RAMIRO
De um tempo para cá, eu estive planejando algo para o Kelvin, acho que ele pensa que eu esqueci que o aniversário dele vem chegando e para não ter suspeitas planejei para ser algo pelo menos uns 3 dias antes (menos no dia). No começo, não sabia o que fazer, qual presente escolher ou qual lugar levar, então pensei bastante até chegar a um ponto de pensar que nada seria bom o suficiente. Resolvi então planejar as coisas do meu jeito.
Kelvin demorou um tempo que parecia eterno para melhorar, ele foi no hospital outras vezes (dessa vez comigo) e o médico receitava uns remédios. Quando Kelvin melhorou marquei uma data para levar ele para passear comigo, pedi folga ao patrão e consegui deixar meu dia livre e comprei tudo o que eu precisava com antecedência.
No dia marcado cheguei ao bar cedinho para conseguir passar um tempinho sem fazer nada, provavelmente só proseando.
- Acha que o Kelvin vai gostar disso, ô Luana? - Pergunto nervoso.
- Ai se acalma, Ramiro. Kelvin vai amar. Ah não ser, se você fizer algo errado. - Luana retruca.
- É, né? Mas o Ramirinho aqui o que ele mais sabe fazer é algo errado. - Digo
- Ramiro, vai dar tudo certo, relaxa.
Eu tentei me acalmar e pensar que tudo daria certo, treinei uns exercícios de respiração que lembro que Kelvin me passou há uns meses e consegui relaxar. Vi começar uma baderna do lado de fora do Naitendei, tinha policiais do lado de fora do estabelecimento e pareciam vir com mandado de prisão. Marino examinou o local e me encarou durante poucos segundos.
- Ramiro Neves? - Marino fala sério.
- Eu mesmo. - Tento aumentar minha porte.
- Eu preciso que você me acompanhe até a delegacia. - Marino diz.
Escutei as pessoas do bar ficarem boquiabertas e fazerem cochichos, meu coração palpitou mais rápido e eu ia decepcionar o Kelvin com isso só que isso era maior que minha pessoa. Acenei que sim para o delegado e mandei avisarem ao Kelvin que eu tive imprevistos.
Chegando na delegacia me sentei na cadeira da sala do Marino e ele começou a me interrogar.
- Sempre tivemos suspeitas de você aos últimos casos de assassinatos em Nova Primavera. - Marino explica - o problema é que eu sei que você faz isso a mando do Doutor Antônio, eu poderia te livrar da pena da cadeia se você me falasse tudo que sabe, caso o contrário vai você e o seu patrão para a cadeia.
- Por que resolveu fazer essas perguntas pra mim? De mim 'ocê não vai receber nenhuma informação não, seu delegado. - Retruco.
- Isso pode piorar sua situação, Ramiro. - Marino fala com ênfase - Vou te dar um tempo pra pensar a respeito, venha quando quiser dizer tudo o que você sabe, vou estar esperando você. Pode ir.
- Obrigado, seu delegado. - Falo e me retiro da sala.
Aquilo me preocupou, eu queria falar tudo, só que se eu falasse o patrão iria me matar, com certeza. Não era hora de me preocupar com aquilo, voltei para o bar e Kelvin estava lá de prontidão esperando por mim.
- Rams, como é que você marca algo comigo e vai embora? - Kelvin discute - Mas fiquei sabendo que o delegado te levou pra depor sobre algo aí, o que você fez agora?
- Desculpa aí, num é que eu tenha feito algo, só que 'ocê sabe que eu num sou uma pessoa muito certa. - Digo - Mandaram eu falar tudo o que o patrão já fez, mas eu num quero dizer nada sobre o patrão, respeito ele demais e é como se eu tivesse mandando meu pai pra prisão.
- Ai Ramiro! Para de tratar esse homem como seu pai, ele te trata mau pra caramba e você ainda considera ele assim. Diz tudo que ele já fez pro Marino, coloca ele na prisão. - Kelvin responde.
- Num é uma boa ideia não, Kevin. Ele é como o pai que eu nunca tive. - Abaixo a cabeça - Mas bora, Kevin. Entra no carro. - Aponto pro carro.
Entramos no carro e tive a mesma dificuldade de sempre: fechar a porta. Já tentei arrumar esse problema, mas nada funciona, quando eu tiver dinheiro quero levar minha caminhonete em um mecânico, não pra ver só a porta, o motor também as vezes dá de não querer funcionar.
Eu estava um pouco nervoso, primeiro porque eu não quero levar ele exatamente para um local especial, só quero transformar esse dia em especial. Já estávamos quase fora da cidade, Kelvin ficava um pouco inquieto, ele queria porque queria saber onde eu estava levando ele.
- Você não tá me sequestrando, não né? - Kelvin brinca.
- Não. - Falo seco e Kelvin se fecha.
Chegamos em uma montanha, que tinha uma parte mais plana no pico e havia uma visão linda lá de cima.
- Desce do carro. Vamos subir a pé. - Digo.
- Ramiro. - Kelvin fala sério - Você me traz em um lugar que era para ser especial e ainda me obriga a andar? Só posso ter atirado pedra na cruz.
- Para de moleza no corpo, vamo' subir. - Falo dessa vez animado.
Pego uma cesta e uma bolsa do banco de trás da caminhonete. Começamos a andar, o caminho era longo e no meio do caminho Kelvin já estava quase morrendo, ele tinha que parar com esse sedentarismo.
- O Kevin. - Chamo - 'Ocê tá cansado? Pega água. - Ofereço uma garrafa.
- Mais ou menos e obrigado. - Ele fala um pouco sem voz.
Chegamos no pico da montanha um pouco tarde, o sol ainda demoraria um pouco para se pôr, então daria para comermos em paz. Coloquei uma toalha no chão e distribui a comida entre nós. Conseguíamos ver um rio lá na visão de baixo, árvores verdes e havia um arco-íris no céu por algum motivo, o céu começava a ficar avermelhado ou rosado e do outro lado, no horizonte conseguíamos ver um céu mais azul escuro.
- A visão daqui realmente é muito linda, Rams. - Kelvin mostra as covinhas - E a companhia também.
Kelvin sabia como me deixar sem jeito. Acho que meu rosto deve ter avermelhado embora eu já tivesse uma pele mais escura principalmente pelo sol. Só soltei um sorrisinho sincero. A companhia do Kelvin me trazia uma paz, ele é uma pessoa agitada, que sorri, dança e brinca, mas eu conheci o lado dele mais calmo, mais sincero, mais apaixonado e o mais apaixonante. Kelvin é incrível do jeitinho que ele é, protegeria ele de qualquer coisa no mundo e de qualquer pessoa, porque ele é a coisa mais importante e linda do mundo pra mim e com a natureza que nos rondava naquele momento, o brilho no rosto dele naquele pôr do sol, aqueles olhinhos começando a ter a pupila dilatada ao me ver, me deixava apaixonado por ele. Me aproximei devagarzinho dele e puxei a bolsa que eu carregava.
- Kevin, eu trouxe meu celular. - Puxo o celular da bolsa - Eu quero tirar uma foto c'ocê. Isso é mei' do nada, mas eu quero.
Ele sorri e confirma, pega o meu celular e abre a câmera, apontou para a posição que melhor nos encaixava e sorrimos, Kelvin tirou a foto e ficou a coisinha mais fofa.
- Esse dia tá sendo bom demais pra ser verdade. - Kelvin diz e encara o pôr do sol.
- Eu sei. - Sorrio - Tenho medo de tá sonhando c'ocê de novo. Mas esse dia vai melhorar um pouquinho mais.
Seguro o queixo dele e viro o rosto dele para mim, encaro aqueles olhinhos brilhantes, sorrio e vejo o Kelvin começar a ficar vermelho, meu coração acelerava, me aproximei devagarzinho e selei um beijo nele. Meus olhos se fecharam para aproveitar melhor as sensações que o ambiente e o amor me trazia. Beijar os lábios dele era um sonho que eu tinha a muito tempo, só que eu neguei isso até no sonhos, agora a única coisa que eu não queria era acordar. Segurei o pescoço dele de leve para apimentar o beijo, dessa vez, eu queria que isso se tornasse algo a mais, algo que eu neguei durante muito tempo, mas eu, Ramiro Neves, só quero amar o Kelvin.
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Simplesmente, 'ocê - Kelmiro
Roman d'amour"Quando vi, eu já estava apaixonado." Como quase todos os casais, Kelvin e Ramiro enfrentavam problemas entre eles, ao certo eles nem eram um casal pois não namoravam, mas sabiam que um era do outro. Com vários conflitos Ramiro e Kelvin acabam entra...