Antes de morrer
Eu quero aprender a tocar violão
Escrever uma canção
Melosa, romântica, indianista
Quero poder dizer que admirei o pôr do Sol
Do melhor ponto de vista
Que saltei de paraquedas
E pousei no meio de uma pista
Quero poder gritar a vida
Desenhar os grandes prédios e as estreitas avenidas
Contar histórias que foram vividas
Não escritas
Porque somos feitos de memórias
E as memórias já existiam antes das fotos e das pinturas de Picasso
E maior obra de arte que qualquer Museu do Louvre
É aquela lembrança que não dá para guardar num porta-retrato
De repente, o vento sopra
E a gente sorri com novas descobertas
E de repente
A gente descobre que o vento que trouxe também leva
Sócrates era considerado sábio pela sua ignorância
Por nada saber
Por ser e não crer
Por se contentar com a falibilidade daquilo que vê
A gente vive tentando (sem sucesso) significar a vida
Que é um carro sem freio
Num caminho só de ida
Ou melhor, uma montanha-russa de segurança desprovida
VOCÊ ESTÁ LENDO
Adolescente: Sorrisos e Lágrimas
PoesíaToda complexidade exprimida pela intensidade em poemas e poesias, escritas de forma dolorosa/feliz, por um simples/complicado Adolescente.