Purgatório.

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Dos poetas

Eu sou o pior

Dos escritores...

Eu escrevo na areia

E

O mar apaga as minhas histórias

Com o choro das suas memórias


Estou cansado da vida ser cheia de reviravoltas

E a cada cena

Trocam a trilha sonora

Estou cansado

Das decepções

Não aguento mais a melodia melancólica

Das nossas canções


Eu sou o cara que proclama poemas

Cheios de boas intenções

Mas se é verdade aquilo que dizem

E se há purgatório

E se há verdade nas religiões

O inferno também tá cheio

De boas intenções


Não me suporto mais

Não me reconheço mais

Nem sei

Se o reflexo que vejo no espelho sou eu

Ou alguém que me substituiu

E talvez

As pessoas gostem até mais


Nem minha poesia é minha

Nem as paredes do meu quarto são minhas

Nem o guarda-roupa

Ou a escrivaninha

Nem meus sorrisos

E muito menos

As fotografias


Sou porta retrato

Sou viga

Sou construção

Sou terraço

Sem sustentação

Sou obra incompleta

Sou verso sem métrica


Fuga

Refúgio

Brinquedo

Sou mistura

De ironia

Sarcasmo

E medo

Adolescente: Sorrisos e LágrimasOnde histórias criam vida. Descubra agora