Desamparo.

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Eu posso esconder

A rachadura da porta

As falhas da caneta

Os cacos do copo


Mas e os meus erros?

E as minhas tolices?

Minhas idiotices?

O meu desamparo?


Eu

Que de máscara tenho vagado

Sem carnaval

E sem estar doente


Eu

Que tenho sustentado

Amores

Sem vigas


Eu

Que não tenho nada

E nada mais

Do que minhas incertezas


E tenho pecado muito

Perdoem

Deuses de absoluta verdade

A minha falibilidade


Neste abandono de vida humana

Sinto falta

Muita falta

De um abraço


Um abraço singelo

Que não precise ser demorado

Mas que por alguns instantes

Restaure a alma


Tal como a Primavera

Que leva depressa as folhas

E minimiza

O peso das nossas escolhas


Que se pesadas na balança

Não chegam a um quilo

Ou uma tonelada

Mas que em nossas costas são como a cruz que Cristo carregava

Adolescente: Sorrisos e LágrimasOnde histórias criam vida. Descubra agora