Ciúmes

869 39 10
                                    

  KELVIN.

Saí do meu quarto e desci até o bar, me preparando pra escutar aquela vozinha enjoada da Nice perguntando onde passei a noite, porém pra minha surpresa ela nem olhou pra mim, ela só parecia preocupada com alguma coisa encarando a tela do celular dela a cada 5 segundos, resolvi não querer entender aquilo por enquanto até porque eu estava feliz demais pra me preocupar com isso, mas resolvi perguntar ao Zezinho o que houve.

- Ei, ei, ei. Que que a Nice tem? - Falo cochichando.

- Ela acordou assim. - Zezinho fala enquanto enxuga as panelas.

Resolvi não prolongar o assunto e me direcionei à frente do Naitendei, olhei para o local onde eu e o Ramiro ficávamos e dei um suspiro. Enquanto observava o lugar, vi um carro se aproximar. Um homem saiu do carro, ele era alto, tinha cabelos castanhos, pele nem tão clara, nem tão escura, os olhos eram esverdeados, usava uma roupa casual porém elegante e por último mas não menos importante, cheirava a dinheiro. Ele parecia trazer um ambiente diferente consigo.

- Olá, boa tarde! - ele falava pausadamente, com cautela e uma leveza na voz. - Meu nome é Henrique, acho que já ouvi falar de um rapaz com as mesmas características suas, concluo que você deva ser o Kelvin. Cheguei aqui em Nova Primavera há umas horas, estou hospedado numa pousada no centro da cidade e me recomendaram vir aqui comer algo. 

Ele parecia educado e falava com tanta calma que me deu certo sono de início mas ele parecia uma boa pessoa, enquanto ele me observava olhar para ele esperando que eu falasse algo, balancei a cabeça de um lado para o outro apenas para dar certa "acordada".

- Ah sim, claro. Bom, aqui temos um cardápio muito saboroso... e sim, sou o Kelvin, mas não sabia que eu era famoso. - Falo dando um sorriso amarelo.

Ele sorriu e eu pedi para ele me acompanhar, levei ele até uma mesa com uma melhor vista do bar, ele pediu uma refeição e eu entreguei para ele.

- Hmmm, isso aqui realmente é muito gostoso. - Ele fala passando o guardanapo com delicadeza nos lábios. 

Não demorou muito tempo para as meninas do bar começarem a rodar ele e fazer perguntas que não deveriam.

- Hmmm, Kelvin, quem é esse, aí? - Berê fala com um sorriso malicioso. - Seu peão vai gostar de saber que você tá de gracinha com outro macho, não. 

- Primeiro, Ramiro não me assume então eu sou solteiro. Segundo, Ramiro não demonstra sentir algo por mim. Terceiro, eu tô atendendo o rapaz. - Arqueio a sobrancelha e dou de ombros.

- Imagina se ele demonstrasse. - Berê retruca.

- Ai, gente, bora parar com isso. - Luana grita.

Por algum motivo, Luana ainda tinha certo "moral" com as pessoas do bar e todo mundo obedecia, menos a Berê quando se estressa, mas pelo Henrique todo mundo ficou quieto e voltaram para seus devidos postos.

Escutei um barulho de caminhonete e vi que era o Ramiro encarando eu e o Henrique.

- Volto daqui a pouco, Henrique. - Eu digo.

- Certo, Kelzinho. - Ele tosse. - Perdão, posso te chamar assim?

Acenei que sim mas fiquei confuso. Saí do bar e fui até onde o Ramiro estava encostado numa árvore fingindo não me ver chegar.

- Ih Rams, que carinha é essa? - Falo ficando frente a frente com ele.

- Nada não, Kevin. - Ramiro suspira. - Mas quem é esse ai?

- Ah, é o Henrique, parece que ele vai passar um tempo na cidade a trabalho. Mas, por quê?

- Num posso mais saber com quem o meu amigo conversa? - Ele fala o "meu" com certa entoação e se vira.

- Ramiro, você ate que pode saber sim, porem não me controla porque eu sou livre. - Eu falo dando um gostinho de ciúmes no Ramiro.

Vejo ele ficar de cabeça baixa calado e pensativo por uns segundos, ao mesmo tempo vi que o Henrique vinha em minha direção. 

- Vim me despedir, obrigada, depois venho ver você, Kelzinho. - Ele faz um carinho no meu ombro.

Eu vi o Henrique se afastar e o Ramiro parecia estar triste e com raiva.

- Desculpa. - Ramiro fala seco e entra na caminhonete dele.

- Ramiro...

Ramiro nao ligou para eu chamando ele e deu partida, ele tava de cabeça quente entao era melhor deixar ele ir. Vi a caminhonete dele sumir do meu campo de visão e entrei de volta no bar, indo até o balcão onde a Luana estava.

- Que rostinho é esse, meu bem? - Luana fala tentando me consolar.

- Ah, sei lá. - Eu suspiro. - Tá tudo complicado, primeiro aquele homem chega de manhã do nada me dando apelidinho, tipo, não que eu não goste ou não que eu não queira, mas... estranhei, sabe? E o meu agroramsboy também, ele tem ciúmes mas não admite e fica sendo frio comigo como se eu fosse obrigado a entender tudo que ele sente sem ele explicar. Ramiro é complicado.

- Fico meio sem saber como te consolar agora... Esse rapaz de manhã, bom, vejo que isso não é o que mais te incomoda, e sim, o Ramiro. Sabe, eu gosto de ver vocês dois juntos e tudo mais, porém, ele só te faz sofrer, ele demonstra o que ele sente do jeitinho dele mas depois tudo aquilo que tá dentro dele vira uma confusão e ele não consegue mais colocar pra fora o que tá dentro dele. - Luana fala fazendo carinho no meu cabelo.

- Eu queria ter paciência mas eu não tenho o suficiente pra esperar até o Ramiro se entender. - Eu falo em um tom triste.

- Tenha paciência, Kelvin. Você vai me agradecer depois. - Ela falava em um tom que me acalmava.

A conversa ainda durou mais um tempo, depois fui ao meu quarto, tomei um banho e tirei um cochilo. A noite não foi tão interessante porque o Ramiro não veio, fiquei preocupado mas não mandei nenhuma mensagem, nem liguei. No dia seguinte, acordei no mesmo clima do dia anterior e resolvi que eu tinha que sair pra me distrair e fui até um lugar de certa forma "especial".





Simplesmente, 'ocê - KelmiroOnde histórias criam vida. Descubra agora