Eu preciso correr deste passado ao qual não pertenço mais
Preciso ter paciência para esperar paradoxalmente o próximo ônibus com destino ao futuro
E mais
Preciso estar de corpo e alma presente, para não ser devorado pelo presente constante e interminável
Minha vida não é um filme, e esse não é o filme da minha vida
E eu deveria ter ensaiado mais, ter lido e relido o roteiro
Pois não estava pronto para entrar em cena quando a cena veio
Minha decepção decepcionou o público
Descobri que não sirvo para ser ator
Logo percebi que para se ser poeta bastava ser bom mentiroso
E nesse mundo de mentirinha, folhas, canetas e fantasias
Sou somente mais um refugiado da vida
Me escondo na segurança de uma perturbação tranquila
Onde vago na penumbra da noite e na sombra do sol durante o dia
Sem hora para ir, sem hora para voltar
Inimigo público do relógio, eterno amigo das mesas do bar
Amigo da mesa, não do álcool
Ela, colecionadora de histórias, aventuras épicas e até brigas
Podem chamar de conto, fábula, ou até poesia
A mesa de um bar é sempre uma grata companhia
É, José
Já não há mais parede nua para se encostar
Já passou-se o carnaval, e as cinzas nada de passar
Canta o galo, e a galinha a penar
Neste mar de Ipanema
Nadando e surfando nas ondas de tantos problemas
De ações e feitos heroicos sem cabimento
O povo põe-se à máscara e se contenta com julgamento
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Adolescente: Sorrisos e Lágrimas
PoetryToda complexidade exprimida pela intensidade em poemas e poesias, escritas de forma dolorosa/feliz, por um simples/complicado Adolescente.