sua postura, vejo seus dentes, permaneci ao seu lado.
— Eliot o que você tem?
— Sede.
— Calma o Thomas já está chegando.
— Eu preciso...a sede está me consumindo.
Eliot agarrou meu pulso e morde, eu gritei com o susto e puxo meu braço com força, senti um choque percorrer meu corpo, ele arregalou seus olhos e se afasta limpando a boca.
— Desculpa! Eu...eu...
— Calma tá tudo bem...
Peguei o pano e enrolei meu pulso.
— Eu não poderia ter feito isso, me perdoe.
— Eu entendi.
— NÃO SERENA, EU ESTOU ERRADO.
— Calma.
Batiam no portão, corri para atender pensando que era Thomas, chegando no portão abro e encontro Luka.
— LUKA!
— Oi princesa, posso entrar?
— NÃO! Desculpa eu tô um pouco ocupada e...
Ele interrompe.
— Seu pulso.
— Eu me machuquei.
— Estou vendo, licença...
— Luka não...
Ele entrou e deu de cara com Eliot jogado no sofá, ele me encara e diz:
— Serena vamos fazer o seguinte, eu vou tirar esse cara daqui e volto para te ver.
— Não, eu já pedi ajuda.
— Você tem noção do que ele é?
— Sim...
— Ele é uma ameaça.
Luka se aproximou e Eliot abre os olhos tomando o susto, se pôs de pé ao mesmo tempo ouvi alguém se aproximar, era Thomas, ele entrou e na porta diz:
— Boa noite, com licença Serena.
— Thomas o Eliot...
— Eu sei, rapaz não se aproxime dele.
— Ele atacou ela veja!-Luka.
— Eu me desculpei, eu tive uma alucinação.-Eliot.
— Bem, eu irei levá-lo daqui, você foi atacado por caçadores e sei como resolver isso, vamos, somos líderes.
— É, leva seu amigo daqui.-Luka.
— Claro, vamos Eliot, Serena desculpe o acontecido.
Thomas se aproxima e carrega Eliot, chegando próximo a porta ele vomita o líquido verde, parecia a mesma quantidade do dardo, Thomas olha e tira um estojo do seu casaco e colhe a amostra do líquido, me aproximei e entrego o dardo vazio a Thomas ele agradeceu, vejo então Eliot retomar sua aparência normal, parecia intacto. Ele me olha e diz:
— Serena... Obrigado de verdade.
— Mas...
— Apenas aceite minha gratidão.
— Tudo bem.
Eles saíram, Luka se aproximou dizendo:
— Serena você precisa de ajuda.
— Eu estou bem acredite.
— Era um vampiro.
— Eu sei, percebi também que você agiu normalmente.
— Eu sou da segurança de Arcádia, sei da existência deles, esqueceu do último caso?
— É, o que mais?
— Como assim?
— O que você é?
— Espera, tá achando que sou um deles?
— Não sei Luka, eu não faço ideia de quem é quem nisso tudo.
— Eu tô aqui para te proteger.
— De quem?
— Deles ora.
— Já falei que estou bem.
— Não está, você foi atacada esqueceu?
Ele pegou meu pulso, estava cicatrizando, ele largou meu braço e deu um passo mais próximo de mim.
— Serena por que você tá cicatrizando?
— Eu não sei...
— Eu vi a mordida.
— Pois é, eu não sei o que isso significa.
— Sentiu esse cheiro de flor?
— Veio do meu quarto.
Luka se afastou e foi até lá, viu as rosas e retorna com um semblante sério.
— Se entregou para aquele cara que te atacou?
— Como assim? Tá louco, são apenas flores, o que você sabe?
— Desculpa, eu tenho que ir.
— Ah não, você só sai daqui quando me explicar.
— Desculpa princesa mas estou de saída.
Corri e tranquei a porta, ele cruzou os braços.
— Serena abre a porta.
— Espera! Você é um caçador?
Ele gargalhou e se aproxima.
— Esse verme que está envolvida está te deixando meio paranóica.
— Quer saber... pode ir, eu estava de saída mesmo.
— Eu me preocupo com você.
— Tudo bem Luka eu entendi.
— Não... Você não entende porque é teimosa.
Ele sentou no sofá e me chamou, sentei ao seu lado.
— Sabe o que me motivou entrar para a segurança?
— Esquece, não precisa falar.
— Eu tinha treze anos e vivia com o meu pai, ele foi seduzido por uma vampira chamada Dália, como não aceitei o convívio e ser como eles ela o convenceu de me sacrificar.
Um arrepio tomou meu corpo e o coração se acelerou, eu queria fugir da conversa.
— Luka eu tô de saída.
— Como ela viu que eu resistia aos surtos do meu pai, ele tentava me morder e eu empurrei ele depois de acertar um soco no olho dele, ela se irritou e sugou ele até a morte e saiu de casa, eu tive que enterrar meu próprio pai e fui buscar abrigo no internato.
— Mas a vampira...
— Três anos depois foi morta e o Sistema de Arcádia me procurou informando a morte dela e daí com dezesseis anos decidi que iria proteger todos desses vermes.
— Sua história é muito forte, lamento pela perda.
— Mas eu não lamento, estou aqui disposto a salvar agora alguém que me importo, bem, eu preciso ir, perdi umas chamadas importantes.
— Obrigada por se importar.
— Se cuida, eu ainda vou lutar para livrar você dessa.
— Não precisa se preocupar, eu sei me virar.
— Eu duvido, depois do que vi hoje, só quero que tome cuidado.
— Tá bom Luka...
22:40h
Assim que me despedi dele, limpei a sala, depois fiquei presa refletindo em tudo, acabei decidindo ficar em casa, perdi a vontade de sair, tomei banho e fui dormir.

TRÊS DIAS DEPOIS...
Sexta feira 18:00h(final de Agosto)

Os dias anteriores passaram, eu tive uma rotina comum, após encontrar Vi cheguei em casa pois iríamos sair para uma festa.
Não tive notícia de Thomas ou Eliot, a boate onde os conheci estava com um aviso de manutenção, Luka sumiu mais uma vez e eu estava sem ver Andrew.
Em meu quarto peguei o notebook e vi que tinha mais uma mensagem da conta.
ANONIMUM000:
*Passei alguns dias observando seus passos, cada lugar frequentado eu sabia, seus horários, cada parada sua, pela manhã ia ao CAFÉ do centro, às 10:30h uma parada pra ler o seu livro. Olha para os lados antes de tirar os fones da bolsa, acidentalmente esbarrou em mim quando estava em uma pizzaria com sua amiga e pediu perdão tocando meu braço e de certa forma possui um olhar hipnótico.
*Com um sorriso divino, cheia de ternura você passa dando bom dia para um mundo que não enxerga quem realmente és.
*Vai a livraria e no fim de tarde para na praça para fumar um cigarro enquanto fala no celular com alguém que te faz sorrir de forma pervertida...
Serena você é uma ótima escritora e sei os gestos que está fazendo agora lendo todas as informações, não se assuste, esse é o primeiro de muitos meu anjo.
Do admirador, a primeira pista é 291.

Assim que visualizei a mensagem com todas as informações fiquei intrigada, veio Luka em minha mente mas não fazia sentido, era uma loucura acreditar que havia alguém me espionando de forma tão detalhista, lembrei na mensagem falou sobre ter esbarrado naquele homem na pizzaria mas eu não vi o rosto dele.
Me deu um certo medo, como alguém poderia fazer tudo isso sozinho, tocaram a campainha, abri o portão sorrindo achando ser Vi que chegou mais cedo e dou de cara com Marcus sorrindo, estava todo arrumado, eu fiz cara de nojo e fui fechar o portão até ele segurar e dizer.
— Eu salvo você e não recebo um oi pelo menos...
— Oi, tchau!
— Ah qual foi Serena ainda de frescurinha.
— Da o fora e vai pro inferno!
— Ah vai, deixa disso, eu mudei.
— Bom pra você!
Fiz força para fecha e quando estou quase conseguindo ele bota o pé impedindo de fechar. Eu fazia tanta força até meu corpo tremer, começo a me desesperar, ouvi ele xingar alguém, falar uns palavrões e do nada o portão se fechou com tudo, tranquei e fui em direção a porta, até ouvir alguém chamar:
— Serena abre, sou eu Andrew.
Corri até o portão e abri, vejo Marcus desacordado.
— Ai que bom!
— Quem é o filho da puta?
— Marcus...
Andrew olha pro chão e dá uma gargalhada.
— Caralho esse é seu ex... que mau gosto.
— Que se dane!
— Vem aqui me dar um beijo.
Ele passou pisando em cima de Marcus e me puxou para o corpo dele, me beijou.
Olhou Marcus e disse:
— Sei que tô chegando agora mas vamos fazer o seguinte, me dá uns cigarros e dou um fim nesse lixo.
— Tá louco Andrew?
— Ainda gosta dele?
— NÃO!
— Então?
— É loucura, sabe o que tá ocorrendo aqui.
— Tá, então fica com esse otário te enchendo o saco porra! Esqueceu o que ele fez a você?
— Digo isso por conta dos caçadores Andrew acorda!
— Tá okay, vou fazer assim , vou deixar ele em um lugar como castigo.
— Bem melhor.
Peguei os cigarros e entreguei a ele.
— Beleza, já já eu volto.
— Andrew eu te...
Ele interrompe.
— Serena... não termina essa frase...
— Tá bom.
Ele me deu um beijo e carrega Marcus jogando ele dentro de um carro preto, no fundo eu senti que Andrew não gostou por eu querer falar que amava ele, era algo confuso, cheio de emoções estranhas, após alguns minutos Andrew volta, ficamos no sofá, até ele dizer:
— Seu cheiro, esse calor me fez falta.
Afastou meu cabelo e me mordendo eu me juntei mais ao corpo dele sentando em seu colo, ele se alimenta de mim, ele me apertando forte me fez gemer baixo, ele sorriu e me beijou.
— Vou pegar minhas coisas e tomar banho.
Foi até o carro pegou uma mochila entrou para o banho, eu fui até o quarto, uma das rosas perdeu três pétalas e a outra aparentemente estava intacta, peguei ela e senti seu perfume, no espelho vi a mordida desaparecendo, o notebook notificava uma mensagem. Novamente a maldita conta.
“Você está caminhando para um mundo pior, cuidado com a confiança... tudo que vai volta...”
Pista-326
Desligo o notebook e encontro Andrew me olhando sério, o corpo molhado enrolado na toalha.
— Tá preocupada com algo?
— Com isso.
Mostro meu pescoço, ele se aproxima e ficou calado, me deu um abraço e diz em meu ouvido:
— Relaxa gata, você não está transformada, eu garanto.
— Como sabe?
— Eu sei porque sou um vampiro.
— Tá bom.
— Tô precisando de você e não é como alimento.
Me agarrei em seu corpo e fui para a cama.

1- Sua MarcaOnde histórias criam vida. Descubra agora