Fatos Reais.

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Sempre cultivei imenso carinho pelo teatro

Mas nunca almejei virar personagem

Sempre admirei a leveza das nuvens e a segurança do céu azul

Porque assim como pessoas, vida e universo

Tudo é passageiro e passará como um verso


E nessa estrada que é viver

Me perdi

Não notei

E sendo refém submisso àquilo que outrora vivi

Estava muito ocupado anotando aquilo que viria


E eu reparava tanto nas pedras que haviam no caminho

Que sem reparar

Já não havia volante nem carro

E eu não já não era mais motorista

Andava à pé, solitário, no asfalto da pista


E quando vi

Já era dia

Estava no velho oeste

E o meu cavalo só falava inglês

Mas eu não era herói e só sabia português


E quem era eu?

Mentiroso por pura poesia

Raiz de problemas com soluções vazias

Apaixonado pelo desprazer de ser humano

Corruptivelmente ser-humano


Quem dera que ainda possuísse a inocência de quando criança

Quem dera ainda houvessem tantos brinquedos no meu quarto

Quanto estrelas no espaço

E jamais haveria problema que não fosse resolvido somente com um abraço sincero

Num gesto singelo de amizade que transbordasse de felicidade o coração que já não bate


Quero ir à praia quando ainda for madrugada

Vou torcer pro mar desamarrar seu biquíni só pra te ver pelada

Vou anunciar nos sinos das catedrais que só quero a ti e mais nada

Vou te escrever poesias e te entregar cartas

Até a gente perceber que o "pra sempre" sempre acaba


Novamente seduzido pela embriaguez

Será uma grande sorte conseguir ficar sóbrio mais uma vez

Mal reconheço o sentimento de lucidez

E me encontro mais uma vez

Na acidez destes teus "porquês"


Nessa confusão em que me vejo

Vagando pelos cantos e pelos becos

Passando frio pela falta de um moletom

Usando boina em dia de verão

Sentindo falta do som das cordas do meu violão


E por contradição

Odeio barulho

Pela ignorância peço desculpas

Também odeio verdades absolutas

Mas apoio a existência de questões irresolutas


No conforto de não ter tudo

Por não ser nada

Nem buscar ser nada

De quê vale a pressa numa piscina rasa?

É o mesmo que ser um pássaro aprisionado numa gaiola com as asas cortadas


Tenho tido muito medo do tempo

Tenho apreciado pouco as paisagens sem sentir o vento

Tenho dormido pouco

E tido muitos pesadelos com diversas interpretações

Tenho aperreado a lua com minhas inquietações


Está tarde demais para apreciar as estações

Sugiro que o calor da primavera aqueça nossas canções

Que o inverno vá

Como foi também o verão

E o outono passe tão rápido quanto minha paixão


As cortinas agora se fecham

Para quê aplausos, se o silêncio fala muito mais?

Minha mente continua presa como em Alcatraz

Me confundo se este fim é "adeus" ou um "até mais"

Esta história é baseada em fatos reais

Adolescente: Sorrisos e LágrimasOnde histórias criam vida. Descubra agora