Indo.

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Não me suporto mais

Já quase não escrevo

Não expresso

Não sinto


Não vejo nada além da porta fechada

Sem chaves

Trancado

Nessa dependência de mim


Indo a lugar algum

No escuro da insônia

Em um loop de dias iguais para dias iguais

Não me suporto mais


Eu tento sorrir

E correr

E lutar

E fazer mais


E quanto mais tento

E insisto

E discuto

Me afundo


Indo a lugar algum

No escuro da insônia

Em um loop de dias iguais para dias iguais

Não me suporto mais


Eu grito em silêncio para pedir ajuda

Meu maior pesadelo seria sonhar

Me inquieto antes de dormir

E me debato com a possibilidade de acordar


As lembranças voam soltas no ar

Não há nada memorável para recordar

E sigo caminhando

Fingindo


Indo a lugar algum

No escuro da insônia

Em um loop de dias iguais para dias iguais

Não me suporto mais


Perdi o café

A fé

O sono

O prazo


Negligenciei

Procrastinei

Errei

Decepcionei


Indo a lugar algum

No escuro da insônia

Em um loop de dias iguais para dias iguais

Não me suporto mais


É um coma de consciência ativa

A torneira nunca para de pingar

E desabam as águas

Do rio vazio


Nas cachoeiras existencialistas

Onde minhas escolhas são inevitavelmente minhas

Descanso à beira do precipício

E enfrento a indiferença até de meu próprio abismo


Indo a lugar algum

No escuro da insônia

Em um loop de dias iguais para dias iguais

Não me suporto mais

Adolescente: Sorrisos e LágrimasOnde histórias criam vida. Descubra agora