Sono.

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Se a noite não me roubasse o sono

Se a lua não aparecesse de mansinho com toda sua luz

Se as estrelas não faltassem no céu que hoje é das constelações

Se não houvessem tantos planetas e galáxias e asteroides


Mas sempre há

É por contradição, um amor

Um "tomara" nutrido pela ficção do mundo

São coisas que a gente torce para durar, mas nunca duram


Essas coisas eu sei

E bem sei que tudo passa a ser postiço

E tal qual Fernando Pessoa

Vivo morrendo de saudades daquilo que poderia ter sido


As madrugadas têm esse dom reflexivo

Essa dose inestimável de melancolia e felicidade e angústia

A madrugada é das frases soltas

Das histórias incompletas


Tenho certeza que a linguagem surgiu durante uma madrugada

Para suprir a necessidade das almas castigadas

Para expressar o incompreensível

E a linguagem falhou miseravelmente


Não por culpa da linguagem

Neste tribunal, a linguagem é inocente

A culpa está em sempre haver mais para ser dito

A linguagem é limitada e o sentimento é infinito


O sossego bate à porta

Os galos cantam anunciando a manhã

A noite então me devolve o sono roubado

E deixa-me o recado de que sempre haverá mais, enquanto houver amanhã

Adolescente: Sorrisos e LágrimasOnde histórias criam vida. Descubra agora