Corações partidos

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       RAMIRO.

Voltei pra casa logo após deixar Kelvin no bar, eu chorei tanto durante o caminho e após chegar em casa porque eu simplesmente magoei os sentimentos de quem eu mais amo e de quem mais me amava. Pedi folga ao patrão e ele deixou, também o patrão parece apaixonado e pessoas apaixonadas eram capazes de fazer qualquer coisa e não ligam para ninguém que fale deles, mas eu... eu estava apaixonado mas eu liguei mais para os outros do que para quem eu amava disse palavras duras e machuquei o coração do meu Kevin.

Dia era chuvoso, cidade parcialmente alagada. Não tinha cores embora eu gostasse da chuva, aquilo me atordoava, me sentia triste e cabisbaixa. Minha vontade na verdade era de ir no bar e ver como o Kelvin estava, claramente ele devia estar triste. Resolvi ir no bar no fim do dia como de costume.

Quando cheguei lá procurei Kelvin por toda parte mas nada de achar ele, então resolvi perguntar as meninas mas antes mesmo de eu abrir a boca elas já estavam com um olhar de como se fossem me matar.

- Opa. Cadê o Kevin? - Pergunto.

- Nem devia te falar mas ele tá doente, Ramiro. - Berenice fala.

- Cala boca, linguaruda. - Luana fala com raiva.

- Kevin tá doente? - Pergunto. - Eu... é... posso ver ele?

- Eu não devia deixar, mas vou te levar no quarto dele, vocês precisam conversar um pouquinho. - Luana responde.

Milhões de pensamentos me corroiam e um arrependimento me matava durante o caminho, um nervosismo tomou conta de mim. Quando Luana abriu a porta, vi o Kelvin deitado de costas para mim, enrolado com um lençol, encolhidinho como um bebê.

- Kelvin, o Ramiro tá aqui. - Luana fala baixinho.

Kelvin se virou para mim e vi uma palidez desconfortante em seu rosto e em seu olhar. Luana saiu e fechou a porta.

- Não esperava te ver tão cedo. - Kelvin fala rouco.

- Vim pedir desculpa por hoje mais cedo. Patrão me deu mais um diazinho de folga então vim aqui. - Falo me aproximando. - E como 'ocê tá?

- Tô bem é só um resfriado. E seu patrão só pode tá todo apaixonadinho pela Agatha pra te dar folga dois dias seguidos. - Kelvin se acomoda. - Pega o termômetro pra mim naquela caixinha em cima do guarda-roupa. - Ele aponta para a caixa.

Vou até o guarda-roupa e puxo uma caixinha branca de tamanho médio. 

- Essa? - Pergunto.

Ele consente e eu abro a caixa, vejo o termômetro e uma fotinha minha dentro da caixinha, fora umas outras coisas que eu não entendi e soltei um leve sorriso.

- Tá aqui o termômetro. - Eu levanto a mão mostrando o termômetro. 

Kelvin pegou o termômetro e colocou sob o braço para aferir a temperatura, ele parecia tão pálido esperando o termômetro indicar o grau da febre dele.

- 39.8. - Kelvin fala e coloca o termômetro no criado mudo.

- Isso é alto ou baixo? - Pergunto.

- Alto. Muito alto. - Ele diz.

- Num é bom 'ocê ir no hospital não, Kevin? - Falo preocupado. 

- Precisa não, vou só tomar um remédio e dormir. - Ele puxa uns comprimidos do criado mudo.

- Eu digo que é mió' 'ocê ir...

- Aí Ramiro, é só um resfriado. 

Aquele "é só um resfriado" fez um eco na minha cabeça já que Kelvin tava vermelho da febre mas ao mesmo tempo estava branco de palidez.

- Tá bão' então. - Digo. - Posso ficar aqui c'ocê? 

- Poder você pode, mas quero que você me explique o que aconteceu hoje mais cedo. - Ele fala com um biquinho.

Enquanto Kelvin falava lá estava Luana de novo no pé da porta parecendo que trazia uma outra pessoa, o perfume que exalava era forte que me deu um enjoo de início, até que vejo o rapaz que naquele dia chuvoso (hoje) chamou o Kelvin de "Kelzinho".

- Kelvin, Henrique veio te ver. - Luana fala com uma vozinha animada.

- Henrique... - Kelvin fala animado.

Eu observava a cena enquanto Henrique correu em direção ao Kelvin e deu um abraço, controlar minha vontade de quebrar a cara daquele macho era difícil. 

- Kelzinho... Você tá melhor? - Henrique sela um beijinho na testa de Kelvin.

- Uhum. - Kelvin acena com a cabeça que sim.

- Mas você tá ardendo em febre. - Henrique fala em tom de preocupação. 

- Fica tranquilo, tomei um remédio, só esperar a febre ceder.

Vi o Henrique observar os arredores e ver que eu estava lá, a expressão dele era feliz, mas se transformou em uma amarga em poucos segundos ao me ver. A forma que ele me olhava parecia que via todos os erros que já cometi na vida.

- Ramiro. - Henrique fala seco.

Resolvi ficar calado, se não era capaz de eu pegar aquele cabra pelo pescoço e torcer como uma roupa.

- Meio ignorante seu amigo. - Henrique sorri. - Ele é bem rústico. Não entendo como você gosta dele.

Kelvin ficou com uma cara séria, mas não parecia negar com o que Henrique dizia.

- Rams é um ótimo amigo. - Kelvin sorri.

Meu peito parecia que havia sido perfurado por balas, eu estava bem, mas me machucava saber que eu machuco o Kelvin e ele sei lá, parar de ter sentimentos por mim.

- É... Kevin' eu já vou indo. - Fala sem jeito.

- Ah não, Rams. Fica mais um pouco. - Kelvin implora.

- 'Ocê já tem companhia. - Falo seco.

Escutei o Henrique sorrir e fazer uma expressão competitiva para cima de mim. Resolvi me segurar, apenas saí daquele quarto e desci até o bar onde todo mundo parecia conversar assuntos importante.

- Que que foi que aconteceu aí? - Pergunto a Zeza.

- Nada demais. Apenas Nice que sumiu a um bom tempo e não param de telefonar chamando ela. - Zeza fala gesticulando. 

- Nice sumiu, é? - Pergunto.

Aquilo parecia ter dedo de certos acontecimentos que aconteceram, certeza que a patroa deve saber de algo.



Notas da autora:

Eis me aqui 2 semanas depois. Desculpa o sumiço, aconteceu muita coisa comigo nos últimos dias... uma amiga minha faleceu e fiquei sem cabeça para continuar o capítulo... então se algo novamente não estiver do agrado de vocês, desculpem... 


Bom... até a próxima. 


*Capítulo não revisado, sujeito a alterações para correção de ortografia ou gramática. 

Simplesmente, 'ocê - KelmiroOnde histórias criam vida. Descubra agora