Eli estava sentado na poltrona de casa, segurando uma xícara de chocolate quente entre as mãos, Eli estava tremendo e gelada, seus lábios ressecados. O vapor da xícara quente acariciava seu rosto frio. Vó Rosalind, estava ao seu lado, gentilmente colocando um cobertor em seus ombros.
- Vó Rosalind: O que você estava fazendo deitada na grama fria, Eli? Tentando ficar doente?
- Eli: (suspira) Acho que não percebi o tempo passar...
- Vó Rosalind: (balança a cabeça) Você é uma péssima mentirosa. Quanto tempo você ficou lá fora? Você sabe que estamos em período de chuva, não é?
Eli ficou em silêncio por alguns minutos antes de finalmente responder. Ela não sabia como explicar o que tinha acontecido, e certamente não queria explicar detalhes do incidente para sua avó.
Ela pensou que mudar de assunto poderia fazer com que sua avó se esquecesse do que havia acontecido.
- Eli: Desculpe. Bem, tive um dia interessante. Conheci duas pessoas na aula de musica, Jack e Calebe. Acho que somos amigos agora. (Sua avó é sincera, embora ainda preocupada)
- Vó Rosalind: Isso é maravilhoso, Eli. Fico feliz em ouvir isso. Será que esses novos "amigos" têm alguma relação com minha neta caída no quintal, tremendo de frio?
- Eli: Não, senhora. Obrigada pelo chocolate quente. Acho que vou tomar um banho agora. Não queremos que eu fique resfriada, não é mesmo?
Eli partiu rapidamente antes que sua avó fizesse mais perguntas. Nos dias seguintes, como era de se esperar, Eli pegou um resfriado. Sua avó teve que comprar uma variedade de remédios, já que Eli se recusava a consultar um médico. Isso só aumentou a preocupação de sua avó, embora ela soubesse que ver um médico representava um risco para Eli e para si mesma.
Eli faltou alguns dias de aula e, surpreendentemente, Jack e Calebe ligaram e mandaram mensagem. Ao contrário do que Eli imaginava, eles não se afastaram depois de ela fugir da lanchonete na última vez que se viram. No entanto, eles não tocaram mais no assunto.
Eli não contou para sua avó o que realmente tinha acontecido, mesmo depois de se recuperar. Ela pensou que sua avó tivesse esquecido, mas estava enganada...
Depois de uma semana de cama, Eli finalmente voltou para a escola. Sua primeira aula era de música, exatamente onde ela havia estado pela última vez. Ela estava sentada ao lado de seus amigos, enquanto a Pra.Nica ajudava um aluno a tocar o piano, e ele era péssimo, a melodia era de se machucar os ouvidos.
Eli esperava que a professora tivesse se esquecido do trabalho, devido a já ter se passado bastante tempo.
- Pra.Nica: Eu gostaria de dizer que fiquei muito impressionada com as últimas apresentações, foi bom ver cada um se destacar da sua maneira. Porém, infelizmente dois de nossos alunos não puderam estar aqui presentes devido a alguns imprevistos. então vamos começar. Eli, por que você não começa?
Eli engoliu em seco, sentindo o nervosismo aumentar. Ela se levantou, segurando sua bolsa com firmeza, mas antes que pudesse começar, o garoto ao lado dela se levantou, segurando uma flauta.
- Eu vou professora!
Disse um garoto que estava sentado ao seu lado, para sua surpresa, era o mesmo garoto a qual Eli havia confundido com Jack no primeiro dia. Cabelos loiros, caídos no olho, olhos castanhos brilhantes e um belo sorriso de lado.
Ele se levantou e e lançou um pequeno sorriso para Eli, que retribuiu com o olhar agradecido.
- Garoto: (diz com um sorriso travesso) Bom, o meu instrumento é a flauta. Ah, professora, escolhi a flauta porque... bem, porque meu cachorro comeu meu violino na semana passada! Acreditem ou não, ele é um crítico musical canino faminto!
A sala explodiu em risadas diante da resposta inusitada do garoto. Até a Professora Nica não conseguiu conter um sorriso.
- Pra. Nica: (rindo) Muito bem, isso é inesperado! Vamos dar uma chance ao nosso músico de flauta, então.
O garoto começou a tocar sua flauta, e a melodia era leve e mediana mas o seu charme a tornava expendida. Quando ele terminou, as risadas e os aplausos foram altos.
Pra Nica: Bem, eu não posso dizer que já vi um cachorro crítico musical antes, mas quem sabe ele aprove a flauta, não é mesmo? Muito bem, Eli, a próxima vez é sua.
Eli assentiu, ela estava mais tranquila e se sentia disposta e pronta para falar, ela se levantou e foi em direção ao centro da sala, onde se sentou com um papel em mãos.
- Eli: O meu instrumento favorito é o violão. Eu toco violão desde que tinha cinco anos, meu tio me ensinou e sempre tocávamos juntos. Ele era músico e costumávamos passar os fins de semana juntos em seu sítio, onde ele me ensinou a tocar. E eu meio que me descobri na música, então eu toco desde então.
Todos a olhavam com fixação, esperando para a ouvi-la tocar.
- Eli: Mas eu não trouxe o meu violão,eu não sabia que precisaria tocar (solta uma risada sem graça)
- Pra. Nica: Ah, isso é uma pena, infelizmente nosso violão está sem as cordas. Mas Jack me disse que você também toca piano, nós não temos nenhum pianista em nossa turma. Você se importaria em tocar?
Eli olhou para suas mãos e por um segundo sentiu vontade de esganar Jack, ela não queria tocar, de todos os instrumentos, esse era o único que Eli evitaria ao máximo. Mas como negar algo assim? Ela queria se destacar, Eli amava música e o que ela representava.
Eli: Posso (disse depois de alguns minutos)
Eli sentou-se ao piano, seu coração batendo acelerado enquanto suas mãos tocavam as teclas com graça e delicadeza. Ela escolheu tocar uma música muito famosa, "Clair de Lune" de Claude Debussy. As notas suaves e melódicas preencheram a sala.
Cada nota era executada com maestria, e o som do piano ecoava, envolvendo todos os presentes. Os olhares dos colegas de classe estavam fixos em Eli, enquanto ela mergulhava na música.
Enquanto tocava, memórias começaram a surgir em sua mente. Eram lembranças de momentos felizes, antigas, e reconfortantes. Mas, à medida que a música avançava, as memórias se tornaram mais sombrias, cheias de mentiras e enganações, o que ela temia...
Seu coração acelerou, e suas mãos começaram a tremer ligeiramente. As lembranças dolorosas a dominaram. Ela parou de tocar abruptamente, na metade da melodia, uma nota suspensa no ar, congelando o tempo por um momento.
Logo Eli voltou a realidade, todos a aplaudiam, estavam impressionados pelo seu talento, mas Eli se sentia mal, ela não devia ter chegado perto daquele piano.
Eli voltou para seu lugar, Jack e Calebe a elogiaram, ninguém havia notado seu estado real. No entanto, algo em seu olhar captou a atenção da Professora Nica.
...
No fim da aula, Eli esperou que todos saíssem, sua cabeça estava doendo, sua aparência cansada.
- Garoto: Eu sou o Adam, você foi ótima hoje.
Adam, o garoto loiro dos olhos castanhos que a tinha ajudado. Eli lançou um sorriso amigável porém cansado.
- Eli: Oi (disse fechando sua mochila) Você também foi muito bom. Obrigado por me ajudar, eu estava nervosa.
- Adam: Não foi nada. Eu também sou tímido, sabia? (Eli riu)
- Eli: Bom, eu duvido.
- Adam: Eu te convenço. (Ele sorri para ela) A gente se esbarra.
Adam olha para Eli com fixação e depois faz um sinal de "até mais" antes de sair da sala. Mas não intimidou a Eli, ele parece legal, mas ela não queria criar cenários inalcançáveis.
Eli se sentou e abaixou a cabeça na mesa, ela respirou fundo e aproveitou o silêncio da sala, relaxou os ombros e sem notar dormiu profundamente naquela mesa de madeira.
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Sombras no Jardim
RomansaNo cenário encantador de Alamedaville, Eli, inicia uma jornada repleta de desafios após sua mudança. Em meio a intrigantes mistérios, onde segredos do passado de Eli e a pequena cidade são entrelaçados. Enquanto enfrenta adversidades e busca esconde...